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sexta-feira, 23 agosto 2019 03:17

Padre acusa Comunidade de Santo Egídio de fazer papa visitar Moçambique em campanha eleitoral

O padre diocesano José Luzia, da província moçambicana de Nampula, acusou hoje a Comunidade de Santo Egídio de ter influenciado a favor da visita ao país do Papa Francisco em plena campanha eleitoral, criando condições para beneficiar a Frelimo.

 

O Papa Francisco vai visitar Moçambique de 04 a 06 de setembro, três dias após o início da campanha para as eleições gerais de 15 de outubro.

 

 

Em declarações hoje aos jornalistas, à margem da conferência "Igreja em Moçambique: ontem e hoje", realizada em Maputo, José Luzia criticou o contexto de campanha eleitoral em que vai decorrer a visita do líder da Igreja Católica, acusando a Comunidade de Santo Egídio de ter exercido influência para a deslocação de Francisco a Maputo em plena "caça ao voto".

 

A Comunidade de Santo Egídio é uma organização católica fundada em 1968 por Andrea Riccardi com vocação para causas humanitárias e promoção da paz.

 

Andrea Riccardi foi um dos mediadores do Acordo Geral de Paz de Roma, assinado em 1992 pelo então Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, e o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, para encerrar 16 anos de guerra civil.

 

"Não se percebe como é que a Comunidade de Santo Egídio manobrou durante dois anos para trazer o papa exatamente dentro de uma campanha eleitoral", declarou José Luzia.

 

O sacerdote considera que o partido no poder, Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), vai tentar tirar proveito da visita do papa na campanha eleitoral.

 

"É óbvio que toda a gente sabe que o partido Frelimo, em princípio, é o grande beneficiário da visita em tempo de campanha eleitoral", frisou.

 

Os bispos moçambicanos não gostariam que o Papa Francisco visitasse o país nesta altura, mas vão receber o chefe da Igreja Católica, porque "merece ser bem recebido", prosseguiu.

 

"É evidente que o entusiasmo que o Papa Francisco desencadeia em todo o mundo levou-nos a todos a embarcar com todo o entusiasmo. Do mal, o menos, para nós o importante é o papa", acrescentou.

 

José Luzia disse acreditar que a verticalidade de Francisco tornará a sua visita num ganho para todos os moçambicanos, apesar do aproveitamento político que será feito da sua presença em Maputo.

 

Aquele padre não explicou as razões que podem estar por detrás da influência da Comunidade de Santo Egídio na visita do papa a Moçambique, em plena campanha eleitoral.

 

A agência Lusa ainda não conseguiu ouvir a posição da Comunidade de Santo Egídio nem da Frelimo sobre as alegações de José Luzia. (Lusa)

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