“Ossufo Momade, presidente da Renamo, é quem está a ordenar os ataques”. Foi com estas palavras que o Presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, o Major General Mariano Nhongo, reagiu, na tarde desta terça-feira, quando instado a se pronunciar sobre os ataques a alvos civis na região centro do país.
Em conversa telefónica com “Carta”, no final da tarde de ontem, Nhongo disse não ter dúvidas de que Ossufo Momade, Presidente da Renamo, é quem está a orquestrar e ordenar os ataques naquele ponto do país, isto porque o presidente da Renamo, na sua óptica, é um “traidor”.
Nhongo avançou que não havia qualquer possibilidade de ser a Junta Militar da Renamo a autora moral e material dos ataques porque, até hoje, está comprometida em encontrar, em conjunto com o Governo, uma solução para o que chamou de “verdadeiro braço armado da Renamo”. Nisto, disse ao nosso jornal que na próxima segunda-feira (16) vai enviar uma carta, usando os canais apropriados, para o Governo de Filipe Nyusi, na qual estarão vertidas aquelas que são as principais preocupações do grupo.
O Major Geral defende com “unhas” e “dentes” que Ossufo Momade é responsável pelos ataques por este ser, tal como disse, um “traidor” e que está a proceder naqueles moldes para que a responsabilidade seja imputada à Junta Militar, isto porque ela se opõe de forma aberta e frontal à sua liderança.
Nhongo disse que Ossufo Momade não só traiu a Renamo como também os entendimentos que o líder histórico do partido, Afonso Dhlakama, conseguiu estabelecer com o actual Presidente da República, Filipe Nyusi, no âmbito do diálogo político e hoje está a atentar contra um acordo de paz que ele próprio rubricou.
Até ao momento foram registados três ataques e o denominador comum é que os autores ainda não foram identificados. O primeiro ocorreu na noite de 1 de Agosto passado no posto administrativo de Nhamadzi, norte da Gorongosa, em que uma pessoa foi baleada no braço. O segundo ocorreu em meados do mesmo mês (Agosto) e foi visada uma ambulância que transportava membros da Frelimo que viajavam da Gorongosa ao norte de Marínguè. O mais recente é datado de 4 de Setembro corrente, quando quatro veículos foram alvos de disparos nas proximidades do Rio Púnguè, na fronteira entre os distritos da Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.
“A junta militar não está a atacar a população. Nós não queremos guerra. Nós queremos viver em paz. São os homens de Ossufo Momade. O Ossufo é que está a criar essa confusão para as pessoas pensarem que é a Junta Militar que está a atacar. Sr, jornalista, Ossufo é um traidor. Traiu a Renamo e os consensos que o presidente Dhlakama alcançou com Filipe Nyusi”, atirou Nhongo.
Mariano Nhongo contou ao nosso jornal que após a realização da conferência, em que foi indigitado por unanimidade e aclamação presidente da auto-proclamada Junta Militar da Renamo não vive os melhores dias. Diz que ele (Nhongo) e seus apoiantes estão sendo caçados pelos homens leais a Ossufo Momade. Neste momento, tal como disse, encontra-se na região de Piro, na Gorongosa.
“Ossufo Momade mandou seus homens para me matar. O Fumo foi sequestrado pelos homens de Ossufo. Ele está a perseguir as pessoas”, atirou Nhongo. (Ilódio Bata)