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BCI
quarta-feira, 09 outubro 2019 07:29

Afinal, estamos perante assassinos na corporação ou corporação de assassinos?

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 Buda pôs de castigo dois Monges que haviam cometido uma infracção. O castigo era que os dois Monges fizessem ioga durante todo o dia. Passadas algumas horas de meditação, os dois Monges tiveram vontade de fumar. Decidiram, então, pedir o consentimento do Buda que estava num cantinho do templo fumando o seu cachimbo de bamboo.

 

Decidiram ir um de cada vez. O primeiro chegou ao Buda e disse: Buda, posso meditar enquanto fumo um cigarro? A resposta foi negativa. Então, foi o segundo e disse: Buda, posso fumar um cigarro enquanto medito? O Buda disse que sim e ofereceu-lhe um dos seus cigarros.

 

Vendo a sorte do seu colega, o Monge que não foi autorizado a fumar foi ao Buda reclamar do seu azar. Foi daí que o Buda disse: cada pergunta tem a resposta que merece. Fumar enquanto medita é diferente de meditar enquanto fuma, assim como José Maria é diferente de Maria José.

 

Isto vem a propósito do comunicado do Comando Geral da Polícia em relação ao envolvimento dos seus Agentes no assassinato do respeitado Anastácio Matavele, Delegado do FONGA e Coordenador da SALA DA PAZ na província de Gaza, ocorrido na passada segunda-feira. Na verdade, o comunicado não está claro se o envolvimento dos quatro Agentes da Polícia foi um mero acaso ou foi um trabalho de rotina normal. Ou seja, não ficou claro se aquela emboscada era uma bolada dos Agentes ou era uma missão de serviço normal. Isto é, ainda não percebemos se matar pessoas inocentes é um "part-taimi" dos Agentes ou é o seu trabalho diário normal. Para ser mais directo, os assassinos são Agentes da Polícia ou os Agentes da Polícia são assassinos?

 

Parece complicado, mas não é. Uma coisa é descobrir que os assassinos do professor Matavele são Agentes da Polícia da República de Moçambique e outra, bem diferente, é revelar que, afinal de contas, os Agentes da Polícia da República de Moçambique são assassinos. Uma coisa é um Agente meter-se no crime por mero circunstancialismo da circunstância ou mero acidente e outra é um assassino meter-se na corporação policial de forma profissional, reconhecida pelo Estado e disfarçado em Agente.

 

Fiz-me entender? Um assassino que é Agente e um Agente que é assassino não é a mesma coisa. Um assassino Polícia é muito diferente de um Polícia assassino. Uma coisa é um Polícia ser contratado para ser assassino e outra, bem diferente, é um assassino ser contratado para ser Polícia. Assassinos na corporação e corporação de assassinos são coisas bem diferentes.

 

Faltou este esclarecimento no comunicado. Não ficou claro. Aguardemos que o Comandante em Chefe faça esta 'esclaração'.

 

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