As eleições na Federação Moçambicana de Futebol(FMF), marcadas para 14 de Dezembro, prometem fazer correr muita tinta. Há jogos de bastidores em curso e uma forte percepção de manipulação. Na passada quinta-feira, 14 Novembro, a FMF convocou finalmente os seus associados para a Assembleia Geral Electiva de Dezembro. Anexado à convocatória, a FMF juntou um Comunicado (003/FMF/AG/2019), que se supõe seja o “regulamento eleitoral”. O documento foi elaborado e assinado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Alcido Nguenha.
O documento contém cláusulas bizarras. Uma delas exige que os candidatos renunciem ou cessem funções no organismo desportivo ou clube a que pertencem. Mas exige também que as listas dos candidatos sejam apresentadas na Secretaria da FMF 25 dias antes da realização das eleições. Ou seja, se as eleições estão marcadas para 14 de Dezembro, as listas devem se ser entregues até amanhã, 19 de Novembro.
Mas, como os candidatos têm de renunciar de cargos actuais, esta arrumação de artigos parece visar “excluir” eventuais interessados. Porquê? Porque, nalguns casos, a renúncia de órgãos associativos por parte de eventuais candidatos (por exemplo, alguém que dirige uma associação provincial) envolve procedimentos legais e estatutários que não podem ser esgotados em menos de 3 dias úteis. É o caso do candidato Amílcar Jossub, que dirige a Associação de Futebol da Cidade de Maputo. Ele teria de conseguir reunir, em três dias, uma Assembleia Geral para apresentar sua renúncia, o que, tendo em conta o regulamento da associação da capital, é impossível.
Quem se recorda das eleições anteriores da FMF, que conduziram Alberto Simango ao trono, diz que ele, Simango, que dirigia a Liga de Clubes, não foi obrigado a renunciar desse cargo para concorrer.
Outro aspecto que está a suscitar comentários de estranheza é que, apesar de a apresentação das listas de candidatura ter que ser feita 25 dias antes do pleito, o “comunicado” de Alcido Nguenha estabelece que “a composição final das listas candidatas será notificada aos sócios ordinários três dias antes do acto eleitoral”.
Ou seja, apenas três dias antes de depositarem seus votos é que os eleitores (as associações provinciais de futebol) terão conhecimento oficial da equipa que acompanha cada candidato. Tico-Tico, o antigo avançado dos “Mambas”, que também vai concorrer, não vai poder usar o “prestígio” de figuras da sua lista para convencer as associações (em campanha eleitoral) pois a lista oficial só será divulgada 3 dias antes do dia eleitoral. (Carta)