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sexta-feira, 20 dezembro 2019 08:06

Senhor deputado Galiza, conta outra!

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Circula nas redes sociais uma carta supostamente da autoria do deputado da bancada parlamentar do partido FRELIMO, Edmundo Galiza Matos Júnior, falando do diploma de honra atribuído pela FRELIMO ao pseudo-profeta Joe Williams. Na suposta missiva o deputado Galiza escreve ao Secretário-Geral da FRELIMO, Roque Santeiro... digo Silva, um "Pedido de revogação de diploma ao Sr. Joe Williams" porque "o cidadão em causa, Joe Williams, não gozar de uma postura pública que se funde nos ideias do Partido de que somos membros (...)". Os argumentos do deputado Galiza Matos Júnior alicerçam-se nos Estatutos do partido. 

 

A indignação do deputado Galiza é legítima. Todos nós estamos indignados com este reconhecimento do cinquentenário a este  eclesiástico "swegga". Mas, se, de facto, a carta que circula nas redes sociais é do punho do digníssimo deputado, então estamos perante um populismo de proporções titânicas. 

 

UM: em primeiro lugar, o deputado Galiza devia se indignar com o seu próprio partido FRELIMO por ter aceite o apoio de um cidadão com uma postura pública indecente. Isso é o mais importante. O digníssimo deputado não deve ficar enfurecido pelo diploma de honra. Um diploma é um reconhecimento. E se houve reconhecimento é porque houve um préstimo, um favor. E, quanto a mim, é o favor que devia estar em causa. É que, se o partido FRELIMO não tivesse aceite os préstimos do pouco-posturado-profeta, não haveria motivos para diplomas de honra. Então, o problema não está no diploma em si, mas - sim - na falta de pudor do partido FRELIMO. 

 

Pela lógica, o deputado Galiza devia repudiar os apoios que o seu partido tem estado a receber. 

 

DOIS: o que é pior: Manuel Chang ou Joe Williams; as dívidas ocultas ou o diploma de honra? É que não vimos a mesma indignação aquando da descoberta das dívidas ocultas. Não vimos nem ouvimos a indignação do deputado Edmundo Galiza Matos Júnior enquanto membro e porta-voz da bancada parlamentar da FRELIMO na Assembleia da República. Não vimos! Muito pelo contrário, assistimos a argumentos de defesa acérrimos às dívidas e ao seu camarada deputado Manuel Chang. 

 

É muito populismo barato. É muita indignação por conveniência. O deputado e porta-voz Galiza apoiou a aprovação da inclusão das dívidas ocultas no Orçamento do Estado feita apenas pela sua bancada. Tem estado a assistir as demarches de apoio e resgate do "Chopstick" feita pelo seu partido. Tem estado a aplaudir os insultos protagonizados pelos seus pares. 

 

Então, digníssimo camarada deputado, conta outra! Eu não caiu nessa! O seu partido aceitou a oferta do Joe Williams durante a campanha. O seu partido reconheceu os préstimos do Joe Williams durante a campanha. Se é para nos indignarmos, comecemos então do princípio. Comecemos pelas dívidas e pelo "Chopstick". Fora isso, é puro populismo mascarado. Só que nós estamos atentos. Nos conhecemos quem é quem.

 

Se a carta e a conta do "feici" não forem suas (e espero que não sejam mesmo), peço, antecipadamente, as minhas sinceras desculpas. 

 

- Co'licença!

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