Uma semana depois de ter dito ao corpo diplomático acreditado no país, que estava assustado com o aumento dos casos de corrupção, o Presidente da Frelimo e também Presidente da República de Moçambique resgatou o já “gasto” e “cansativo” discurso de “combate veemente” à corrupção.
Discursando na noite do último domingo, no encerramento da IV Sessão Ordinária do Comité Central (CC) da Frelimo, Filipe Jacinto Nyusi voltou a defender que irá combater veementemente a corrupção, porém, com a particularidade de não “caçar as bruxas”.
No seu discurso, Filipe Nyusi não especificou que bruxas não irá caçar na sua empreitada de combater a corrupção, um desafio que assumiu em 2015, mas que ainda teima em perseguir a sua governação. Também não avançou que mecanismo irá desencadear para lograr sucesso e muito menos as medidas arrojadas que irá tomar contra os membros do partido envolvidos nos escândalos de corrupção.
“A partir de dentro, mantemo-nos firmes no combate, sem tréguas, contra a corrupção, um fenómeno que afecta a governação, mina a confiança dos cidadãos nas instituições e compromete o alcance dos nossos objectivos colectivos. Continuaremos a combater veementemente a corrupção no seio do partido, nas instituições onde pertencemos sem caçar as bruxas, pois, o corrupto, o criminoso, o ladrão não se nomeia, nem se elege para o ser, ele é por si só”, afirmou Filipe Nyusi, perante os 192 membros efectivos do CC, que estiveram presentes no encontro.
Refira-se que desde 2015, que Filipe Nyusi tem repetido estar focado no combate à corrupção, porém, dados avançados pelo Centro de Integridade Pública (CIP) indicam que o período da sua governação tem vindo a registar um crescimento considerável de casos de corrupção.
Aquela organização da sociedade civil aponta, por exemplo, o Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional que, de 2015 a 2020, apenas registou uma subida (de 3 pontos) em 2019, tendo caído nos restantes anos.
Sublinhe-se que o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, queixou-se, em Setembro do ano passado, numa reunião do Conselho de Estado, de perseguições políticas, no âmbito das “dívidas ocultas”, quando foi chamado pela Procuradoria-Geral da República a prestar esclarecimentos em relação à contratação da dívida de 2.2 biliões de USD.
Aliás, o primogénito de Armando Guebuza e outros colaboradores directos do ex-Presidente da Frelimo encontram-se detidos desde 2019, implicados também no escândalo das “dívidas ocultas”. De acordo com a PGR, todos terão recebido “luvas” da construtora naval Privinvest para defraudar o Estado moçambicano. (Carta)