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quinta-feira, 01 agosto 2019 06:52

Estado geral da Nação : Oposição questiona postura de Nyusi em relação às “dívidas ocultas”

Os porta-vozes das bancadas parlamentares do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Renamo afirmam que o Informe do Presidente da República sobre o Estado Geral da Nação, apresentado nesta quarta-feira (31 de Julho), na Assembleia da República, não fez menção à “mega fraude”, que são consideradas as “dívidas ocultas”. Segundo Muhammad Yassine, porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, “o Presidente da República ignorou o assunto do cidadão Manuel Chang” e “não abordou o assunto das ‘dívidas ocultas’ que está a ofuscar a vida dos moçambicanos”.

 

 

Para Muhammad Yassine, o discurso de Filipe Nyusi só alegra o seu partido e não a maior parte dos moçambicanos. Acrescentando, o porta-voz da “Perdiz” disse que a maior parte do Informe apresentado pelo PR não correspondeu à verdade e este pecou ao falar de perspectivas para o futuro, numa altura em que se encontra no final do mandato, facto que faria sentido se estivesse no meio do mandato. A fonte afirmou ainda que a única coisa positiva foi o facto de o Governo ter vergado diante da pressão da Renamo, no processo da pacificação do país.

 

Alinhando na mesma perspectiva, Fernando Bismarque, porta-voz da bancada parlamentar do MDM, disse: “o Presidente não falou das ‘dívidas ocultas’, passou de lado do assunto da corrupção”. Para Bismarque, o país enfrenta ainda grandes desafios, entre os quais, a falta de medicamentos nos hospitais, o desemprego e a criminalidade. Lembrou ainda que foi neste quinquénio que se instaurou a perseguição e aniquilamento de académicos e analistas críticos ao regime, como foi o caso de Gilles Cistac, Jaime Macuane e outros.

 

De acordo com Bismarque, a situação do país “não inspira confiança, devido à corrupção exacerbada e, para que haja esperança, é importante que se elimine a corrupção”. Mais adiante, o porta-voz do MDM disse que, apesar dos avanços no diálogo, “é problemático falar da paz, enquanto existem moçambicanos que estão a morrer”, fazendo referência aos ataques que se verificam na província de Cabo Delgado.

 

O político reconheceu que o “Acordo Definitivo de Cessação das Hostilidades”, a ser assinado hoje, na Serra da Gorongosa, e o enquadramento dos homens residuais da Renamo nas forças policiais “constituem um sinal positivo”, mas “não basta”.

 

Entendimento diferente tem Edmundo Galiza Matos Jr., porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, que afirma que o Informe de Filipe Nyusi abrangeu todas as áreas e que o mesmo “é o melhor de todos até aqui apresentados”. Para Galiza Matos Jr., os cinco anos de Governação de Filipe Nyusi “foram bons, de muitos desafios e de realizações, mesmo que algumas coisas não tenham sido materializadas”.

 

Segundo Galiza Matos Jr., o assunto “Manuel Chang” foi abordado, mas “no sentido de que os órgãos da administração devem trabalhar para que a situação se esclareça”, incluindo-se, neste ponto, de acordo com a fonte, também todos os actores que estiveram por detrás do caso que levou o país à falência.

 

O porta-voz da bancada parlamentar da Frelimo, que viu seu nome excluído da próxima legislatura, entende ainda que o caso precisa ser esclarecido para que situações iguais não voltem a acontecer no país. “O Estado Geral da Nação inspira confiança porque estamos no país abençoado, onde existem vários recursos humanos e naturais, que irão alavancar o desenvolvimento do país nos próximos anos”, sentenciou.(Omardine Omar)

 

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