A província da Zambézia continua sendo um caso de estudo no que toca à desinformação. Na última segunda-feira, uma cidadã de 30 anos de idade foi linchada no distrito de Morrumbala, acusada de ser responsável pela propagação da cólera, uma das doenças mais predominantes naquela parcela do país.
Até ao momento, não estão claras as motivações que levaram a população a concluir que a vítima espalhava cólera pelo distrito, mas sabe-se que Morrumbala está sendo assolado por surto de cólera, que já levou ao internamento hospitalar de dezenas de pessoas.
De acordo com as fontes, a Polícia foi chamada para socorrer a vítima, mas não se deslocou ao local da ocorrência. Segundo o Comandante Distrital da PRM (Polícia da República de Moçambique) em Morrumbala, Valdemiro André, a viatura da corporação não tinha combustível e só na terça-feira é que foi possível fazer diligências, tendo sido detido um indivíduo, indiciado de participar no linchamento.
Refira-se que este não é o primeiro caso de boato a terminar em tragédia na província da Zambézia. Em Novembro de 2021, residentes do distrito de Gilé vandalizaram uma Clínica Móvel, que se dedicava à circuncisão masculina, alegando que causava impotência sexual aos homens. Aliás, em 2017, o distrito de Gilé registou tumultos, tudo porque supostamente existia um grupo de indivíduos que, durante a noite, retirava sangue nas pessoas (fenómeno chupa-sangue).
Já na cidade de Quelimane, a população destruiu um centro de tratamento de pessoas com cólera, alegadamente porque aquele posto de saúde era responsável pela propagação da doença. (Carta)