O presidente do Conselho Autárquico de Nampula, Paulo Vahanle, nega que a nomeação de Osvaldo Ossufo Momade, filho do presidente da Renamo Ossufo Momade, para o cargo de Vereador dos Mercados e Feiras foi na intenção agradar o líder da Renamo, ou tentar granjear simpatias no seio da família Momade e do partido, como certas pessoas pretendem insinuar. Acrescentou que a nomeação de Osvaldo teve como base a sua competência, e elogiou as qualidades do “jovem trabalhador”, militante do partido há muito tempo. Também referiu que Osvaldo integrou os quadros do Município de Nampula mesmo antes de o pai, Ossufo Momade, ser eleito o presidente do maior partido da oposição.
Ainda segundo Paulo Vahanle, Osvaldo Ossufo Momade desempenhou muitas funções ao nível da delegação política provincial da Renamo, como a de responsável pela emissão e distribuição de mais de 705 de cartões de membros solicitados até finais do ano passado. É membro sénior da Liga da Juventude daquele partido. Osvaldo Ossufo Momade começou a trabalhar no Conselho Autárquico em 18 de Abril do ano passado, quando Vahanle tomou posse como novo edil, resultante da sua vitória nas eleições intercalares de 14 de Março de 2017. A sua primeira posição foi a de Chefe da Direcção de Mercados e Feiras, antes de ascender ao cargo de vereador no passado dia 8 de Fevereiro do presente ano.
“O senhor Osvaldo Momade é membro do partido e é, sim, filho do presidente, mas isso nada tem que ver com a posição do seu pai, uma vez que este ascendeu à presidência do partido quando Osvaldo era funcionário do Município de Nampula”, justificou Paulo Vahanle. Acrescentou que “nós, na Renamo, ensinamos os nossos filhos a trabalhar, suar para ganhar o pão, o que é difícil noutros partidos’’.
Aparentou um certo desapontamento com jornalistas, quando estes lhe questionaram sobre alegadas nomeações polémicas. ‘‘O que é mais complicado e triste é ver filhos dos dirigentes deste país com contas bancárias cheias de dinheiro, inclusive com fortunas fora do país, sem sequer terem trabalhado na vida. Portanto, ensinar e dar oportunidade a um filho para ganhar a vida, eu não vejo nenhuma inconveniência’’, respondeu.
Paulo Vahanle, que antes da sua eleição como presidente do Município de Nampula foi deputado na Assembleia da República, onde chegou a ser membro da Comissão Permanente, um dos mais cobiçados lugares naquele órgão legislativo, diz desconhecer legislação, incluindo a Constituição da República, que impede que filhos de dirigentes políticos e ou servidores públicos desempenhem cargos de chefia a nível das instituições públicas e ou estatais. ‘‘Deixem-nos fazer o nosso trabalho e desempenhar o nosso papel. O que nós queremos são resultados, independentemente das especulações”. Numa implícita alusão a Ndambi Guebuza, filho mais velho do antigo Presidente Armando Guebuza, Paulo Vahanle ‘disparou’: “Se os filhos dos outros tivessem trabalhado, hoje não teríamos alguém preso por conta das ilegalidades”. (Rodrigues Rosa)