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segunda-feira, 26 outubro 2020 07:18

Profissionais de saúde denunciam falta equipamento de protecção individual contra Covid-19

Está aberta a guerra entre os profissionais de saúde e a entidade que tutela o sector no país, no caso o Ministério da Saúde (MISAU). O esfriamento de relações é motivado, essencialmente, pela ausência de protecção desta classe de profissionais, que se encontra, actualmente, na linha da frente na luta contra a altamente letal pandemia da Covid-19.

 

Através de uma missiva, datada de 23 de Outubro, a Ordem dos Médicos de Moçambique (OrMM) e a Associação Médica de Moçambique (AMM), denunciam a não disponibilização atempada de equipamento de protecção individual aos profissionais de saúde.

 

Para o grupo é uma “situação grave” e que, para além de colocar em risco os profissionais de saúde e seus familiares directos, também ameaça os utentes que frequentam as unidades sanitárias. Como consequência directa, apontam na carta, que o Sistema Nacional de Saúde vai mostrar-se ineficiente no que a resposta à doença diz respeito.  

 

Um inquérito recente efectuado pela Associação Médica de Moçambique, diz a carta, que tomou como amostra 139 médicos em todo país, veio revelar que mais da metade não tinha recebido equipamento de protecção individual completo, isto nos sete dias anteriores.    

 

“Esta situação é grave! Coloca em risco os profissionais de saúde, seus familiares e os utentes das suas unidades sanitárias. Em última análise, o sistema de saúde fica menos capaz de prover a melhor resposta possível quando os profissionais de saúde não se encontram devidamente protegidos. Não se pode combater a COVID-19 sem a devida protecção dos profissionais de saúde”, diz o documento.

 

Na verdade, não é a primeira vez que estes profissionais vêm a público denunciar a não disponibilização de equipamento de protecção individual, sobretudo contra a Covid-19. A ausência destes meios tem deixado a classe à beira de um ataque de nervos, sem contar com a demora na disponibilização do subsídio de risco, anunciado há meses pelo Presidente da República.

 

O documento aponta ainda para a necessidade da tomada de medidas, e com devida urgência, tendo vista a melhoria da prevenção, diagnóstico e tratamento da população bem como dos profissionais saúde, isto no que diz respeito à pandemia da Covid-19.

 

“Urge a tomada de medidas para a melhoria da prevenção, diagnóstico e tratamento da população em geral e dos profissionais de saúde, em particular em relação à COVID-19”, anota a missiva.   

 

Numa espécie de radiografia do sector, dizem no documento, que nos últimos anos as condições de trabalho deterioram-se nas unidades sanitárias do Serviço Nacional de Saúde. Destacam, entre outros, a falta de medicamentos essenciais, falta de reagentes de laboratórios, aparelhos imagiológicos (Raio-X, TAC, RMN) e ainda a falta de equipamentos de protecção individual para os profissionais de saúde. Associados a isto, questionam a redução do orçamento que é, anualmente, alocado ao sector.  

 

Perante este quadro, os profissionais de saúde dizem-se “preocupados com o rumo que Serviço Nacional de Saúde tem estado a tomar”. Aliás, dizem ter chegado o momento da sociedade moçambicana e as instituições do Estado reflectirem “ sobre que Serviço Nacional de Saúde pretendemos construir”. (Carta)   

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