A campanha eleitoral rumo às Eleições de 15 de Outubro próximo arrancou, oficialmente, à escala nacional, a hora zero do dia 31 de Agosto último e, no passado domingo (29), totalizaram-se os precisos 30 dias. Faltam, de acordo com um calendário facultado pelos órgãos eleitorais, a contar a partir desta terça-feira (01 de Outubro), 11 dias para o término da campanha eleitoral.
Na edição de hoje, “Carta” traz aquele que, mais ou menos, foi o percurso dos três principais candidatos, nomeadamente Filipe Nyusi (Frelimo), Ossufo Momade (Renamo) e Daviz Simango, a inquilinos da Ponta Vermelha, nos últimos 31 dias. A descrição toma em consideração as províncias escaladas, bem como os momentos que marcaram o trajecto dos três principais candidatos.
Nyusi já escalou oito províncias
Filipe Nyusi, candidato da Frelimo e que concorre à sua própria sucessão, iniciou a campanha eleitoral, precisamente, no sábado, 31 de Agosto. O palco escolhido para o pontapé de saída foi a província de Sofala, concretamente, na cidade da Beira, no caldeirão do Chiveve.
Ainda naquela província, Filipe Nyusi escalou os distritos de Búzi, Gorongosa, Caia, Marromeu e Nhamatanda. Depois de Sofala, Nyusi seguiu para a província da Zambézia, tendo a porta de entrada sido a cidade de Quelimane. Naquela que é conhecida como a província de muito pouca simpatia para com o partido no poder, o candidato da Frelimo escalou os distritos de Nicoadala, Mocuba, Gurúè, Milange e Alto Molócuè, tendo neste último distrito abordado, pela primeira vez, por via de uma comunicação à Nação, a questão da Xenofobia na vizinha África do Sul.
A província de Nampula foi o ponto seguinte. Aqui percorreu Malema e Ribáuè para desaguar na cidade de Nampula. No centro da cidade, concretamente no campo 25 de Junho, orientou um mega Showmício, que terminou em tragédia. À saída do evento, de acordo com os dados oficiais, 10 membros e simpatizantes do partido Frelimo perderam a vida, depois de terem sido pisoteados quando pretendiam sair pelo único portão aberto daquela infra-estrutura desportiva.
Ainda em Nampula, o candidato da Frelimo escalou os distritos de Mugovolas, Angoche, Mossuril, Monapo e Nacala-Porto.
De seguida, o actual Chefe de Estado escalou a sua terra natal, Cabo Delgado, actualmente “tomada” por indivíduos ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo. Nesta província, Nyusi escalou os distritos Chiúre, Namuno, Mueda, Montepuez e Pemba. Depois, seguiu para a província mais extensa do país, Niassa, onde “vendeu” as suas ideias nos distritos de Cuamba, Lichinga, Mecanhelas e Marrupa.
Do norte do país, o candidato iniciou a descida, tendo, na sequência, feito uma escala na província de Tete, região centro do país. Nesta província, a campanha do candidato da Frelimo voltou a ser, novamente, manchada de sangue. De acordo com as estatísticas oficiais, cinco membros e simpatizantes da Frelimo perderam a vida quando regressavam de um comício orientado por Filipe Nyusi, na vila de Songo, distrito de Cahora Bassa. Em Tete, Filipe Nyusi escalou, igualmente, os distritos de Chiúta, Angónia, Moatize e Cidade de Tete.
Ainda na região centro, o candidato da Frelimo entrou para a província de Manica, no caso a última província da região (visto que já visitara Zambézia e Sofala), antes de descer para a zona sul do país. Aqui, Filipe Nyusi fez campanha nos distritos de Vanduzi, Chimoio, Bárue, Manica, Sussundenga e Gondola.
No passado dia 29 de Setembro, o candidato da Frelimo entrou para a região sul, tendo a província de Inhambane sido o ponto de entrada. Nyusi orientou um comício nos distritos de Vilanculos e ontem (30) em Massinga, Morrumbene e Zavala.
Em todas as províncias, Nyusi promete emprego para a juventude, acabar com a corrupção, diversificar a economia, através das receitas do gás do Rovuma, assim como melhorar as vias de comunicação.
Até ao fecho desta campanha eleitoral, o actual Presidente da República irá escalar ainda as províncias de Gaza, Maputo e Maputo Cidade.
Ossufo Momade percorreu a metade do país
O candidato da Renamo, Ossufo Momade, iniciou a campanha precisamente no dia 02 de Setembro, dois dias depois da data convencionada para o arranque oficial da maratona do namoro ao eleitorado. O ponto escolhido para o início dos trabalhos foi a província de Maputo, concretamente na cidade da Matola.
Depois da cidade da Matola, Ossufo Momade e sua comitiva escalaram os distritos de Boane, Marracuene e Manhiça. Da província de Maputo, região sul, Momade subiu para o centro do país e foi, praticamente, “fixar residência” na província da Zambézia, tendo nela permanecido por mais de dez dias.
Na Zambézia, o Presidente da Renamo escalou os distritos de Milange, Quelimane, Morrumbala, Namacurra, Alto-Molócuè, Gilé, Pebane e Gurúè. Do centro do país, Momade seguiu para a região norte, tendo escolhido a província do Niassa como o ponto de entrada. No Niassa, o líder da “Perdiz” escalou os distritos do Lago, Sanga, Mandimba, Cuamba, Lichinga e Mecanhelas.
Salta à vista o facto de Momade não ter escalado, na região norte, as províncias de Nampula (onde se acredita que será feito o encerramento da campanha) e Cabo Delgado (que terá visitado durante a pré-campanha).
Depois de palmilhar Niassa, Ossufo Momade desceu para o centro do país. Nesta região, escalou a província de Tete, onde fez campanha nos distritos de Angónia, Tsangano, Cidade de Tete e Moatize.
Ontem, Ossufo Momade entrou para a província de Inhambane, tendo escalado os distritos de Vilanculos e Massinga.
Em todas as províncias, Ossufo Momade promete também melhorar a rede viária nacional, melhorar a qualidade de ensino, aumentar os salários, criar mais emprego para os jovens e, claro, combater a corrupção.
Até ao próximo dia 12 de Outubro, o candidato da Renamo figura como quem ainda tem um longo caminho por percorrer, faltando escalar as províncias de Gaza, Sofala, Manica, Nampula e Cabo Delgado.
Daviz Simango por escalar quatro províncias
Daviz Simango, presidente da terceira maior força política do xadrez político nacional, Movimento Democrático de Moçambique, iniciou a campanha eleitoral no dia 01 de Setembro, um dia depois do arranque oficial. A província da Zambézia, concretamente o distrito de Gurúè foi o local escolhido para o lançamento.
Na Zambézia, Daviz Simango palmilhou os distritos de Mocuba, Namacurra, Nicoadala, Milange, Molumbo, Pebane e Quelimane. Da Zambézia seguiu para a província de Nampula. Aqui escalou os distritos de Nacala-Porto, cidade de Nampula, Mecubúri, Moma, Larde, Angoche, Mugovolas, Liúpo, Mogincual, Monapo, Ilha de Moçambique, Mussuril, Memba, Nacala-à-Velha, Meconta, Ribáuè, Lalaua e Malema.
Cabo Delgado foi o destino seguinte. Nesta província, Daviz Simango escalou os distritos de Balama, Montepuez, Ancuabe, Pemba e Mecúfi. Seguidamente, o candidato do MDM virou os canos para a província do Niassa. Neste ponto do país, Simango escalou os distritos de Mecanhelas, Marrupa, Ngaúma, Maua, Metarica, Cuamba e Lichinga.
Depois seguiu para o centro do país, onde escalou as províncias de Tete e Manica, depois de uma passagem (em trânsito) pela província de Sofala, sua terra natal. Em Tete, Simango escalou os distritos de Moatize, Angónia e a Cidade de Tete.
Em Manica, escalou o distrito de Guro, enquanto em Sofala esteve nos distritos de Caia e Marromeu. O candidato do MDM, que concorre pela terceira vez consecutiva à Presidência da República, escalou ainda a província de Gaza, concretamente os distritos de Chigubo e Mandlakazi e as cidades de Xai-Xai e Chókwè. Como nos outros anos, Simango e sua comitiva foram impedidos de fazer campanha eleitoral por membros do partido Frelimo sobre um olhar impávido da Polícia, para além de um silêncio ensurdecedor da liderança máxima da Frelimo.
Em todos os pontos por si escalados, Simango promete tornar Moçambique para todos, garantindo maior inclusão, melhoria na qualidade dos serviços sociais básicos e, para não variar, lutar contra a corrupção.
Até ao fecho da campanha eleitoral, o candidato do MDM ainda tem por escalar as províncias de Maputo, Maputo Cidade, Inhambane e Sofala, onde irá encerrar a sua maratona de caça ao voto. (Carta)