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sexta-feira, 12 junho 2020 07:37

Nuno Rogério e "O Cabo da Intriga"

Entrevista com Nuno Rogério, autor do livro "O Cabo da Intriga": Intrigas e ódio em Moçambique tem participação de moçambicanos de topo.

 

É uma personagem que as autoridades moçambicanas não nutrem muitas simpatias, principalmente depois de ter mostrado que, quando fuma suruma de Muidumbe, não se lembra do que faz. Mas é das poucas fontes até aqui que teve a coragem de escrever sobre os corredores da fofoca institucionalizada ao serviço do Estado moçambicano que ficou conhecida como Gê-40. É uma equipa de choque criada no segundo mandato daquele cota que já não se lembra de Nhangumele e que vem remodelando com a entrada dos lambe-botas estagiários que nos últimos tempos têm-se mostrado muito agressivos. O autor diz que a fofoca, a mentira, a intriga e o ódio tem participação de moçambicanos de topo. Acusa o Estado moçambicano de não dar prioridade o combate ao puxa-saquismo institucionalizado e alerta: se Moçambique se transformar num salão de intrigas e Maputo se transformar num campo de ódio, nós temos um problema grave, não só para o povo, mas também para o governo e o próprio partido FRELIMO. 

 

Canal de Moçambique: Começamos por questionar: que livro é este?

 

Nuno Rogério: O livro é essencialmente uma conjunção de dois estudos. Um estudo que eu desenvolvi em 2014 sobre a criação do famigerado Gê-40 que tem vindo a embaraçar a liberdade de imprensa e de expressão em Moçambique, e um recente estudo sobre o ressurgimento do mesmo grupo Gê-40 já com mistura de membros entre jovens e veteranos académicos, advogados, físicos, jornalistas e desocupados que se caracterizam por serem usuários de um vocabulário mais insultuoso e que não escondem a sua cara-de-pau e que são apadrinhados por altos comandos do sistema.

 

Canal de Moçambique: Essa participação desses altos comandos do sistema, para não dizer moçambicanos, tem alguma influência ou participação de alguns intelectuais nacionais?

 

Nuno Rogério: Tem uma grande participação de intelectuais nacionais.

 

Canal de Moçambique: Ao nível do topo ou ao nível da base?

 

Nuno Rogério: Ao nível do topo. Nós publicamos recentemente, e o livro também o diz, uma lista de académicos e intelectuais moçambicanos conhecidos que se filiaram a esse movimento Gê-40, principalmente residentes em Maputo. Mais recentemente, a partir de 2016 e 2019, portanto no fim do primeiro mandato do engenheiro ferroviário, verificou uma série de concidadãos nessa infame equipa com a entrada de jovens historiadores, advogados e alguns velhotes físicos nucleares e gestores de empresas jornalísticas que entregaram toda a sua reputação na arte do kiwismo, como diria um concidadão. Portanto, essa avalanche tem a ver com as nomeações de gratificação e recompensa aos antigos Gê-40 a altos cargos de gestão pública e governativa. Pode se considerar um grupo bastante peculiar na sua actuação. Alguns até viajam a Nova Iorque a procura de alguma postura pública.

 

Canal de Moçambique: O que leva a que esta forma de actuação do Gê-40 em Moçambique seja peculiar?

 

Nuno Rogério: O Gê-40 de Moçambique é igual ao que se chamou  de inquisição na igreja católica, que começou no século XII na França, cujo objectivo era combater a heresia. Mas o perigo do Gê-40 está no seu poder corrosivo das bases do poder (eleitorado) que pode culminar com o descrédito e uma reforma interna de grandes proporções do partido FRELIMO, no poder desde 1975, assim como aconteceu com a reforma protestante e a contrarreforma católica que se verificou nos séculos seguintes. 

 

Canal de Moçambique: Mas o governo tem noção disso?

 

Nuno Rogério: Olha, nigga, eu não dei esta entrevista. Se você publicar, eu vou desmentir. Vamos parar no tribunal, bro! 

 

Esta entrevista podia continuar, mas o Nuno fumou de novo. 

 

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quarta-feira, 10 junho 2020 08:45

Os devaneios da Ó-Eme-Esse não são inocentes

Ninguém vai me convencer que os "ditos e não ditos" da Ó-Eme-Esse são de todo inocentes. Não!!! Não acredito que Maria Van Kerkhove, cientista, pesquisadora, epidemiologista com longa experiência em patogenos de alta ameaça, especialista em doenças infecciosas emergentes e líder técnica de resposta à COVID-19 e chefe das unidades emergentes de doenças e zoonoses da maior organização sanitária do mundo, se pronuncie sem anuência técnica institucional assim com tanta leviandade. Não quero acreditar que uma profissional do seu nível se tenha referido publicamente a um pequeno estudo inconclusivo como um facto de forma tão inocente num momento como este. Não acredito!!!

 

Ela não foi encontrada de surpresa na barraca. Ela falou numa conferência de imprensa convocada pela Ó-Eme-Esse. Ou seja, a Ó-Eme-Esse chamou a imprensa porque tinha algo a dizer... e crê-se que estava preparada para dizê-lo. E a doutora Maria Van Kerkhove é a porta-voz preferida desde o início desta pandemia e é experiente nisso. Não é possível que ela tenha falado sobre "a raridade dos assintomáticos transmitirem a doença" do nada... por lapso ou por equívoco. Isto tudo parece deliberado. É muita confusão junta! É muita incoerência discursiva! Não é pela novidade da doença, mas... sei lá... parece uma confusão premeditada milimetricamente. Parece gato com factura de lebre.

 

A Ó-Eme-Esse tem consciência dos estragos que uma afirmação equivocada pode provocar nas estratégias de mitigação de uma pendência desconhecida como a Covid-19, principalmente em países pobres como Moçambique. A Ó-Eme-Esse sabe o quanto países como Moçambique perderam tempo, energia e recursos financeiros na implementação de túneis de desinfecção que hoje são meras sucatas. A Ó-Eme-Esse sabe que países como Moçambique que se guiam segundo as suas orientações e afirmações podem colapsar na pandemia por causa de equívocos. Uma hora de desinformação pode ser fatal. 

 

Nós temos muitos problemas por resolver, senhores! Temos os insurgentes no Norte, temos malta Nhongo no Centro, temos barcos de atum que não sabem nadar, temos Nhangumele e sua banda por escutar, temos um ladrão de estimação por fazer "check-in", temos a fome por erradicar, temos desintegrados por reintegrar, temos descentralização por praticar, temos os nossos Mambas que querem ser Rinocerontes, temos músicas de Mista-Bow por pagar, etecetera, etecetera. Os nossos problemas são muitos! Não venham vocês atrapalhar a nossa luta contra esta pandemia! Não somos assim tão estúpidos quanto parecemos ser, e também sabemos que vocês não são tão inocentes quanto dizem. Organizem-se, faxavor! Haja seriedade! Melhor desinformado do que mal informado.

 

Sei que as minhas publicações sobre a Covid-19 são partilhadas nos grupos do pessoal da Ó-Eme-Esse e seus parceiros, e espero que partilhem esta também. Só não escrevo em inglês, francês, sueco, grego, polaco, etecetera, porque confio na tradução que António Guterres irá fazer. 

 

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segunda-feira, 08 junho 2020 08:28

Tomar "gonazololo" no momento do orgasmo

Nampula é a província mais populosa do país; é a segunda província com maior densidade populacional (perdendo apenas para a cidade de Maputo); é uma província de alta mobilidade comunitária e urbana; é uma das províncias com maior mobilidade e presença de estrangeiros (cerca de 10 por cento dos residentes são africanos dos grandes lagos); é um corredor nacional e regional (marítimo, terrestre e aéreo); possui um dos maiores centros de refugiados do país e da região; recebe refugiados de guerra de Cabo Delgado; tem uma população maioritariamente analfabeta; é um terreno sensível a boatos; é uma província predominantemente da oposição (onde quase tudo o que vem do governo se confunde com ordens do partido FRELIMO e a tendência é não acatar para não parecer frelimista); é uma província culturalmente com forte solidariedade comunitária; etecetera.

 

Só agora, depois de estarmos na contaminação comunitária da Covid-19, o governo central, na pessoa do ministro da Saúde, diz que vai reforçar a vigilância a nível da cidade e da província de Nampula e, por isso, vai instalar um laboratório de testagem na província. Isto é o verdadeiro espírito moçambicano de deixar tudo para a última hora. Espírito de bombeiro. 

 

Isso significa que estamos a viver uma Emergência sem Estado. O Estado está a correr atrás da Emergência. O Estado está perdido. Não se explica que Nampula, Niassa, Cabo Delgado (até Zambézia) ainda estejam dependentes do laboratório de Maputo quase três meses depois ser detectado o primeiro caso aqui na região. Nampula é capital regional e tem tudo para ter um laboratório também regional. Aquela triste e vergonhosa notícia do primeiro óbito que teve o seu resultado cinco dias depois de morrer é obra da preguiça do Estado. Esses números volumosos de casos que estamos a ter na província também têm a ver com isso. A transmissão comunitária que hoje se vive em Nampula é o resultado dessa apatia. Assim não dá!

 

Será que o governo não fez essa leitura antes de entrarmos para a contaminação comunitária?! Será que a comissão científica não analisou isso e mais outras características?! Será que esses números que estamos a ter em Nampula são, de facto, surpreendentes de todo?! Será que é mesmo novidade que Nampula iria "ganhar"?!

 

E agora!!! Será que não é tarde demais?! Um laboratório de testarem da Covid-19 no fim do terceiro "round" do Estado de Emergência vai ajudar?! Ainda vamos a tempo de conter essa contaminação?! Ou é como aqueles cotas que esquecem de tomar a viagra e só se lembram no meio do jogo. Aqueles que tomam "gonazololo" no momento do orgasmo, quando tudo está a tremer, ambos com olhos de bagre morto, pernas bambas e gemidos de hienas no cio. Só para dizer que tomou!

 

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segunda-feira, 01 junho 2020 08:15

A certidão de um insurgente urbano

Sinceramente! Será que era mesmo necessário que a Assembleia da República enviasse uma carta ao Tribunal Administrativo a solicitar um atestado sobre o estado de ética de Gustavo? Precisava mesmo?! Será que a dúvida sobre o dito cujo ser detentor de uma mão-leve era assim tão grande?! Será que não se podia esclarecer isso internamente, em vez de se gastar papel, tonner, carimbo, assinatura, agrafador, envelope, cola, combustível, tempo, etecetera, do Estado?!

 

Mas, também era necessário o Tribunal Administrativo fazer uma esteira daquele tamanho para responder à solicitação da Assembleia da República?! Aquele festival de vocábulos todo só para dizer que Gustavo roubou - sim -, foi condenado e ele não gostou da condenação e recorreu?! Custava alguma coisa dizerem simplesmente "senhores deputados, respondendo à vossa solicitação, temos a dizer, sem evasivas nem subterfúgios, que esse madala aí não presta... é gatuno, mas ele não não gosta de assumir!" e ponto final?! Aquelas voltas todas eram desnecessárias.

 

Também acho desnecessário o tempo de espera para ter uma resposta a um recurso da decisão do tribunal. Quase uma década a espera da tramitação de um recurso?! Assim qualquer ladrão esquece que roubou! Quer dizer, as vezes o Gustavo chega mesmo a acreditar que é inocente. É que já mamou a mola e esqueceu e, como nunca entrou na "djela", acaba acreditando mesmo que nunca roubou. Com o avanço da idade, coadjuvado por consumo desproporcional de poções etílicas e ervas daninhas, é normal que o Gustavo diminua paulatinamente os seus intervalos de lucidez e passe a acreditar na sua esquizofrenia de bom moço. Pode ser que, quando ele diz que é inocente e que nunca roubou, esteja a falar de boa fé. Pode ser que, no fundo do seu coração, o Gustavo acredite mesmo que seja um cidadão ético. É muito tempo de liberdade para um gatuno! 

 

Enfim, está aí a certidão do acórdão do Tribunal Administrativo para "clarificar e aferir a idoneidade de um dos candidatos a membro da Comissão Central de Ética Pública" que mostra claramente que o fulano em questão não passa de um insurgente urbano de terno e gravata e português polido que se aproveita dos corredores do lambe-botismo criados pela FRELIMO para sequestrar o Estado moçambicano. Um charlatão de perigosidade nível 4.

 

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quinta-feira, 28 maio 2020 06:38

"Os Nhangumeles do Índico"... e outras marcas

Hoje acordei disposto para concordar com a proposta apadrinhada por Sua Excelência Gilberto Mendes. Sou obrigado a concordar com ele porque, em primeiro lugar, de facto, temos de encontrar um nome para a nossa seleção nacional de futebol que se identifique connosco neste preciso momento. A ideia é termos um nome que, quando as pessoas ouvirem pelo mundo fora, não duvidem que se trata de Moçambique. Portanto, um nome que não crie confusão nas pessoas. Uma marca nacional. Aquilo que nós somos e como somos conhecidos além fronteiras.

 

Em segundo lugar, como defende o meu caro ilustre amigo camarada Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, é preciso termos um nome que vende. Também concordo! Temos de encontrar um nome que não precisa de marketing, um nome que se vende sozinho. Deve ser um daqueles nomes que qualquer um que ouve diga "uau, eu quero isso para mim". Daqueles nomes que qualquer empresário quererá associar à sua marca. Deve ser um nome único. 

 

Também concordo, em terceiro lugar, que temos de encontrar nome de um animal que nos orgulhe. De acordo com o próprio Sua Excelência, um animal que esteja em extinção e, por isso, protegido. A ideia é que seja um animal que estimamos muito, mas que não existe em abundância em outros países. Bravo, Excelência! É uma questão de concorrência: menor oferta, maior procura. Até acho que Samuelson e Nhordaus falam disso na economia. Estou a gostar dos livros que Sua Excelência está a ler.

 

Não podemos esquecer que estes são outros tempos. "Mambas" está ultrapassado e dá azar. Por isso, libertemo-nos das amarras! Temos de ter nome de uma coisa moderna e sortuda. Uma coisa de hoje. Um nome que encerra em si um significado positivo. Talvez esteja aqui o problema de Cabo Delgado: o nome. É que "cabo" é a ponta por onde se segura um utensílio (cabo de vassoura) e, em Geografia, "cabo" é um acidente geográfico. E "delgado" significa fino. Então, esse nome só pode ser de azar mesmo. Cabo Delgado lembra a ponta do tridente do capeta ou, então, um terreno estreito onde acontecem muitos acidentes. Se mudarmos o nome, talvez os insurgentes desapareçam sozinhos e a vida volte a normalidade. 

 

Para a nossa seleção nacional de futebol, estou aqui a pensar num nome que dá a ideia de patriotismo, modernidade, autenticidade, bravura, sagacidade, vitória e marca. Sua Excelência Gilberto, que tal, "Os Nhangumeles do Índico". "Os Gatunos Vermelhos". "Os Changs Insaciáveis". "Os Fiadores Ocultos". "O Tabuleiro Intocável". "Os Codificados". "Os Estimados da Pátria. "Os Sem Vaselina". Os Enfiadores da Pérola". "Os Ladrões Indomáveis". Sei lá!!! 

 

Ajudem aí, pessoal! É uma campanha de procura do nome da sorte para esta geração. Tem de ser um nome que nos leve direto ao Mundial. Um nome que, só no aquecimento, o adversário e a equipe de arbitragem começam a tremer. Um nome que o placard vai marcar três à zero enquanto ainda estamos a equipar. Vamos jogando só por questões de elegância e ética desportiva. Vamos levando as taças e as medalhas um dia antes do jogo. Tem de ser um nome que até o vídeo-árbitro vai mostrar os lances antes do jogo iniciar. Um nome que vai nos levar a disputar o EURO e a Copa América. Um nome que vai fazer com que Moçambique seja a sede da FIFA e Feizal, presidente. Um nome que vai fazer com que Messi e Ronaldo venham viver aqui. Um nome de guerra bonito, que vende. Um nome muito nosso. Uma marca.

 

Então, fica a dica: se tiveres um filho drogado e que não gosta de estudar, faz nova cédula com novo nome; se o teu Toyota-Starlet anda avariado, pinte-o com outra cor e escreva "Lamborghini" na traseira; se a tua vida vai mal, faz novo BI, irmão... com outro nome, evidentemente. O segredo da felicidade está no nome, é o senhor Carlos que assim o diz. Só ele mesmo para trazer o lado cómico da nossa trágica desgraça! Nossa senhora das piadas, rogai por nós!

 

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segunda-feira, 25 maio 2020 09:04

Um dedo de conversa com o tio Gustavo

- Como é que o seu nome foi parar na lista do partido FRELIMO para membro da Comissão Central de Ética Pública?

 

- Bom, primeiro, devo dizer que alguém propôs o meu nome em sede do partido. Fui consultado e eu aceitei. Então, o meu nome foi aprovado pelos membros do partido e levado à bancada do partido FRELIMO na Assembleia da República.

 

- Mas porquê?

 

- Porque para o partido FRELIMO, eu sou um cidadão exageradamente ético. O presidente do partido até nem acreditava que eu existia de verdade em carne e osso. No dia que ele me conheceu assim ao vivo, chorou de emoção. Olha, a Comissão Política do partido nem acredita que eu sou membro. Eles rendem comigo! A sociedade, o povo, a opinião pública não vêem isso, mas o partido FRELIMO vê muita ética em mim. Para o partido, eu sou o guardião da ética e da moral do partido.

 

- Não é verdade!

 

- Então não! Não viste na televisão quando o chefe da bancada do partido FRELIMO estava a defender a minha nomeação? 

 

- Então, o Sérgio defendeu?

 

- Defendeu, sobrinho! Defendeu e muito bem! Disse, na primeira pessoa, que o partido FRELIMO propõe o nome do cidadão Gustavo porque “é uma pessoa culta e com conhecimento profundo da realidade moçambicana e que sempre denunciou os horrores da guerra civil dos 16 anos, ele tem todas qualidades para fazer parte da Comissão Central da Ética Pública”. Ao vivo, sobrinho.

 

- Xeee, tio! Mas ele não sabe das m*rdas que fizeste na AIM?

 

- Que m*rdas, sobrinho? Se eu tivesse roubado, estaria aqui hoje? Ladrão vai a televisão, a rádio, etecetera? Quando me tiraram da AIM não me deram outro emprego? Melhor ainda! Sobrinho, aquilo foi roubo para vocês. Lá no partido aquilo chama-se deslize. Deslizei um pouco. Só não desliza quem não trabalha! E aquele deslize melhorou muito a minha posição no ranking da moral e da ética dentro do partido. Aquilo contou muito na proposta. Há uma ética dentro da FRELIMO que é muito diferente dessa ética daqui fora. A nossa ética lá dentro não é como esta vossa cheia de mimimis. E a nossa ideia é impormos a nossa ética à sociedade.

 

- E, agora, assim, como é que fica?

 

- Com esse barulho que esses surumáticos levantaram, já não vão me colocar ali. Vão me dar um lugar melhor. Sobrinho, não te lembras que foi assim com aquele puto Filimão em Agosto do ano passado? Foi abandonado na Assembleia da República quando era para ser ouvido para o cargo de juíz Conselheiro do Conselho Constitucional. E hoje onde está? Tás a ver! O partido é assim mesmo, não gosta de poeira. Depois disso, vão me esconder num lugar qualquer... mas bom! 

 

- Mas então como classificas esses gajos da sociedade civil que estão a escrever cobras e lagartos a teu respeito?

 

- Apóstolos da desgraça!

 

Bati o último gole e fui-me embora antes que o Mahindra chegasse. Era dentro da boutique da Dalila, no mercado de Janet. Parece que só vende roupa e cabelos da Índia... também vende whisky e gin.

 

- Dona Dalila, vou te transferir Eme-Pesa. Peço mais um duplo para o tio Gugu. 

 

É sempre bom conversar com os mais velhos. Aprende-se muito!

 

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