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quinta-feira, 24 outubro 2019 06:03

Assassinato de Anastácio Matavel: a estranha “amizade” entre o Comandante e os assassinos

Ao que tudo indica, Tudelo Guirrugo, Comandante do Grupo de Operações Especiais (GOE), da Polícia da República de Moçambique (PRM), na província de Gaza, parece ser peça-chave da operação que levou ao assassinato do activista social Anastácio Matavel, então director do Fórum das Organizações Não-Governamentais de Gaza (FONGA), no passado dia 07 de Outubro, na cidade de Xai-Xai, província de Gaza.

 

Aliás, durante a audição com o juiz de instrução, Euclídio Mapulasse terá dito, soube “Carta”, que a ordem para “tirar de circulação” Anastácio Matavel foi emanada pelo Comandante do GOE, em Gaza, no dia 19 de Setembro último, que, actualmente, encontra-se suspenso por ordens expressas do Comandante Geral da PRM, Bernardino Rafael, dias depois do sucedido.

 

 

Para além de suspender Guirrugo, Bernardino Rafael afastou o Comandante da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) também em Gaza, Alfredo Macuácua. É de notar que, na sequência do assassinato de Matavel, o Comandante Geral instruiu a criação de uma Comissão de Inquérito, que, a princípio, deve tornar público o relatório “pormenorizado” no dia 28 do corrente mês, isto tendo em conta o prazo de 15 dias (úteis) que fora estabelecido.

 

A rede social Facebook revela um pouco da relação de proximidade entre o Comandante do GOE, em Gaza, e os assassinos, nomeadamente, Agapito Aberto Matavel, Edson Silica, Euclídio Mapulasse, Nóbrega Chaúque e Francisco William.

 

 

Para já, mais do que ser superior hierárquico dos cinco agentes, Tudelo Guirrugo é amigo “virtual” de todos eles. “Carta” visitou a conta na rede social Facebook dos cinco agentes e a amizade em comum é mesmo o Comandante do GOE, ora suspenso. É de salientar que o Comandante do GOE possui, na rede social em referência, três contas, actualmente, activas.

 

Tudelo Guirrugo é amigo virtual de Edson Silica (natural de Xai-Xai), de Euclídio Mapulasse (Inharrime), de Nóbrega Chaúque (Chibuto), de Martins William (Xai-Xai) e de Agapito Matavel (Chókwè).

 

Para o caso dos agentes, é de notar também o facto de estarem conectados também naquela rede social. Euclídio Mapulasse, por exemplo, é amigo de Edson Silica, Agapito Matavel e de Martins William. Por seu turno, Nóbrega Chaúque é amigo de Agapito Matavel e Martins William. Agapito Matavel, na rede social Facebook, pelo menos na conta visitada pela “Carta”, é amigo de Edson Silica, Nóbrega Chaúque e Euclídio Mapulasse.

 

É de notar, igualmente, na rápida pesquisa feita pelo nosso jornal às contas no Facebook, a vida faustosa que o tridente Tudelo Guirrugo, Edson Silica e Euclídio Mapulasse levava. Aliás, Edson Silica e Euclídio Mapulasse são amigos de longa data. Nas várias imagens que constam da conta de Edson Silica, o tridente aparece sempre em mesas fartas (cervejas, whisky e refeição), na verdade, um autêntico “regabofe”.

 

Barracas e praias é o denominador comum nas fotografias constantes das contas, ao que tudo indica, oficiais do tridente. A tripla (Guirrugo, Silica e Mapulasse) partilha ainda na mesma rede algumas imagens de locais por eles escalados, alegadamente em “Missão de Serviço”. As províncias de Sofala, Manica, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado são as que, com mais frequência, aparecem nas legendas das referidas fotografias.

 

Entretanto…

 

Continua foragido Agapito Alberto Matavel, agente da PRM afecto à UIR, quinto elemento do “gang” que, à queima-roupa, tirou a vida do activista social Anastácio Matavel.

 

 

Lembre-se que o então director do FONGA foi crivado de balas por volta das 11 horas e 30 minutos, na zona de Mocita, no bairro Inhamissa, quando regressava de uma agenda laboral, no passado dia 07 de Outubro. Matavel foi metralhado no interior da sua viatura de marca Isuzu com chapa de inscrição AAH 913, quando fazia o trajecto Praia de Xai-Xai ao cruzamento com a Estrada Nacional Número Um (EN1), na província de Gaza.

 

Na semana passada, o juiz de Instrução Criminal do Tribunal da província de Gaza emitiu um mandato de captura contra Agapito Alberto Matavel, que se pôs em fuga após, juntamente com seus comparsas, executar Anastácio Matavel, que se notabilizou como um crítico contra a depredação dos recursos florestais.

 

Ainda na semana em alusão, o mesmo juiz legalizou a prisão de Edson Silica e de Euclídio Mapulasse. Os outros dois agentes, sabe-se, perderam a vida no aparatoso acidente de viação em que se envolveram, isto instantes depois de terem assassinado Anastácio Matavel.

 

O que se diz é que o assassinato de Anastácio Matavel teria sido ordenado no passado dia 19 de Setembro por figuras com ligações ao Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique na província de Gaza, conhecida pela devoção ao partido no poder, a Frelimo. (Carta)

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