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quarta-feira, 19 junho 2019 07:12

Uma em cada três pessoas não tem água potável, dizem UNICEF e OMS

Uma em cada três pessoas, em todo o mundo, não tem acesso à água potável. Esta conclusão consta do novo Relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado, semana passada, em Washington, nos Estados Unidos de América (EUA). As duas agências das Nações Unidas acrescentam ainda que mais da metade da população mundial não tem acesso aos serviços de saneamento seguros.

 

“Cerca de 2,2 biliões de pessoas, em todo o mundo, não têm acesso a serviços de água potável seguros e 4,2 biliões de pessoas não têm serviços de saneamento”, revelam UNICEF e OMS, adicionando que as outras 3 biliões de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos.

 

Segundo o Relatório do Programa Conjunto de Monitoramento para Progresso na Água Potável, Saneamento e Higiene, foram feitos progressos significativos, mas existem enormes lacunas na qualidade dos serviços prestados.

 

Em entrevista à ONU News, na passada quinta-feira (13 de Junho), a Directora Associada da UNICEF para esta área, Kelly Ann Naylor, disse: “as crianças e famílias nas comunidades pobres e rurais correm maior risco de serem deixadas para trás”, pelo que, “os governos devem investir nessas comunidades se querem eliminar essas divisões económicas e geográficas e fazer cumprir esse direito humano essencial.”

 

O Relatório revela ainda que, desde o ano 2000, cerca de 1,8 bilião de pessoas ganharam acesso a serviços básicos de água potável. Mas, apesar do progresso, existem grandes desigualdades na acessibilidade, disponibilidade e qualidade desses serviços.

 

Segundo o Relatório, ora divulgado, uma pessoa em cada 10, ou seja, cerca de 785 milhões ainda têm falta de serviços básicos, incluindo 144 milhões, que bebem água de superfície que não é tratada. Mas, também “oito em cada 10 pessoas, que vivem em áreas rurais, não têm acesso a esses serviços”.

 

De acordo com os pesquisadores, em cerca de 25 por cento dos países, a cobertura de serviços básicos entre os mais ricos é pelo menos duas vezes maior do que entre os mais pobres.

 

A directora do Departamento de Saúde Pública, Ambiental e Determinantes Sociais da Saúde da OMS, também em entrevista à ONU News, Maria Neira, disse: "os países devem dobrar os esforços em saneamento ou o acesso universal não será alcançado até 2030".

 

Segundo Neira, “se os países não conseguirem intensificar os esforços, o mundo continuará a viver com doenças que deveriam pertencer aos livros de história há muito tempo”, destacando doenças como diarreia, cólera, febre tifóide, hepatite A e doenças tropicais negligenciadas.

 

Neira afirmou: “investir em água, saneamento e higiene é eficiente e bom para a sociedade de muitas maneiras, pois, acredita que isso “é uma base essencial para uma boa saúde”.

 

No Relatório consta que, desde o ano 2000, mais de 2,1 biliões de pessoas ganharam acesso aos serviços de saneamento básico, mas, em muitas partes do mundo, estes resíduos não são tratados com segurança.

 

De acordo com a pesquisa, sete em cada 10 dessas pessoas vivem em áreas rurais e um terço vive nos países menos desenvolvidos.

 

Para a UNICEF e OMS, desde 2000, a proporção de pessoas que defecam a céu aberto foi reduzida para metade, de 21 por cento para 9 por cento. Em 23 países, a prática foi quase eliminada, com menos de 1 por cento da população nesta situação.

 

Apesar disso, 673 milhões de pessoas ainda praticam a defecação a céu aberto. Em 39 países, o número de pessoas aumentou, a maioria na África subsaariana, sendo que Moçambique é um dos países que ainda padece da mesma situação.

 

Por fim, o Relatório destaca novos dados que mostram que cerca de 3 biliões de pessoas carecem de instalações básicas de lavagem das mãos com água e sabão. Também mostra que quase três quartos da população dos países menos desenvolvidos não tinham instalações básicas de lavagem das mãos.

 

Em todos os anos, segundo revela o estudo, cerca de 297 mil crianças com menos de cinco anos morrem com diarreia causada por falta de higiene. Esta questão também está ligada à transmissão de doenças como cólera, disenteria, hepatite A e febre tifóide.

 

Contudo, a Directora Associada da Unicef para esta área, Kelly Naylor, disse durante a entrevista à ONU News: “a eliminação das desigualdades na acessibilidade, qualidade e disponibilidade de água, saneamento e higiene deve estar no centro das estratégias dos governos”. Segundo ela, enfraquecer os planos de investimento para cobertura universal “é minar décadas de progresso em detrimento das próximas gerações.” (Omardine Omar)

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