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terça-feira, 23 julho 2024 09:28

No meio de crise, Presidente do Quénia revela governo de "base alargada"

 

 

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O presidente do Quénia anunciou um plano para formar um novo "governo de base ampla" após semanas de protestos anti-governamentais mortais desencadeados por um projecto de lei tributária impopular.

 

No entanto, seis dos 11 ministros propostos pelo presidente William Ruto no discurso de sexta-feira (19) eram do Governo que ele demitiu na semana passada. Ao demitir o Governo, Ruto disse que a medida ocorreu após "reflexão e escuta dos quenianos". Na sexta-feira, ele disse que a "crise" que o Quénia estava a enfrentar era menor que a "oportunidade" que o país tinha.

 

As manifestações, nas quais mais de 40 pessoas morreram, começaram como resposta aos aumentos de impostos. No entanto, depois que o governo retirou essas propostas, os manifestantes, predominantemente jovens, ampliaram suas demandas.

 

Recentemente, eles insistem em pedir a renúncia do presidente Ruto. Depois de demitir o seu governo, o chefe de polícia do Quênia renunciou. Grupos de direitos humanos acusaram a polícia de atirar em dezenas de manifestantes, alguns deles fatalmente, e de sequestrar ou prender arbitrariamente centenas de outros.

 

Na sexta-feira, Ruto disse que os 11 ministros que ele propôs eram um "primeiro lote" que teria que ser aprovado pelos legisladores na Assembleia Nacional antes de ser nomeado.

 

Um dos nomes mais notáveis apresentados pelo presidente é Kithure Kindiki, que, se nomeado, retomará o seu cargo como ministro do Interior.

 

Isso apesar dos inúmeros pedidos para que ele renuncie devido à forma como a polícia e as forças armadas lidaram com os protestos. Ruto disse que prometeu aos quenianos que "criaria um governo de base ampla que aproveitaria o enorme potencial do nosso país para turbinar nossa transformação económica e crescimento inclusivo".

 

No entanto, muitos quenianos esperavam que o novo governo não incluísse figuras do antigo. Eles também esperavam que ele fosse mais jovem e dominado por profissionais de várias indústrias, em oposição a políticos de longa data e aliados presidenciais.

 

Ruto encerrou seu discurso dizendo que anunciaria mais nomes "no devido tempo". O presidente disse anteriormente que contaria com parlamentares da oposição para seu novo governo.

 

Bispos quenianos condenam violência policial

 

Na sequência dos recentes protestos que abalaram o Quénia, os Bispos católicos reafirmaram o seu apoio à chamada “Geração Z”, condenaram o aumento da brutalidade policial e apelaram a um momento de profunda escuta e discernimento, instando o Presidente William Ruto a tomar decisões no melhor interesse do País.

 

Num comunicado de imprensa citado pela agência CISA África, os Bispos elogiaram o Presidente por se ter recusado a assinar a controversa Lei das Finanças de 2024 e pela sua decisão de dissolver o Governo, um passo que, segundo eles, significa um compromisso para com a resolução de questões críticas como o custo de vida, o desemprego e a corrupção.

 

No entanto, os prelados apelaram ao Presidente para que nomeie indivíduos respeitáveis que tenham em mente os interesses do povo e possam prestar melhores serviços aos quenianos. “Pedimos ao Presidente que cumpra a sua promessa de efectuar consultas alargadas antes de nomear as posições vagas para o Executivo. Salientamos a necessidade de ter em conta a integridade, entre outros valores, nas novas nomeações, tal como estipulado na nossa Constituição. As novas nomeações devem inspirar esperança e um novo começo, e devem reflectir o rosto do Quénia, tal como exigido na Constituição”, afirmam os Bispos.

 

Os prelados lamentaram o aumento dos casos de brutalidade policial que levou à perda de vidas de jovens durante protestos pacíficos e defenderam que a nação tem de aprender com os males do passado que a violência e a brutalidade nunca resolverão os conflitos, apelando à polícia para que vise os gangues contratados para causar danos e não os manifestantes pacíficos. “Como Bispos, alertamos os responsáveis pela aplicação da lei para que respeitem o seu código de conduta. Nenhuma lei permite a detenção injustificada, a tortura ou a morte de pessoas”, sublinharam, ao mesmo tempo que advertiam a polícia contra a possibilidade de ser manipulada para fazer trabalhos sujos por conveniência política.

 

Apoio ao Presidente no combate à corrupção

 

Os prelados católicos do Quénia manifestaram também o seu apoio à posição do Presidente Ruto no combate à corrupção, em particular ao seu decreto contra a participação de funcionários públicos nos “harambee” (cooperativas); apelaram à transparência nos donativos e a um regresso ao espírito original do “harambee” que, segundo eles, se perdeu e foi abusado ao longo dos anos. “Somos contra o uso indevido dos locais de culto pelos políticos para ganharem popularidade através da exibição de dinheiro. No entanto, compreendemos que, se recuperarmos o bom espírito de nos unirmos em “harambee”, poderemos ajudar muito os necessitados. Temos de insistir na prestação de contas dos fundos e na garantia da proveniência dos donativos”, afirmaram os Bispos.

 

Os Bispos condenaram igualmente a utilização dos locais de culto e os funerais para fins políticos, apelando ao respeito e ao decoro durante estas ocasiões solenes. (BBC News)

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