Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI

Co'Licença

segunda-feira, 27 janeiro 2020 06:10

A ingrata missão de lamber

No ofício de puxar-saco as coisas não seguem a lógica natural ou societal. No mundo do beija-mão, quando você é competente demais, você pode ser promovido para uma posição de relevo como forma de reconhecimento do seu trabalho. Mas, ao mesmo tempo, você corre o risco de permanecer no mesmo lugar eternamente. É que um gajo que lambe competentemente não se encontra em qualquer esquina. Porque é um ganha-pão que não se aprende na escola. É nato. Lambe-botas não se faz, nasce-se.

 

Um bom advogado, um bom sapateiro, um bom engenheiro, um bom pedreiro, um bom historiador, um bom alfaiate, um bom sociólogo, etecetera, faz-se com formação e experiência. Mas um bom lambedor, não. Esse não se planta. Emerge inesperadamente. Revela-se sozinho. E é raro. Parece que não, mas é. Muitos acham que é facil (e até desejam ser), mas bons nunca serão, se não nasceram com essa predisposição. Então, muitas são as vezes que o lambido não quer se desfazer do seu lambedor porque o lambido sabe que não é fácil encontrar um cara-de-pau despudorado e desavergonhadamente disposto a trabalhar.

 

Por isso, puxar saco demasiadamente bem pode ser mau para quem pensa em construir uma carreira na área. É muito provável que o tiro saia pela culatra. É uma profissão de carreira curta porque lambedor de não se herda. Normalmente, os lambidos não usam os lamdedores dos seus antecessores. Quando entra um novo chefe, a probabilidade do puxa-saco dançar a música do autoclismo é quase de cem por cento.

 

Outra crueldade do ofício de bajular é a perda total de confiança das suas próprias capacidades. Ou seja, mesmo que você suba de cargo por critério de competência técnica, você não acredita nisso. Você não vê e não reconhece essas qualidades. Você vai dando graças à graxa. E com razão: o lambido nunca exalta as verdadeiras qualidades técnico-profissionais do seu lambedor. Mas também porque não é do interesse do lambido tirar proveito da inteligência genuína do seu lambedor. A ele lhe interessa apenas a língua.

 

Então, vamos entender o que alguns dos nossos compatriotas estão a passar. É um "miksi" de expectativas: ser nomeado por ter lambido demais, mas também não ser nomeado pelas mesmas razões. Um ofício ingrato. Daí esse nervosismo todo que foi desaguar na juventude do pai de Samito. Até parece uma greve.

 

- Co'licença!

quinta-feira, 23 janeiro 2020 06:09

Governador sem pasta

Assim estamos felizes com este pacote de descentralização? É esta descentralização que tanto desejávamos? Governador "dele" que tanto fizemos barulho para elegermos é esse mesmo? Está bom assim?

 

Facto curioso é que os próprios deputados da RENAMO que tanto "barulho" fizeram pela descentralização não conhecem o pacote. Queriam um Governador de Província eleito, mas não dominam as suas atribuições e os seus termos de referência. Para eles, basta ser eleito. Daí que temos o tal Governador que é um autêntico "panhonho". Uma figura política sem poder nenhum. Um fardo ao erário público. Um peso desnecessário.

 

Custa acreditar, mas é esse "nada" que a RENAMO conseguiu negociar: um Governador sem pasta. Um Governador de uma província que não interfere nos assuntos de terra, recursos minerais, energia, segurança, etecetera, do seu próprio território. Um Governador da Província que é, em abono da verdade, um convidado do Secretário de Estado da Província - uma figura "estranha" indicada pelo Presidente da República. No espírito deste pacote, o Secretário de Estado pode mandar chamboquear o Governador, querendo. O Comandante Provincial da Polícia é subordinado à essa figura "estranha". Se você não pode gerir as fruteiras, nem mandar nos trabalhadores da tua própria quinta, e ainda com risco de um dia desses o guarda te dar umas boas porradas - se tiver um pouco de azar, então alguma coisa não está bem.

 

É isso que conseguimos negociar. Na verdade, esse Governador é como aquele espantalho que se coloca na machamba para afugentar animais. Aquilo só assusta passarinho. Macaco - que de parvo não tem nada - descobre logo no primeiro dia que aquilo é boneco. Macaco sabe que o dono da machamba não depende de ventania para se movimentar.

 

Essa figura de Governador é uma grande piada. A nossa sorte é termos o Governador e o Secretário de Estado todos da FRELIMO. Se tivéssemos um Governador da RENAMO na Zambézia, por exemplo, eu já teria comprado e montado uma pipoqueira na sala. O filme seria muito longo e dramático.

 

Assim estamos contentes? Estamos democraticamente realizados? Estamos a curtir a nossa democracia?

 

- Co'licença!

segunda-feira, 20 janeiro 2020 07:26

Das minhas limitações

Lembro-me como se fosse ontem: quando Celso Correia foi nomeado ministro, o mundo quase que ia desabando. Dizia-se, na altura, que Correia era um menino de recados e mimado de Armando Guebuza que, por isso, ia ao ministério para sabotar o Presidente Nyusi. Correia era marionete e puto de boladas sujas do Guebuza. 

 

Celso Correia não era nada ministeriável, logo para um sector importante e sensível como o da terra, ambiente e desenvolvimento rural. Não tinha experiência. Era um miúdo atrevido e ambicioso que não tinha noção das coisas. 

 

Já o Rajendra de Sousa entrou no ministério cheio de sabedoria e de coisas para dar. Enquanto vice-ministro, fez sombra ao próprio ministro. Tanto que não foi surpresa para ninguém que Rajendra passasse a ministro. Era o mais sensato. Era o que se esperava.

 

Do primeiro ao último dia, havia sempre uma expectativa em relação ao Rajendra de Sousa. As pessoas sempre acreditavam que Rajendra guardava uma carta da sabedoria na manga e que poderia tirá-la a qualquer momento. Mas nada! 

 

Hoje, Celso Correia é o tal ministro. O ministro irreverente, atrevido, ousado e criativo. Aquele ministro que não pode ser descartado. O ministro que é capa na FRELIMO. O ministro apoiado pela opinião pública. Hoje, Celso Correia e João Machatine são os tais ministros.

 

Enquanto isso, o Rajendra sumiu. Um grande académico e intelectual com voz de Jazzista na menopausa entrou gritando e saiu mudo. Perdeu ideias. Nunca vou-me esquecer daquele dia que o Rajendra apareceu na tê-vê apelando ao consumo massivo de "nhewe"/"tseke" porque, segundo ele, amolecia as fezes. Ali logo me apercebi que a bússola do cota estava avariada. Nunca consegui entender a relação entre a maciez do nosso côcô e a industrialização e comercialização do país. 

 

CONCLUSÃO

 

Por causa dessa e outras realidades, custa-me avaliar o governo, de acordo com as experiências ou diplomas das pessoas nomeadas. Tenho medo de comprar gato por lebre. Para fazer uma validação saudável do governo é preciso conhecer o objectivo do Estado. Ou seja, onde queremos ir. É preciso conhecer a Missão, a Visão e os Valores do Estado, como um todo, e dos Ministérios, como áreas de apoio. 

 

Por exemplo, qual é o objectivo da educação? Aqui parece que cada ministro cria a sua própria estratégia. É tudo pessoalizado. Ora 2ª classe tem exame, ora não tem; ora há 2ª época, ora não há; ora há exame extraordinário, ora não há; ora o ensino básico vai até 7ª classe, ora vai até 9ª; ora os exames são corrigidos em Maputo, ora cada um corrige sozinho; ora a passagem é automática, ora é semi-automática; ora é electrónica, ora é quase-mecânica; ora o livro deste ano é desta editora, ora é daquela editora; ora isto, ora aquilo. Afinal, qual é a visão do Estado para a Educação a longo prazo?

 

Parece que estamos a construir um edifício que ninguém conhece o projecto. O pedreiro, o carpinteiro, o canalizador, o electricista e o serralheiro não sabem como será o edifício, apenas sabem que é para residência. Por isso, o critério de avaliação do trabalho de cada profissional é a sua esperteza e a sorte.

 

Então, é aqui onde moram os meus limites. 

 

- Co'licença

quinta-feira, 16 janeiro 2020 06:35

Surpreenda-nos, Senhor Presidente!

Acompanhei atentamente o discurso de tomada de posse de Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de Moçambique. De resto, foi um discurso bonito, mas não tanto quanto o de 2015. Na verdade, a beleza do discurso de 2015 residia na "curiosidade". Estava carregado de simbolismos da estreia. Do novo. Da ansiedade. Estava repleto de nervosismos de ambas as partes: do orador e do receptor. 

 

Por um lado, o povo estava ansioso em ouvir o que é que o NOVO, o JOVEM e o ENGENHEIRO de estruturas férreas tinha para dizer e, por outro, o Presidente estava ansioso em saber como seria recebido e entendido pelo seu povo. Era um Chefe de Estado engenheiro e jovem, atributos que fugiam do protótipo moçambicano (e porquê não, africano) de governante. Nyusi deve ter sido o Chefe de Estado que apresentou o discurso mais "conectante" com o povo. Acredito que depois daquele discurso a sua popularidade tenha subido de fasquia. 

 

Em 2015, Nyusi era "empregado" e o povo, "patrão". Tinha um coração onde cabiam todos os moçambicanos. A juventude e a educação eram o seu ópio; a corrupção e a impunidade, os seus piores inimigos. A liberdade de imprensa e de expressão era o apanágio. Na prática, "nheto"! 

 

O discurso de 2019 é o mesmo de 2015, mas com uma caligrafia trémula e sem confiança. Parecia um discurso que não estava a sair do seu íntimo. Pouca retórica. Faltou vida ao discurso. Até parecia um daqueles informes do Estado da Nação... cheio de incertezas e pouca convicção. E com razão! 

 

O quinquênio passado foi muito problemático. Se fosse num jogo de futebol, diria que foi uma primeira parte falhada. Diria que, neste momento, estamos a perder e temos de recuperar na segunda parte. Temos de ter a coragem de reconhecer isso sem evasivas nem subterfúgios e, muito menos, vergonha. Aliás, o próprio Chefe de Estado já se deu conta disso. Se pegarmos na gíria desportiva de que "equipa que ganha não se mexe", chegaremos a mesma conclusão. Ao anunciar que 60 por cento do próximo governo será gente nova, o Presidente Nyusi está a reconhecer a inoperância do governo anterior. Esteve aquém do esperado. Não quero aqui alencar motivos para não ser repetitivo, dado que tem sido um debate actual da mídia nacional e internacional.

 

Como o discurso do primeiro mandato não passou disso - discurso, agora só posso esperar apenas que o Presidente nos surpreenda pela positiva. "Wallahi-Billahi", espero que o Presidente Nyusi desfaça o meu equívoco e mostre que, desta vez, pode ir muito além das promessas públicas. E eu acredito que isso é possível.

 

Estamos aqui para ajudá-lo sempre que precisar, Excelência. Usarmos os "recursos minerais" para catapultarmos a "agricultura" para criarmos o "desenvolvimento" para chegarmos ao "zero fome" não é coisa doutro mundo. Fazermos com que os recursos naturais não sejam a nossa maldição é fazível. Ouvirmos e respeitarmos ideias diferentes, analisarmos e acolhermos - se for o caso - não é um bicho de sete cabeças. Não nos enfiarmos balas e não nos quebrarmos tarsos, metatarsos, carpos, metacarpos, falanges, falanginhas, falangetas, úmeros, tíbias, etecetera, não custa nada. Combatermos a corrupção é também possível. Alimentarmos a Tabela de Téo com mais gatunos é canja. Unidos somos mais fortes. 

 

Eu aredito piamente na vontade do Chefe de Estado de materializar o seu discurso. É possível, sim. Já, o foco, este parece que anda preso numa teia algures. Parece que depende da boa fé dos beija-mão. Os cânticos das hosanas têm estado tão altos que ensurdecem e tiram o foco do nosso Presidente. Evitemos distrair o Presidente desta vez! 

 

Que este mandato seja o nosso presente! Surpreenda-nos a todos, incluindo os bajuladores. Supere-se e surpreenda-nos, Excelência! Aquela visita inesperada ao Presidente Dhlakama na Serra da Gorongosa foi uma demostração de que é capaz de se superar e de nos surpreender e, diga-se, foi o píncaro do mandato... se ainda não deu bons frutos, é assunto para outro fórum. Trabalhe fora da caixa, Excelência! É possível. Saia do papel! Eu ainda "confio em ti", porque também sei que "contigo" pode "dar certo". Surpreenda-nos! "Tamu-juntu", camarada! 

 

- Co'licença!

terça-feira, 14 janeiro 2020 06:55

Os 7 pecados capitais do nosso Parlamento

1. Pedir a palavra para gastar tempo de antena exaltando o seu presidente do Partido como se ele fosse Deus. "Em primeiro lugar, gostaria de endereçar as minhas saudações ao nosso querido e amado presidente [do partido] pela sua dedicação, abnegação, entrega, altruísmo, responsabilidade,...". É desnecessário e enfadonho. E quando você vai consultar o significado dessas palavras no dicionário descobre que são todas sinónimas. Ou seja, o gajo gasta tempo a dizer a mesma coisa sem saber. Dá até preguiça ouvir essas m*rdas. No entanto, quando entra no assunto de interesse não diz nada. Para piorar, depois dessas infelizes hosanas, começa a insultar o presidente dos outros. Eu acho aquilo uma "granda" filho-da-putice. Você já escovou até chegar aí, não precisa escovar continuamente. Aliás, não é uma boa passarela para exibir esse tipo de talento.

 

2. Não contribuir para o debate. Possas!!! Há deputados que ninguém conhece, nem mesmo no seu próprio círculo eleitoral. Gajos que nunca falam. Eu acho que a plenária da Assembleia da República devia ser como na sala de aula onde o professor obriga que os alunos participem activamente. Deputado que não abre a boca, mas somente bate palmas, ninguém merece. É um desperdício. Tem microfones que nunca foram ligados durante toda a legislatura passada.

 

3. Falar m*rdas. Trazer assunto totalmente oblíquo ao debate. Caramba!!! Esse é pior que aquele que não fala. Está-se a debater orçamento e o fulano levanta assunto de enchimento de urnas e falsificação de editais. Nada a ver! Assim não se produz. E veja que, quando é para se debater a lei eleitoral, o gajo começa a falar do orçamento da sessão passada. É até uma boa piada quando os deputados se insultam, mas se for fora daquele recinto, melhor.

 

4. Voto de disciplina partidária. Não pensar e não analisar o assunto. Votar pura e simplesmente porque o colega votou. Excesso de disciplina partidária. Esse é o principal obstáculo à produção, à produtividade e ao desenvolvimento. Não se pode desenvolver de forma sustentável sem um debate franco. Debate franco passa até por questionar a sua própria ideia. Duvidar dela. Ouvir e avaliar argumentos contrários. Aliás, foi essa cena de disciplina partidária que matou o país com a inclusão deliberada e irracional do calote no Orçamento de Estado.

 

5. Dormir em plenária. Dormir e acordar com palmas. Não sei a que se deve, mas que irrita, irrita. Se sabe que não está em condições de trabalhar, fica em casa e assuma a falta. Assuma o desconto.

 

6. Viver numa província e pertencer ao círculo eleitoral de outra província. Eu nunca entendi isso. E não me conformo. É legal, mas não é justo. Participar da vida das pessoas que diz representar via "Feicibuk" ou WhatsApp é a pior aberração da nossa democracia. Conhecer o seu círculo eleitoral via "Gugle" é simplesmente um desperdício de dinheiro.

 

7. Não se debater o informe do estado da nação do Presidente da República. Está deve ser a milésima vez que escrevo sobre essa palhaçada. É que é uma palhaçada mesmo. Uma autêntica falta de absurdo, como diria o Muzzo. Então, o "empregado" sai dos seus aposentos, vai à casa do seu patrão para dizer o que lhe vem na cachimônia sobre a vida do seu patrão e o patrão não diz nada!? Fica só a ouvir!? A olhar!? Então, o mecânico faz o diagnóstico da sua viatura e você simplesmente assume tudo sem questionar nada!? Não pode saber os motivos da avaria, o preço do serviço, os prazos, as outras alternativas, etecetera!? Afinal, onde fomos buscar esse modelo!? Não seria melhor gravar a mensagem e enviá-la a imprensa, sem ter de gastar palmas e rimas emparelhadas da presidente da Assembleia!?

 

Essas e outras coisas (sem hierarquia entre elas) me tiram o entusiasmo do trabalho parlamentar. Me tiram forças de votar. Juro que gostaria de estar eufórico com a tomada de posse e com o início da nova legislatura, mas desconsoladamente não dá. Infelizmente, é a nossa democracia. Mas, pode mudar... querendo.

 

"Eni-wei", parabéns, aos deputados!

 

- Co'licença! 

segunda-feira, 13 janeiro 2020 06:26

A vida é uma "laife"

Estou a pensar seriamente em abrir um curso intensivo de inclusão, integração e inserção social dos dirigentes e deputados cessantes. É uma iniciativa (pertinente e oportuna, diga-se!) da minha amiga Xanah. Eu alinho com esta ideia, primeiro, pela oportunidade de empreender e ganhar um algum, e, segundo, pelo espírito de cidadania e responsabilidade social individual.

 

Por exemplo, vamos fazer um "coaching" onde essas pessoas vão aprender lidar com "não temos paracetamol" dos hospitais e com "volte amanhã, a pessoa que devia despachar não está" das repartições públicas. Outra disciplina, não menos importante, será sobre pagamento individual das próprias despesas e impostos. Estudos confirmam que as pessoas que serão descartadas, grosso modo, não sabem que comida, água, luz e escola das crianças pagam-se. Não sabem que empregados recebem. Não têm ideia do valor do IVA. São gajos que nunca compraram nada.

 

Alguns desses compatriotas pensam que "Dívidas Ocultas" é uma nova obra poética infantil do escritor Pedro Pereira Lopes. Não acreditam que essas famigeradas dívidas existem de verdade e que o povo está a pagar nas calmas. Será, por isso, necessário fazê-los lembrar que esse calote parou no Orçamento do Estado graças à disciplina partidária dos camaradas.

 

Espera-se que esses senhores e essas senhoras reaprendam a viver sem assistente de campo e sem senhas de combustíveis e vinhos. Espera-se igualmente que se lembrem do PIN dos seus cartões e voltem a pagar sorvetes e viagens com o seu próprio salário. Que ganhem a consciência de que é preciso trabalhar para ter dinheiro e que trabalhar é muito mais do que assinar papéis e comer "bufês" em "workshops".

 

Espera-se que depois do "coaching" essas pessoas voltem paulatinamente a racionar com o cérebro. Que sejam actualizados os DUAT's dos seus órgãos internos e, de uma vez por todas, parem de pensar com o estômago e falar com a cavidade anal. Na verdade, espera-se que esses dirigentes e deputados "rejeitados" caiam na real.

 

Mas também teremos um "coaching" especial para os nossos irmãos lambe-botas que não conseguirem a esperada nomeação. Vamos ministrar disciplinas evangélicas para não desanimarem e não caírem na depressão. Vamos falar da fé e da esperança. Assim, os gajos podem continuar a lamber por mais cinco anos na esperança de um próximo quinquênio melhor. Dói muito saber que há colegas "escovinhas" que lamberam somente um semestre e foram nomeados Pé-Cê-As e você ainda é a incógnita da equação.

 

Esse "coaching" vai-se chamar "a vida é uma 'laife'". Inscrições abertas. O candidato deve ser assaltante... digo, exaltante comprovado da pátria; apresentar cópia autenticada de certidão de preguiça de raciocinar e trabalhar e; carta de motivação de querer ser povo. Não é necessário apresentar fotografia porque nós vos conhecemos.

 

Temos vagas para "coaches": ser apóstolo/a da desgraça convicto/a; não ter comido sequer um atum oficioso e; ter excelente domínio da "Tabela de Nhangumele" na óptica do utilizador. Ter visto "mão externa" uma vez na vida é uma vantagem.

 

Aprioristicamente, agradecido.

 

- Co'licença!

Pág. 22 de 46