Ndambi Guebuza, filho do antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza, terá recebido entre 50 a 60 milhões de dólares, segundo outras testemunhas, valores dos quais o Governo dos EUA identificou 8.830.869,57 dólares e outros 750 mil euros, baseado em ‘e-mails’ e informações de contas de ‘e-mail’ e contas bancárias.
A Procuradoria norte-americana e o FBI identificaram que Ndambi Guebuza foi apelidado de “A”, “ArGe”, “Junior” e “Croco” em várias comunicações eletrónicas.
Já António do Rosário, diretor do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE) e presidente da administração da empresa Ematum, foi o beneficiário de pelo menos 12,371 milhões de dólares, segundo as provas apresentadas hoje no tribunal norte-americano, tendo sido chamado de “Rós” ou “Marshall”.
Também Gregório Leão, antigo diretor geral do SISE, recebeu oito milhões de dólares.
Para Teófilo Nhangumele, que alegadamente era amigo de Ndambi Guebuza e que a Procuradoria norte-americana acusa de ter desempenhado funções como representante do gabinete do Presidente de Moçambique entre 2005 e 2015, Armando Guebuza, o FBI intercetou pagamentos de 8,5 milhões e o mesmo valor para Bruno Langa, a que o FBI não conseguiu identificar as funções.
Fatima Haque afirmou que os pagamentos foram recebidos por outras pessoas e entidades associadas aos suspeitos, mas condizem com uma lista de pagamentos que Jean Boustani, negociador da empresa Privinvest, enviou a Najib Alam, seu colega, também acusado neste julgamento.
A Privinvest era a empresa que deveria fornecer embarcações a Moçambique para um projeto de defesa costeira, que, segundo a Justiça norte-americana, foi planeado desde 2011. Segundo a acusação, o projeto começou a tomar forma sob o nome de Zona Económica Exclusiva de Moçambique (EEZ, na sigla em inglês), com as primeiras ideias a serem formadas por Jean Boustani e Iskander Safa, da empresa Privinvest, e a serem apresentadas ao Estado de Moçambique.
A Justiça norte-americana acredita que os moçambicanos Ndambi Guebuza e Teófilo Nhangumele foram os principais responsáveis pelas comunicações com o Presidente de Moçambique à data, Armando Guebuza, para aprovação dos projetos. A investigação da Procuradoria constatou que foram usadas para o efeito três empresas públicas, a Ematum, MAM e Proindicus, que ao longo de vários anos, assumiram empréstimos arranjados pelos bancos Credit Suisse e VTB e que depois chegaram em ‘default’ e não devolveram o dinheiro aos investidores internacionais.
Os investigadores norte-americanos mostraram no julgamento documentos de garantia do Ministério das Finanças do Moçambique para todos os empréstimos assumidos pelas empresas Ematum, MAM e Proindicus, com assinaturas do antigo ministro das Finanças Manuel Chang. Segundo a acusação, todos os empréstimos e aumentos graduais às três empresas públicas moçambicanas, no valor de quase dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros), foram pagos diretamente à Privinvest e utilizados para enriquecimento pessoal de pessoas e pagamento de subornos para ações ilegais e conspiração de fraude económica. (Lusa)