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quinta-feira, 25 julho 2019 09:07

A poeira da solidão

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Se o "Indivíduo" que provocou deliberadamente o calote diz que sente que "há muita poeira, uma espontânea e outra, provocada", imagina então malta nós que fomos apanhados de surpresa. Se ele que o filho recebeu 50 milhões de dólares vê poeira nisto tudo, imagina então malta nós que não vimos nenhuma folha. 

 

 

Quer dizer, a única coisa que preocupa Guebuza neste caso das dívidas ocultas é a poeira que está a ser levantada sobre o caso. Está preocupado com poeira. Que poeira Guebuza se refere? A nossa indignação? Do tipo, estamos a exagerar ou estamos a nos preocupar demais? Do tipo, estamos a subir muito a fasquia deste caso? Do tipo, devíamos esperar serenos? Ou está a dizer que alguém tem tentado lhe incriminar à força? 

 

Acho que Guebuza se refere a segunda possibilidade. Quero acreditar. Então, se for isso, é bom lembrar que não foi falta de aviso. Na altura, quando Guebuza era Chefe de Estado, nós avisamos sobre o tipo de amigos que Guebuza  se deixou rodear. Avisamos sobre o perigo dos paninhos quentes que esses supostos amigos passavam no Guebuza à cada gafe que cometia. Ao invés de Guebuza reforçar a sua vigilância sobre as verdadeiras intenções desses energúmenos, apelidou-nos de apóstolos da desgraça e propagou que a nossa cidadania estava ao serviço da mão-externa. Preferiu, então, montar um controlo ideológico e desinformativo através do Gê-40. 

 

Possivelmente, são esses amigos de Guebuza de outrora que estão a levantar a tal poeira que ele está a ver. Hoje os próprios lacaios do famigerado Gê-40 se revoltaram contra Guebuza, até escrevem missivas públicas a pedir que Guebuza peça desculpas ao povo. Os que hoje dizem que Guebuza foi ambicioso são os mesmos que ontem o chamavam de visionário. 

 

Pois é! Guebuza tem razões mais do que suficientes para ver poeira. Quando a pessoa se sente abandonada vê poeira. É normal. Nessa altura nós também víamos essa mesma poeira. Na filosofia das ciências políticas do povo chama-se "poeira da solidão". As vezes nem é poeira... são lágrimas mesmo.

- Co'licença!

 

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