Apesar do descontentamento dos jovens sul-africanos e de uma série de escândalos de corrupção, o ANC mantém, assim, a maioria no parlamento da África do Sul. O que deverá garantir que Cyril Ramaphosa se mantenha na Presidência do país, cumprindo o seu primeiro mandato como Presidente eleito (Ramaphosa chegou ao poder, após a destituição de Jacob Zuma).
Pior resultado de sempre
No entanto, e apesar de ter ganho, este foi o pior resultado do ANC em eleições. Na votação de 2014, realizada antes de rebentarem os escândalos de corrupção – que levaram à demissão de Jacob Zuma – o ANC tinha obtido 62 por cento dos votos. Uma realidade que fica a dever-se, disse o secretário-geral do partido, Ace Magashule, ao número elevado de partidos na corrida eleitoral.
"Participaram quarenta e oito partidos. O que se deveria esperar? O importante a reter é que a marca ANC é ainda a marca do povo da África do Sul", declarou.
Também a afluência às urnas fez história pelas piores razões. Desceu de 74 por cento em 2014 para 65,61 por cento, a mais baixa registada até à data no país.
Oposição sai reforçada
Os resultados já apurados consolidam a Aliança Democrática (AD) como o segundo maior partido do país, apesar de ter angariado menos votos do que em 2014. Nas eleições de quarta-feira (08 de maio), a AD conseguiu 20,7 por cento dos votos, o que representa uma queda de dois pontos percentuais face ao último escrutínio.
"Um dia este país entrará numa era pós-movimentos de libertação", afirmou o líder da Aliança Democrática, Mmusi Maimane, à imprensa, dizendo-se "orgulhoso de ter assegurado o centro contra o nacionalismo, o populismo e as trincheiras raciais".
Já o partido Lutadores pela Liberdade Económica (EFF, na sigla em ingles) melhorou a sua expressão no país. Nestas eleições, o partido fundado há seis anos, por Julius Malema, obteve 10,7 por cento dos votos, um aumento de 4 por cento em relação a 2014.
Irregularidades
Um grupo de 35 partidos menores apresentou uma queixa à comissão eleitoral na sexta-feira (10 de maio), alegando irregularidades e pedindo uma auditoria da votação.
Denúncias que surgem depois de, na quinta-feira (09 de maio), a imprensa local ter dado conta que mais de 20 pessoas haviam sido presas por votar duas vezes. A comissão disse aos jornalistas que iria investigar potenciais falhas no sistema de votação.
Cerca de 28 milhões de eleitores foram chamados a decidir nas urnas, pela sexta vez desde o fim do "apartheid" em 1994, o futuro político da África do Sul, após uma década de fraco crescimento económico, aumento da corrupção no Estado e tensões raciais.
As eleições para uma nova Assembleia Nacional e nove legislaturas provinciais são as mais contestadas na África do Sul e tidas como barómetro da liderança do Congresso Nacional Africano, do Presidente Cyril Ramaphosa que substituiu em fevereiro de 2018 Jacob Zuma. (DW)