Terminou, na última sexta-feira, a inoculação da primeira dose da vacina contra Covid-19, administrada aos profissionais da saúde, idosos residentes em lares de idosos, coveiros e funcionários das morgues, tidos como grupos prioritários no Plano Nacional de Vacinação definido pelo Governo.
Produzida pela farmacêutica chinesa Sinopharm, a SARS-COVID-2 vacine (vero cell) inactivada, apresenta uma eficácia de 79.3% contra doença sintomática e 100% contra doença moderada a grave, sendo que, de acordo com a ficha técnica publicada pelo Ministério da Saúde (MISAU), apresenta algumas reacções adversas, divididas em três grupos: muito frequentes (dor no local da injecção), frequentes (febre transitória; fadiga; cefaleia; diarreia; rubor; Inchaço; prurido e endurecimento no local da injecção) e menos frequentes (a lesão cutânea no local da injecção; náuseas e vômitos, prurido em local distante do local da injecção; dor muscular; dor nas articulações e vertigens).
Durante a semana finda, “Carta” conversou com alguns profissionais da saúde vacinados, afectos às diferentes unidades sanitárias da cidade de Maputo, com o objectivo de apurar se estes tinham ou não apresentado pelo menos uma reacção adversa relacionada com a vacina chinesa. Falando em anonimato, os nossos entrevistados foram unânimes em afirmar que “não” apresentaram qualquer reacção adversa descrita na ficha técnica.
Laura Manuel, nome fictício de uma enfermeira que foi administrada a primeira dose da vacina chinesa, na passada quinta-feira, garantiu estar a sentir-se bem e que nenhum dos seus colegas apresenta qualquer reacção adversa.
“Estava a amamentar, mas quando fiquei a saber que o pessoal da saúde ia receber a vacina desmamentei meu filho porque já se encontra com um ano e seis meses”, começou por dizer aquela profissional da saúde, em referência ao facto das lactantes (mulheres que amamentam) e gestantes (mulheres grávidas) não serem elegíveis à vacinação.
“Recebi a vacina da Covid-19 e sinto-me bem. Não tive nenhuma reacção. Depois de receber a vacina, fiquei 15 minutos a descansar numa cama, mas passado esse tempo tive de apanhar chapa e voltar para o meu posto de trabalho”, afirmou Manuel, garantindo estar optimista quanto aos efeitos positivos da vacina.
Quem também assegurou à nossa reportagem estar bem é Francisco Macaringue, enfermeiro afecto à ginecologia. Macaringe tomou a vacina contra a Covid-19 na passada sexta-feira e conta que depois de 10 minutos de repouso regressou ao seu posto de trabalho e “até aqui não tive nenhum efeito colateral, com a excepção de muita euforia por ter recebido esse presente”.
“Espero que todos os colegas tomem a vacina sem receio, tendo em conta que é muito importante que o máximo do pessoal realmente tome a vacina, porque isso vai levar a uma protecção contra este mal que enferma o mundo”, sublinhou.
Por seu turno, Ana Maria Loforte, enfermeira afecta ao berçário, afirma que ficou um pouco apreensiva antes de tomar a vacina, mas depois de receber a primeira dose sentiu-se mais forte para combater o novo coronavírus.
“Quando recebi a vacina, não senti absolutamente nada. Depois senti uma dor leve no braço, como acontece com qualquer vacina que temos tomado na vida. Aliás, mais tarde consegui participar numa cerimónia familiar. Fiz todo o tipo de trabalho”, narra a fonte, revelando que chegou a ponderar não tomar a vacina.
“Pensei muito se deveria ou não tomar a vacina. A vacina é nova, com uma tecnologia diferente, mas senti-me segura e, no final das contas, sou muito grata por ter tido essa oportunidade”, sentenciou.
Já Carlos Massingue, médico anestesista, fala de um “momento de muito alívio e esperança” para ele e para todos os profissionais de saúde. “Para nós que cuidamos de pacientes com e sem Covid-19, em estado grave, foi algo muito importante e espero que a vacinação inicie logo para os nossos familiares. Espero também que as pessoas tenham ciência da importância de se vacinar”, sublinhou.
Referir que a segunda será administrada entre os dias 29 de Março a 02 de Abril. (Marta Afonso)