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terça-feira, 20 abril 2021 08:07

Juma Aiuba reloaded*: Haja juízo nos Juízes

O país está de tanga. Estamos a travar com jantes. Não temos dinheiro para financiar o nosso próprio orçamento do próximo ano. Não temos dinheiro para financiar eleições gerais do próximo ano.

 

Não temos remédios nos hospitais. Não temos carteiras nas escolas. Paramos de contratar professores e enfermeiros por falta de verba. As progressões também pararam.

 

Para piorar: ninguém quer arriscar em dar-nos crédito. Somos caloteiros porque não estamos a conseguir pagar a meia-parte-da-metade da primeira tranche do fiado que contraímos fora. Estamos sujos na praça. Perdemos credibilidade.

 

Enquanto isso:

 

Aparece um punhado de indivíduos de toga e sotaina que exige ampliação das suas mordomias e dos seus parentes. Até passaporte diplomático exigem.

 

Pede-se uma vida condigna a um povo que vive uma vida indigna. Pede-se uma vida justa a um povo que vive uma vida injusta injustamente. Um povo injustiçado, para ser mais claro.

 

Era suposto que num Estado de Direito, qual o moçambicano(?), o Conselho Constitucional fosse um fórum instrutor e orientador do Estado. Que os Juízes deste fórum fossem indivíduos cuja idoneidade ética, moral e profissional não levantasse quaisquer tipos de discussões. Que fossem togados que dominam não só as leis, mas também os contextos e os circunstancialismos das circunstâncias que tais leis são aplicadas. Que fossem guias do Estado e do povo.

 

Juízes costumam ter juízo. Mas os daqui, não.

 

Publicado em 11-12-2018

 

*Desde a primeira edição de Carta, em 22 de Novembro de 2018, o cronista Juma Aiuba impregnava nestas páginas o doce sabor da sua escrita. Sua morte abrupta foi um tremendo golpe. Para tentar manter sua voz viva, Carta decidiu reeditar semanalmente uma das suas crónicas. Seu perfume permanecerá vivo!

 

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No entanto, seu conteúdo não vincula a empresa.

A queda de Francisco Mabjaia (na verdade, os motivos da queda), como primeiro-secretário da FRELIMO da cidade de Maputo, coloca-nos diante de um mistério muito dificil de decifrar. Um caso capaz de embaraçar qualquer criminalista ou laboratório forense avançado. Um caso de Ci-Esse-Ai. 

 

Tudo o que se sabe é que o "mista-tractor" vinha sendo vítima das suas próprias decisões um tanto quanto acrobáticas. Mas aí está. O homem é um colecionador nato de trafulhices. Qual foi então a trafulhice que precipitou a sua queda? 

  1. A compra de votos para a sua reeleição conseguida com 97 por cento dos votos?
  2. A tentativa de oferta, numa reunião pública e em directo nas tê-vês e rádios nacionais e internacionais, de um tractor agrícola completo, novinho em folha, ao presidente do seu partido, no décimo primeiro congresso?
  3. A tentativa de concorrer, contra a vontade do Comité Central, à cabeça de lista do seu partido à presidência do Município de Maputo?
  4. O acotovelamento de Samito na eleição interna à cabeça de lista e a sua má gestão do assunto que traumatizou o Samito, sua mãe Graça e uma parte dos frelimistas?
  5. A desastrosa perseguição aos membros da AJUDEM que culminou com o afastamento de Samito da corrida eleitoral de 10 de Outubro? 

 

Nos últimos dois casos, parece que Mabjaia não tinha alternativas. Parece que as decisões foram tomadas num outro nível e a ele só cabia executar. Ou seja, fazer as trafulhices. O homem estava entre a espada e a parede. Mas podem ser essas últimas trafulhices que ditaram a sua queda vertiginosa. 

 

Enfim, seja o que seja (como diria a minha prima) parece que, ultimamente, Mabjaia tinha decidido "meter água" no partido. É tanta água turva que dificulta a autópsia, mas mesmo assim há que descobrir qual foi o tiro que "matou" o Mabjaia. O tiro no pé ou o que saiu pela culatra? Talvez nem o tempo dirá. 

 

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Publicado em 07-12-2018

 

*Desde a primeira edição de Carta, em 22 de Novembro de 2018, o cronista Juma Aiuba impregnava nestas páginas o doce sabor da sua escrita. Sua morte abrupta foi um tremendo golpe. Para tentar manter sua voz viva, Carta decidiu reeditar semanalmente uma das suas crónicas. Seu perfume permanecerá vivo!

 

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De algum tempo a esta parte, Samito, filho de Samora e Josina e Graça, tem vindo a fazer grandes descobertas. Por exemplo, quando foi acotovelado no seu partido (FRELIMO) e matrecado pelo Conselho Constitucional (Cê-Cê), em conluio com os órgãos de gestão eleitoral, Samito descobriu que na FRELIMO não há democracia interna e que os processos eleitorais neste país são viciados. Ou seja, Samito descobriu que a Cê-Ene-É, o STAE e até o Cê-Cê agem a mando da FRELIMO.

segunda-feira, 29 março 2021 14:01

Juma Aiuba reloaded*: A penosa missão do Elias

Para muitos, Elias Dhlakama é apenas irmão de Afonso, também Dhlakama, o falecido líder da RENAMO. É uma irmandade despoletada em forma de propaganda política da FRELIMO e de Filipe Nyusi quando, só em 2015, Elias foi promovido a dois cargos de relevo nas Efe-A-Dê-Eme: em Fevereiro, promovido a comandante do comando de reservistas e, em Setembro, promovido da patente de coronel para brigadeiro. De resto, foram duas cerimónias pomposas e mediáticas vistas por alguns analistas como arranjo de cavalheiros. Golpe político.

 

Fora isso, Elias não passa de um profeta bíblico que significa "Jeová é meu Deus" que tenta a todo custo infiltrar-se e benzer a RENAMO. Elias não passa de uma menina mimada que não ajuda a escolher o feijão, nem a acender e a soprar o fogão, mas que aparece, fazendo aquele sorriso administrativo, na hora de comer.

 

As pessoas perguntam onde andava o Elias quando o Afonso era perseguido e emboscado? Onde andava o Elias quando o Bissopo era atacado e espancado? Onde andava o Elias quando o Ossufo era seviciado? Onde andava o Elias quando a Ivone (sua legítima sobrinha) era ameaçada de morte (graças à arma que encravou)? De que lado estava o brigadeiro Elias Dhlakama quando o deputado Armindo Milaco dava o peito às balas da ofensiva do regime?

 

Elias Dhlakama pode até concorrer à presidência da RENAMO em Janeiro, mas para granjear simpatias, dentro e fora do grupo, tem de comer muito feijão, como se diz por aqui. O atual contexto político do país requer da RENAMO um líder que conhece e que seja conhecido nas duas hostes: a militar e a diplomática. Mais do que conhecido que seja reconhecido. Um militante de peito aberto. Um peito sem colete a prova de balas. Ao Elias, eu só olho. É uma missão penosa. Não será fácil convencer e vencer em 45 dias que restam. Não é fácil apagar a ideia de que Elias estava desde 1992 nas Efe-A-Dê-Eme comendo a vida com a colher grande. O difícil mesmo é comparar-se ao seu falecido irmão Afonso que preferiu morrer na selva da Gorongosa a viver refastelado na capital às custas do Estado, tudo em nome da democracia e do povo. Enfim, o que os membros da RENAMO querem hoje é um líder que não morreu ontem por mera sorte. Não querem apelidos, muito menos carreira militar formal. Quando precisamos de sal não adianta trazer açúcar, diz o ditado.

 

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Publicado em 03-12-2018

 

*Desde a primeira edição de Carta, em 22 de Novembro de 2018, o cronista Juma Aiuba impregnava nestas páginas o doce sabor da sua escrita. Sua morte abrupta foi um tremendo golpe. Para tentar manter sua voz viva, Carta decidiu reeditar semanalmente uma das suas crónicas. Seu perfume permanecerá vivo!

 

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A FRELIMO venceu a repetição da eleição decorrida na vila municipal de Marromeu com uma diferença de menos de meia centena de votos em relação à RENAMO. Algumas pessoas andam muito nervosas com isso, e com razão.

Infelizmente, repito: infelizmente mesmo, a luta pelo bolo que estamos a assistir na RENAMO em Nacala-Porto não é novidade nenhuma. Infelizmente! Afinal de contas, todo aquele teatro que os partidos políticos têm-nos proporcionado, aqui neste pedaço de terra com apelido de jóia, não é nada mais nada menos do que uma corrida ao bufê mahala. Infelizmente!

 

O azar da RENAMO foi os convidados terem insultado o garçom e o "di-djei" ter gravado e publicado a discussão. Coisas de caloiros. Falta de experiência. Normalmente essas coisas não se discutem nem antes nem depois da festa. Esse "modus faciendi" já vem nos estatutos do grupo.

 

Noutros partidos uns já se servem das fatias antes mesmo do bolo sair do forno e antes mesmo do cozinheiro aprovar. As vezes, milagrosamente, quando o bolo sai massudo ou queimado, aqueles que não comeram um grão sequer é que ficam com as dores de barriga e com as disenterias. Passam a vida a pagar por um prato que não degustaram e nem conhecem o preço.

 

Na tentativa de proteger o bolo e distribuí-lo à mais gente, em fatias iguais, Amurane pagou com a sua vida. Desentendeu-se com os "donos da festa" e alguém enfiou-lhe chumbo no peito. Infelizmente!

 

Raul Novinte, o edil recém-eleito de Nacala-Porto, está entre a espada e a parede. Na verdade, ele não terá outra alternativa senão aceitar mercenários e paraquedistas no seu governo.

 

Não sei por que é que o Novinte está a espernear tanto, se ele próprio sabe muito bem que acabará por entregar a confiança do povo de Maiaia de bandeja às aves de rapina do seu partido.

 

Infelizmente, é assim em todos os partidos. Partido é uma forma de roubo. O voto é apenas uma forma de legitimar o golpe. É a licença da actividade.

 

Prontos, que comece o assalto, então!

 

*Desde a primeira edição de Carta, em 22 de Novembro de 2018, o cronista Juma Aiuba impregnava nestas páginas o doce sabor da sua escrita. Sua morte abrupta foi um tremendo golpe. Para tentar manter sua voz viva, Carta decidiu reeditar semanalmente uma das suas crónicas. Seu perfume permanecerá vivo!

 

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Publicado em 27-11-2018

 

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