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segunda-feira, 11 novembro 2019 06:04

Carta ao Leitor: Reconstrução pós-ciclone na Beira está “num bom ritmo,” diz o Eng. Francisco Pereira, mas...

Na sexta-feira passada, “Carta” escreveu que o Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone na Beira estava ainda sem fundos para trabalhar. O essencial do artigo foi escrito a partir de uma entrevista com o Eng. Francisco Pereira, que dirige o Gabinete. O artigo foi mal interpretado nalguns círculos da opinião pública. Um cidadão de nome Ricardo Santos, através da sua página no Facebook, usou o artigo para desqualificar o jornalismo de “Carta”.

 

Ele alegou, no meio de insultos, que o título do artigo não condizia com o seu conteúdo. A linguagem vexatória de Ricardo Santos teve poucos aderentes. A maioria dos comentários à sua crítica foram-lhe desfavoráveis. Grosso modo, seus “amigos”, entre os quais alguns leitores de “Carta”, saíram em defesa do nosso jornal.

 

Mas, no meio do calor do pseudo-debate no Facebook, surgiu um comentário do Eng. Francisco Pereira, pessoa por quem nutrimos todo o respeito, dizendo que o jornal tinha sido infiel às suas declarações na entrevista. Eis, na seguinte passagem entre aspas, tudo o que ele escreveu (com alguma edição nossa para tornar o texto mais intelegível):

 

“Como li alguns comentários que nada têm a ver com a realidade, e com algumas insinuações gratuitas, sinto-me na obrigação de prestar alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, é intenção do artigo dar uma nota negativa ao processo de reconstrução, quando é exactamente o contrário. Passados menos de 6 meses da Conferência de Doadores de Beira, estão em curso actividades de emergência que ultrapassam em valor mais de 60 milhões de USD em estradas, águas, agricultura, meteorologia, educação, saúde entre outros.

 

Os projectos mais complexos, que exigem estudos prévios de impacto social e ambiental, e projectos executivos detalhados (projectos como protecção costeira, drenagem da Beira, pontes e estradas revestidas), como expliquei à jornalista da ‘Carta’ pelo telefone, ficarão concluídos em princípio até meados de 2020, podendo os concursos para as obras serem lançados à medida que os projectos forem aprovados, não pelos Doadores, mas pelo Estado e Tribunal Administrativo. Da minha experiência de largos anos de trabalho com agências internacionais de financiamento é normal (os projectos) demorarem entre 1,5 a 2 anos para serem aceites para financiamento, e, por isso, repito que contrariamente ao que se pretendeu dar a entender, não estamos atrasados, mas num bom ritmo."

 

O artigo em causa foi preparado pela jornalista Marta Afonso e editado pelo Coordenador de Redacção de “Carta”, Abílio Maolela. Ao deparar-se com os comentários do Eng. Francisco Pereira, Abílio Maolela explicou o seguinte:

 

 “Acompanhei uma parte da conversa entre o Eng. Pereira e a Marta Afonso, e em nenhum momento o Eng. fez referência aos tipos de projectos em curso e muito menos aos que estão em elaboração. Disse apenas que 'os projectos' estão a cargo dos ministérios e não sabia quando seriam concluídos. Perante a insistência de Marta Afonso, Francisco Pereira disse que, provavelmente, 'os projectos' seriam concluídos entre o I e II Trimestre de 2020. Disse também que os valores prometidos durante a conferência estavam dependentes desses projectos. Portanto, da conversa que acompanhei e do que Marta Afonso escreveu e pude ler e editar não encontro nenhuma inverdade". 

 

Por outras palavras, na conversa com a jornalista Marta Afonso, o Eng. Pereira nunca fez a distinção de “obras de emergência em curso” e “projectos complexos”. Ele apenas se referiu a “projectos a cargo dos ministérios e com conclusão apenas no próximo ano”. 

A intenção de “Carta” era aferir sobre o estágio da reconstrução na Beira, mas Francisco Pereira ateve-se a falar apenas de “projectos a cargo de ministérios”, que seriam concluídos no próximo ano. Ele nunca mencionou as referidas “actividades de emergência” que ascendem os 60 milhões de USD.

 

“Carta” considera que o artigo de Marta Afonso foi fiel à entrevista com Francisco Pereira e lamenta que o Engenheiro não tenha sido assertivo no diálogo com a jornalista, para depois vir a correr e desmentir o jornal por via de comentário a um ”post” maledicente no Facebook, quando podia solicitar à “Carta” uma oportunidade para clarificação de eventuais imprecisões do artigo, para o benefício da verdade e dos leitores do jornal.

 

 Seja como for, “Carta” congratula Francisco Pereira pelo facto de a reconstrução pós-ciclone na Beira estar “num bom ritmo”. E oferece sua disponibilidade para, com meios próprios, enviar um jornalista à Beira para testemunhar o curso das referidas "obras de emergência que ascendem os 60 milhões de UDS". Podemos?

 

O editor, Marcelo Mosse

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