A estória da incapacidade do Estado em recuperar o crédito mal-parado do Banco Austral é aterradora. Como escrevemos no texto ao lado, na edição de hoje, desde 2002 a 2019 o Estado recuperou apenas 954,99 Milhões de Mts de um total de 1.263,9 milhões de Meticais. Este é mais um calote que não devia ficar impune.
Na Conta Geral do Estado para 2019, o Governo não explica as razões por que não consegue cobrar toda a dívida. Sabemos que boa parte dela foi concedida sem critérios razoáveis, na base de amizades e outras afinidades. Seus titulares são gente de elite, que usou o dinheiro para “viver bem” e não para investir no sector produtivo. Obviamente que, sem terem apresentado garantias, essa gente se anda rindo do “cobrador do fraque”.
Mas e agora? Vai-se dar por perdido todo o dinheiro? E os gestores do Banco Austral, nomeadamente seus órgãos sociais com funções de gestão não podem ser chamados a colação? Ou estamos todos de bem, caminho lentamente para a amnésia da impunidade; e daqui a dois, três, quatro, cinco anos, a Conta Geral do Estado nem uma linha trará sobre esta faceta sinistra da história do sector financeiro local. Das duas uma: o Governo deve dizer o que vai fazer daqui para frente: declarar o resto da dívida como sendo incobrável ou continuar remando nesse gravoso insucesso. Mas e os gestores? X