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sexta-feira, 11 dezembro 2020 05:50

Serviço Prisional Obrigatório

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É assustador o que temos visto nos últimos anos. Presidentes, ministros, embaixadores, Pê-Cê-As, edis, directores, etecetera, no banco dos réus ou sendo citados em processos ou mesmo nas 'djelas'. Até já temos governantes gatunos nas cadeias da diáspora. Daqui a pouco ser gatuno vai ser um requisito essencial no Cê-Vê. Do tipo, ao candidato exige-se experiência profissional e prisional comprovada, onde os anos de cadeia serão mais importantes que o nível académico e a experiência profissional. 
 
Estamos a passos bem largos para uma fase em que, depois de tomar posse, o dirigente irá à penitenciária mais próxima para escolher a sua futura cela. Uma fase em que, depois da cerimônia, o empossado deverá reservar a sua cela e mandar decorar. Uma fase em que, no fim do mandato, o ex-governante irá sozinho se entregar à Polícia para evitar gastar toners e combustível do Ministério Público. Uma fase em que, durante o juramento de tomada de posse, o empossado deverá declarar quanto irá roubar durante o seu mandato. Uma fase em que cada empossado irá a cerimónia de tomada de posse com o seu advogado para negociar as condições da futura reclusão do seu futuro cliente.
 
Isto está demais! Prevejo que, assim como a vida militar, o país terá uma Lei do Serviço Prisional Obrigatório para regular a reclusão patriótica dos governantes. A declaração do Serviço Prisional Obrigatório será um documento de exigência obrigatória para concorrer a altos cargos da função pública. Depois de fazer a faculdade, trabalhar alguns anos e militar no partido, a pessoa tem de regularizar a sua situação prisional para ascender à uma posição relevante. Tem de provar que já foi acusado e julgado, e se provar que já esteve preso, melhor ainda.
 
Pois é! O ex-edil de Maputo, David Simango, vai hoje fazer o teste de aptidão física para regularizar a sua situação prisional. Talvez depois daí ele volte a ocupar outros cargos mais 'dignos'. A excelentíssima Victória Diogo, Secretária de Estado de Maputo, já foi recrutada e anda nos serviços notariais a autenticar os seus 'ducus'. Os testes são para breve. A outra excelentíssima, Elisa Zacarias, Secretária de Estado de Tete, está a fazer de tudo para regularizar a sua situação. Está a mostrar-se muito interessada e empenhada. Quer ser chamada.
 
Não é de estranhar! De resto, é uma prática que vem sendo consolidada desde os tempos do antigo Pê-Cê-A dos Aeroportos de Moçambique; que cumpriu o Serviço Prisional Obrigatório na cadeia civil e voltou como assessor sénior do Ministério dos Transportes e Comunicações. Enquanto isso, sem nenhum proveito, o povo vai cumprindo a sua pena reclusória nesta penitenciária a céu aberto chamada Pérola do Índico.
 
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