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quinta-feira, 04 junho 2020 02:14

AR encerra trabalhos com troca de “mimos” entre as bancadas da Renamo e Frelimo

Troca de acusações entre as bancadas da Frelimo e Renamo marcou, esta quarta-feira, o encerramento da I Sessão Ordinária da IX Legislatura da Assembleia da República (AR). Os motivos para a troca de “galhardetes”, encabeçada pelos respectivos Chefes de bancadas, nomeadamente, Sérgio Pantie (Frelimo) e Viana Magalhães (Renamo) foram os ataques na região centro do país e o andamento do processo que deve culminar com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado da Renamo.

 

Os ataques, de ambas partes, foram intercalados por vigorosos aplausos. Os proferidos pela bancada da Frelimo, a maioritária, ganharam mais eco com vigorosos aplausos do Governo, chefiado pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

 

O pontapé da saída foi dado por Viana Magalhães para quem a Frelimo está a governar graças ao que chamou de roubalheira nas eleições de 15 de Outubro último. De seguida, Viana Magalhães acusou o Governo da Frelimo de estar por detrás da origem e do financiamento da autoproclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, que tem estado a atacar a região centro do país.

 

A chamada Junta Militar da Renamo, acusou Magalhães, é parte de uma estratégia fracassada do Governo da Frelimo de arrastar Ossufo Momade para guerra, quando este, segundo disse, está a seguir as últimas orientações emanadas pelo falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que apregoava o alcance da paz sem o derramamento do sangue.

 

“Por terem fraquejado na tentativa de fazer com que o presidente Ossufo Momade enveredasse pela guerra por estar a seguir à risca as últimas orientações deixadas pelo saudoso presidente Afonso Dhlakama de vencer a guerra sem disparar um só tiro fabricaram, criaram, produziram, financiam e protegem, publicam na televisão pública aquilo que chama de Junta Militar da Renamo”, disse Magalhães.

 

O Chefe da bancada parlamentar da Renamo disse que o seu partido continua comprometido e a cumprir com os acordos assinados em Agosto do ano passado com o Governo de Filipe Nyusi. No que respeita aos ataques armados nas províncias de Sofala e Manica, Magalhães anotou que os autores estão identificados e que até têm a ousadia de reivindicar os ataques a alvos civis e as unidades policiais.

 

“A Renamo assinou o Acordo de Cessação das Hostilidades e está a cumpri-lo e está comprometido em cumprir o DDR. Os autores dos ataques armados em Manica e Sofala estão identificados e até reivindicam os ataques”, anotou.

 

Por seu turno, Sérgio Pantie começou por dizer que a Renamo continua a pautar pelo incumprimento dos acordos celebrados com Governo, tendo em vista o alcance da paz efectiva e duradoura. Por a história teimar em repetir-se, Pantie disse não ter dúvidas de que o maior partido da oposição continua a alimentar o ADN da guerra contra o povo.

 

Adiante, Sérgio Pantie instou a liderança da Renamo a cumprir com os compromissos assumidos nos acordos de Agosto de 2019, e anteriores acordos, começando por entregar os seus efectivos para o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.

 

“A Renamo assinou o Acordo de Paz em Agosto de 2019. Este foi o terceiro acordo que a Renamo assinou. A história e os factos mostram-nos que a Renamo não conseguiu, até à data, cumprir na letra e no espírito os acordos assinados e continua a alimentar o seu ADN de guerra contra o povo. Queremos, aqui e agora, apelar à liderança para que seja séria no cumprimento do acordo, entregando com urgência os seus homens armados para que sejam desarmados, desmobilizados e reintegrados”, disse Sérgio Pantie.

 

Ainda na sua alocução, Pantie atirou: “porquê a Renamo nunca foi ouvida a repudiar os ataques dos seus homens em Manica? O silêncio da Renamo como bancada parlamentar é ensurdecedor e indica claramente de que lado a Renamo está. Entre a paz e guerra, a Renamo prefere a guerra”.

 

“Que seja aberta uma janela no último acordo assinado (….) para um diálogo construtivo com a Junta Militar da Renamo”, Lutero Simango

 

A leste a troca de “mimos”, Lutero Simango, Chefe da bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), defendeu a necessidade de se dialogar com a auto-proclamada Junta Militar para a cessação dos ataques armados bem como o seu enquadramento no processo de DDR.

 

“É do nosso entendimento que seja aberta uma janela no último acordo assinado em Maputo para um diálogo construtivo com a Junta Militar da Renamo para a cessação dos ataques e o seu enquadramento total no processo de DDR”, defendeu Lutero Simango.

 

No entanto, Lutero Simango alertou que a abertura para o diálogo com a denominada Junta Militar não deve servir de pretexto para renegociação dos termos acordados em Agosto último.

 

“A abertura de tal Janela não deve significar a renegociação dos termos acordados. Quantas vezes nas nossas casas abrimos as janelas para o refrescamento do ambiente que nos rodeia?”, questionou Simango.

 

Não parando por aqui, o Chefe da bancada parlamentar do MDM disse ser necessário agir com urgência para estabelecer a estabilidade e segurança nacional. (Ilódio Bata)

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