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sexta-feira, 21 dezembro 2018 03:24

Crise no Maxaquene

Salários em atraso, valores provenientes de descontos que não são canalizados ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), falta de comparência dos jogadores ao Campeonato Nacional de Juvenis, na Beira, atletas que pretendem rescindir unilateralmente com o clube, eis o cenário que caracteriza o Clube de Desportos da Maxaquene, nos últimos tempos. Os trabalhadores queixam-se de falta de salário há seis meses. Os descontos salariais fizeram-se todos os meses (enquanto houve salário), mas o clube não os remeteu ao INSS. Esta situação cria um sentimento de revolta nos trabalhadores e jogadores, cujas manifestações conheceram o seu pico na penúltima quarta-feira (5 de Dezembro), dia em que a “massa laboral” decidiu encerrar as portas da colectividade, impedindo a entrada dos gestores.  No último sábado (15 de Dezembro) a equipa juvenil cancelou a sua viagem à Beira, onde iria participar no Campeonato Nacional, por falta de fundos.

 

Em entrevista à “Carta” o Director Executivo do Clube, Mário Sidónio, afirmou que “a causa desta crise é a falta de financiamento por parte dos patrocinadores, nomeadamente as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e os Aeroportos de Moçambique (ADM), que por não simpatizarem com a actual direcção do clube, encabeçada por Arlindo Mapande, decidiram `fechar as torneiras` desde finais de Julho, altura em que o elenco directivo tomou posse”. 

 


De acordo com o nosso entrevistado, as instituições que suportavam o clube eram favoráveis à candidatura de Nuro Americano, que, caso vencesse, iria dar continuidade à filosofia de gestão adoptada pela antiga Direcção, liderada pelo ex-basquetista Ernesto Júnior. Mário Sidónio garantiu à “Carta” que os dirigentes do clube têm estado a dialogar com os patrocinadores, de modo a que estes retomem o financiamento. Graças a esta aproximação, assinou-se um memorando de entendimento, tendo a empresa ADM emitido um comunicado na última quinta-feira (12 de Dezembro), informando de que irá voltar a financiar os “tricolores”.

 

Para o Director Executivo dos “maxacas”, os efeitos do memorando são imediatos. Entretanto, ao ser questionado sobre quando a colectividade iria pagar os salários em atraso, a nossa fonte não foi capaz de adiantar datas, tendo dito, apenas, que "essas informações só poderão ser divulgadas pela Direcção quando todo o processo estiver efectivamente concluído". De referir que a falta de salários está a afectar perto de 60 trabalhadores do “Maxaquene” e, como consequência disso, estes têm vindo a manifestar-se como forma de pressionar a Direcção. Face a tal situação, há quem acuse os gestores do clube de não se aproximarem dos trabalhadores para, juntos, tentarem encontrar outras formas de resolver o problema e, consequentemente, estancar a greve.  Mário Sidónio distancia-se das acusações e diz que o elenco directivo tem estado a reunir-se com os trabalhadores para explicar o momento que se tem vivido e que "nunca impedimos os trabalhadores de se manifestarem".

 

Atletas demitem-se

 

A crise no Clube de Desportos da Maxaquene está a afectar também os atletas, o que tem levado alguns a avançar para a rescisão unilateral.  Cândido Mathe e Danilo Musé já entregaram as respectivas cartas de rompimento do vínculo contratual que mantinham com a agremiação, facto confirmado por Teresinha Muchine, secretária da Federação Moçambicana de Futebol. Para além destes atletas, a nossa fonte assegurou haver outros que têm vindo a manifestar o mesmo sentimento, tais são os casos de Victor Malino, Artur Tafula e João Mutongue.  (Evaristo Chilingue)

 

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