Na sua primeira reação a morte ontem, por soterramento, de 8 garimpeiros numa mina em Montepuez dentro da área de concessão da Mozambique Rubi Mining (MRM), participada pela Gemfieds, o Raime Pachinuapa, filho do veterano de guerra Raimundo Pachinuapa, Gestor de Assuntos Corporativos da MRM atirou as culpas aos “estrangeiros” que vão ao local comprar rubis extraídos ilegalmente.
“Estas trágicas mortes estão ligadas a habilidade que determinados compradores estrangeiros têm de conduzir suas operações de compra ilegal de rubis a olhos vistos em cidades como a de Montepuez, sem que as autoridades tomem as devidas medidas. Estes também têm a capacidade de entrar e sair do país, principalmente através do Aeroporto Internacional de Pemba, muitas vezes sem a documentação requerida, pagando subornos a elementos das autoridades”, disse ele, numa nota de imprensa distribuída ontem.
Pachinuapa, uma das faces visíveis da elite local que lucra num negócio que foi recentemente provado como arrastando consigo violações, tortura e mortes, afirmou que “como país, precisamos actuar contra esta actividade ilegal”. E manifestou tristeza: “A MRM está profundamente triste com esta tragédia: nossos pensamentos estão com as famílias que perderam os seus filhos e irmãos e chamamos às autoridades a para fazer cumprir a lei, de modo a parar com a comercialização ilegal de rubis”.
O comunicado não faz qualquer referência ao processo de compensação recentemente acordado entre a Gemfields e uma firma de advocacia de direitos humanos britânica, a Leigh Day, através da qual a primeira deverá desembolsar mais de 8 milhões de USD para compensar as vítimas pela presença da MRM na zona, a qual implicou o reassentamento de milhares de cidadãos que anteriormente se dedicavam a exploração informal de rubis.
O incidente de ontem é descrito nos seguintes termos: “A Montepuez Ruby Mining Limitada (MRM) foi informada esta manhã, sobre o colapso de um buraco escavado por mineiros ilegais dentro da sua concessão mineira. Relatórios não confirmados sugerem que o buraco colapsou entre as 4h:00 e 06h:00 horas da manhã do dia 25 de Fevereiro, no seguimento de chuvas intensas, e soterrou 11 mineiros ilegais. A MRM desde que foi informada desta ocorrência, tem estado a providenciar assistência humanitária, comida, água, pessoal, equipamentos e maquinaria de escavação. Até este momento, 8 corpos foram recuperados. Um mineiro ilegal que foi igualmente arrastado pelas areias, quando tentava salvar os que haviam sido soterrados, foi resgatado com vida. Os trabalhos continuam para encontrar as restantes pessoas desaparecidas”.
Em finais de Janeiro, a Gemfields concordou em pagar 8,3 milhões de USD para acomodar 273 reclamações de assassinatos, espancamentos e queimadas. A Gemfields concordou, também, diante de um painel de reclamações independente, que poderá conceder indemnizações para quaisquer reclamações futuras. (Carta)