Director: Marcelo Mosse

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Actualizado de Segunda a Sexta

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Co'Licença

segunda-feira, 20 julho 2020 08:15

Estamos a ser muito injustos!

Muito bom!!! Já falamos do corona que está a matar. Já falamos do Estado de Emergência que não acaba. Já falamos do Eme-Ci-Rodja que não vai mais apresentar na Tê-Vê-Eme. Já falamos de escolas que não têm condições. Já falamos da 'Estrela Polar' que fez anos. Já falamos da Edmilsa Governo que fugiu da casa da Alice Mabota. Já falamos do hit 'o kulupado é o namorado dela' do Irmão Mbaula que está a bater. Já falamos do Pê-Cê-A da É-Dê-Eme que caiu porque alguém subiu na torre. Já falamos do Real Madrid que é campeão. Já falamos do Porto que também é campeão. Já falamos de Jesus que vai ao Benfica. Enfim, já falamos de tudo e sobre tudo. 

 

Já falamos do mundo e das galáxias. Já falamos do Matias e do Veloso que descobriram o segredo que M'tumuke... digo, Estado, escondeu num banco comercial privado. Já falamos de Nenane que foi encontrado em flagrante a cometer o crime de simulação. Já falamos da água da Ponta Vermelha que se parece com gin-tonic. Já falamos de máscaras penduradas no microfone. Já falamos de tudo e mais alguma coisa.

 

Um dia esse corona que tanto nos gabamos de ter vai passar. Um dia esse Estado de Emergência de teimamos em prorrogar vai acabar. Um dia as escolas vão abrir e as crianças vão voltar a estudar normalmente. Um dia o verão vai chegar e Eme-Ci-Rodja vai voltar a cantar. Um dia o Irmão Mbaula vai descobrir que, afinal, a 'kulupada' é a própria moça. Um dia o campeão espanhol será o Barça. Um dia o Sporting é que será o campeão português. Um dia o Matias e o Veloso serão absolvidos. 

 

Um dia tudo isso vai acabar. Tudo isso vai acabar e a única coisa que nos vai orgulhar será, como sempre, o nosso tabuleiro de gatunos. Quando tudo isso passar, a única coisa de jeito que vai sobrar para levantar a nossa auto-estima será, inevitavelmente, a nossa coleção olímpica de gatunos. Essa é a única coisa que nunca nos abandona. É o único trunfo que temos e sempre está ali disponível. A nossa equipa de gatunos foi (é, e sempre será) o nosso assunto mais internacional. Os nossos gatunos de estimação. O nosso passaporte. Mas, hoje, estamos a desprezar. Não estamos a falar deles. É muita injustiça!

 

Ter uma bandeja de gatunos daquela envergadura não é fácil. É muito trabalho. Hoje fico triste quando não reservamos sequer um post para falarmos do Chopstick, quando não debatemos a tabela de Téo, quando não mencionamos os Lamborghinis do Júnior, quando não falamos do turbante da tia Helena, quando não temos informações dos piripaques da tia Leoa, etecetera. É triste, simplesmente! Vai que os gatunos decidam abandonar a seleção! (já que estão lá por amor à camisola). Vai que eles decidam deixar de ser gatunos e entrem todos para a Comissão de Ética Pública! Como vamos fazer? 

 

Estamos a ser muito injustos! Respeitemos o que de melhor temos como povo! Reservemos uma linha no 'feici' para falarmos desses espécimes! Falemos, pelo menos, do Chang, irmãos! Ele está lá fora no epicentro do corona hasteando a nossa bandeira. Tantos prisioneiros regressaram ao país, mas ele continua lá firme e decidido. Honremos a sua boa vontade e bravura! Falemos deles um pouco! Não nos esqueçamos desses heróis! Ser gatuno patriótico não é para qualquer um.

 

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sexta-feira, 17 julho 2020 07:07

Meia-decisão

“Manteremos em vigor todas as medidas anunciadas anteriormente, o que significa que as escolas e os locais de culto continuarão fechados”. Muito bom! 

 

Manter as escolas fechadas e condicionar a sua abertura à criação de condições de higiene e segurança para as crianças é de longe a decisão mais sábia e lúcida do Presidente da República Filipe Nyusi, mas é uma meia-decisão. Faltou, quanto a mim, o essencial do discurso. O Presidente da República perdeu a oportunidade de pôr os pontos nos 'is' em relação ao futuro do ano lectivo 2020. É que todos sabemos que não iremos a tempo de criar condições de retorno às aulas em tão curto espaço de tempo. Ou seja, não teremos essas condições neste 2020. 

 

Por isso, o discurso do Presidente Nyusi peca por não deixar claro como fica o ano lectivo 2020. Ainda vamos a tempo de melhorar as condições das escolas e reabrirmos o ano lectivo 2020? Ainda há essa esperança ou queremos arrastar até Dezembro o assunto esquivo das propinas? É que, enquanto o ano lectivo 2020 continuar uma incógnita, continuaremos a pagar metade das propinas de crianças que estão sentadas em casa. Este ano é feriado. No fim de tudo vamos ver que este ano vai-se anular naturalmente... sem esforço. Mesmo que retornemos em Agosto ou Outubro, não iremos alcançar as metas (se é que existem) em três meses. Educação não é brincadeira!

 

O governo tem de decidir em anular o ano lectivo 2020 de uma vez por todas sem evasivas nem subterfúgios. Não há mais tempo. Não adianta vir com essa de rever o calendário escolar porque já não é mais possível. Sejamos honestos! Não há mais truques nem acrobacias. Anula-se o ano lectivo e o governo apoia as escolas privadas com linhas de crédito sem juros ou sei-lá-das-quantas. Percebe-se que esse titubear tem muito a ver com a pressão das escolas privadas e não com o interesse no ensino público. Percebe-se que o governo está enrolado. Essa enrolação atrapalha o seu foco, principalmente dos governos provinciais e locais. Os Secretários de Estado, os Governadores, os Presidentes dos Conselhos Autárquicos, os Administradores, os Chefes dos Postos Administrativos, os Chefes das Localidades, etecetera, vão gastando recursos e tempo preparando uma escola que não vai abrir neste ano, quando deviam estar focados em estratégias urgentes de prevenção e mitigação dos impactos da Covid-19 nas suas circunscrições. 

 

Haja coragem, senhor Presidente! Até quando vamos pagar propinas sem que as nossas crianças estejam a estudar?! Até quando essa enrolação?! Não seria melhor anular-se o ano lectivo para nos prepararmos melhor para o próximo?! Há que ainda acredita que iremos criar as condições necessárias em duas semanas e retornarmos às aulas em Agosto?! Ou precisa marcar um dia específico para se dirigir a nação apenas para dizer que 2020 é nulo?! 

 

- Co'licença!

quarta-feira, 15 julho 2020 06:52

Vender gonazololo para entrevistas de emprego

Tudo começou na semana passada quando recebi uma chamada de um número estranho. Eram por aí 6 horas da manhã.

 

- Alô!

 

- Alô! Bom dia doutor Juma! (Estranhei! Ninguém me trata com essas mordomias académicas. Era uma voz femininamente lírica, com sotaque afinado, timbre de single malt 'Glenfiddich' seco. Animava ouvir). 

 

- Bom dia! Olha, minha senhora, esse 'doutor' não é necessário. Na verdade, nunca me tratam assim. Não estou acostumado. Fico impotente. Não sei como reagir. (Fui afável. Falava e sorria para exibir boa educação).

 

- (Sorriu...) Desculpa o incómodo, doutor! Eu sou 'Fulana'. Vivo em Pemba. Quem me deu o seu número foi a 'Beltrana', amiga de 'Sicrano'. Então, vi umas vagas de emprego na empresa 'Xis' (uma empresa do ramo do gás), então, perguntei se alguém conhecia alguém lá e a minha amiga 'Beltrana' ligou ao 'Sicrano' que lhe enviou o seu e ela me passou e disse que o podia contactar por este número.

 

- Okey! Agora já entendo o 'doutor'. Faz sentido. A senhora falhou no número. A senhora queria ligar para o doutor Juma M****e (aprendi com Eme-Pesa) da empresa 'Xis'. Eu conheço essa pessoa, mas não sou eu. Quem me dera! O 'Sicrano' que deu o número a sua amiga se enganou. Acho que tem os dois Jumas no celular e se enganou ao dar o número a sua amiga. Infelizmente, não sou eu! Queria poder ajudá-la. 

 

- Opahhh! Desculpa! 

 

- Sem stress!

 

- Desculpa mesmo! Obrigada!

 

Fim de conversa.

 

Fim de conversa e início do meu martírio. Já lá vai uma semana que recebo em média 3 chamas por dia confundindo-me com o doutor Juma. Todos os dias. Todos mesmo. Maior parte, mulheres. No princípio, eu até me divertia. Sei-lá... fazia charme. Acho que elas também se encantavam com o meu sotaque chuabo-macua misturado com 'Impala' de milho e cannabis revoada. Ficávamos numa cavaqueirazinha por uns minutinhos. Mas, hoje, ando exausto com essas chamadas. O meu número está em transmissão comunitária num autêntico efeito dominó. Ontem foram diagnosticadas 4 chamadas positivas só a tarde. Um homem de Maputo e três mulheres, de Lichinga, de Pemba, e uma que desconheço a origem (essa então não lhe dei 'taime', lhe despachei logo).

 

Estou a sofrer há uma semana. Já tenho medo de atender números desconhecidos. Agora, já não sou mais educado com elas, nem afino mais o português. Falo como 'manharinga' mesmo... de Bajone. A partir de amanhã vou começar a insultar. Não aguento mais! Rezo para que esse recrutamento termine logo. 

 

Mas, em todo o caso, só queria partilhar um pouco convosco a relação entre o gonazololo, o 'Gillette' e as vagas de emprego. Se eu que sou o falso doutor Juma me ligam todos os dias, imagina o verdadeiro então! Se o doutor Juma sozinho recebe tantas chamadas, imagina os outros doutores da tal empresa! Vou-te contar! O jogo está muito agressivo, pessoal. Nos meus tempos de juventude, quando víamos vagas, corríamos para internet-café actualizar o 'Cê-Vê' e enviar, enquanto os responsáveis do 'Ere-Aga' iam preparando as perguntas para os candidatos na entrevista, e a seleção acontecia numa mesa. Hoje, tudo mudou: os candidatos correm a farmácia para comprar raspadores de virilha, enquanto os do 'Ere-Aga' vão ingerindo doses do elixir libidinoso, e o recrutamento é peito-a-peito. Esta é a verdade nua e crua: vender gonazololo em Cabo Delgado para entrevistas de emprego. Definitivamente, uma verdade mais nua do que crua. 

 

De resto,  tirando a calamidade da insurgência, Cabo Delgado pode vir a ser o maior mercado de viagras e "Gillettes" do mundo. Nuno Rogeiro tem aqui uma soberba oportunidade de escrever 'O Cabo do Gonazololo'. Para um bom empreendedor, meia palavra basta! O mercado é promissor.

 

- Co'licença!

O retorno às aulas revela, quanto a mim, que, afinal de contas, essa cena de "crianças são flores que nunca murcham" era coisa de papá Samora só. Para esses titios de hoje em dia, enquanto estiver em jogo uma bolada, as crianças são crianças que murcham - sim! Aliás, para eles, nem são crianças. Também nunca foram flores, nem como figura de estilo, talvez como uma figura apenas sem estilo algum. 

 

Romantismos à parte, a retoma do ano lectivo também revela uma falta de objectivos, metas e indicadores na educação. É que normalmente, a educação e a saúde são os pilares do Estado, mas o sector de educação é aquele que não deve ser exageradamente abalado por adversidades naturais ou humanas porque é um sector que deve ser edificado com objectivos, metas e indicadores muito bem definidos e claros. Esta nossa educação, hoje mais do que nunca, está a revelar-se um autêntico negócio da China. Uma 'granda' pirataria. Não tem rumo. Não sabe onde vai. Só está a andar... para atrás. Não creio que em 3 - 4 meses iremos atingir os objectivos que tinham sido traçados para 10 meses. Não creio que iremos atingir as metas definidas em apenas 3 - 4 meses. Não estou a ver uma criança da 1ª classe a assimilar a matéria do ano todo em apenas 3 meses.

 

Isso é também viver de aparência. Mandar as crianças à escola mecanicamente para todas passarem de classe automaticamente para mostrarmos que também estamos a forjar o homem novo aparentemente. Se em 4 meses já é impossível assimilar a matéria, imagina, então, os do curso nocturno que irão estudar somente aos fins-de-semana durante 3 meses, ou seja, 12 semanas! Se em 10 meses de aulas escrevem "exkenci", "massaroca", imagina em 3! Se sem corona os professores não entram na sala, imagina com corona. 

 

O Ministério da Educação diz que as aulas serão interrompidas caso se registe um caso positivo de Covid-19 numa determinada escola e todos os alunos e professores dessa escola ficarão em quarentena. O mesmo vai acontecer àquelas escolas que se encontrarem numa comunidade/bairro/povoação onde se registarem casos positivos. Sério! Me belisque! Estou a sonhar! Fez-me rir quando vi comunicado da Direcção Provincial de Educação convocando os professores de Mocimboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Nangade, para uma reunião para esta semana com agenda única - retorno às aulas. Até parece uma armadilha. Parece um comunicado dos próprios insurgentes.

 

Está provado que este 2020 é ponte. É feriado. É fim-de-semana longo. Então, minha opinião seria "eskencermos" o ano lectivo para nos organizarmos melhor para o próximo ano. Mas, também quando penso nisso, fico com um pé atrás: se não nos organizamos em 540 meses de independência, vamo-nos organizar em 3!

 

- Co'licença!

sexta-feira, 10 julho 2020 07:27

O segredo do M'tumuke

Estranho! Eu podia jurar de pés juntos que, quando o Chefe de Estado e Comandante em Chefe das Forças Armadas diz que o povo deve estar vigilante e deve apoiar o Estado no combate ao terrorismo, está a se referir em relação a todo tipo de apoio. Eu pensava que estar vigilante era fofocar para malta militares e polícias sobre quem tem comportamento suspeito na zona. Pensava que ser vigilante era estar atento às peripécias do inimigo. Pensava que apoiar na luta contra o terrorismo era dar abrigo, comida, água, suruma, aconchego, etecetera, aos militares e polícias para ficarem mais fortes e espertos. 

 

Eu então estava todo convencido que dar informações sobre quem pretende prejudicar os nossos irmãos das Forças de Defesa e Segurança era um acto heróico e condecorado. Juro!!! E, para mim, estar vigilante incluía revelar quem são os traidores dentro da corporação. Do tipo, encontrar uns bradas fardados num Mahindra lá para as bandas de Quissanga e dizer: hei, bradas, vocês sabiam que a Anadarko [Total] manda um dinheiro para vocês e o vosso chefe come sozinho?... e depois sair a correr. Eu pensava que aí então eu já podia concorrer para o Prémio Nobel da vigilância. 

 

Por isso, quando o Canal de Moçambique revelou que havia um contrato entre as multinacionais e o Estado moçambicano sobre um subsídio para os putos militares e polícias e que alguém andava a comer com seus amigos, eu então fiquei radiante. Até já estava a pensar em falar com o Matias Guente para começar a fazer "laives" no Zoom sobre "coaching" de vigilância ou, então, criarmos um instituto superior de vigilância civil com preços bonificados. Quando o Armando Nename depositou 50 meticais na referida conta para apoiar os militares no combate aos insurgentes, vi nele um candidato a professor da disciplina de Vigilância Prática. Afinal, estava enganado! 

 

Hehehehehe... O que eu pensava que era vigilância é, afinal de contas, conspiração. O que eu pensava que era todo heróico é crime de simulação. O que eu pensava que era apoio é segredo do Estado. Estranho isso!!! Um segredo do Estado guardado no sector privado. Um segredo do Estado moçambicano confiado a um gerente de um banco comercial privado com origens portuguesas. Um segredo do Estado com nome de um indivíduo guardado no computador de um outro indivíduo. O que devia ser segredo do M'tumuke passou a ser do Estado. Vai entender!!! 

 

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segunda-feira, 06 julho 2020 08:15

Uma geração sem problemas

Tenho dito incansavelmente que a coisa que mais me preocupa nesta nossa juventude é a falta de foco. Não sei se isso é incompetência ou preguiça ou medo ou negligência ou efeito de álcool e narcóticos ou falta de tempo ou sei lá. 

 

Temos consciência dos inúmeros problemas que nos assolam e também temos consciência que somos nós próprios que temos de resolvê-los. A ideia que está nas nossas cabeças é participar dos fóruns de tomada de decisão para mudar o rumo das coisas. Ou seja, lutar para alcançar o poder para poder discutir os assuntos com uma visão mais contextualizada e realística. Do tipo ser como Eduardo Mondlane: ter consciência dos problemas do país, conhecer o inimigo, desenhar estratégias de combate e eliminá-lo. Mas, infelizmente, não é isso que acontece connosco.

 

Estou muito preocupado connosco. Quando alcançamos o poder a primeira coisa que fazemos é não reconhecermos os problemas que tínhamos assumido antes de ali chegarmos e pelos quais fomos confiados o lugar. Segundo, criamos problemas fantasmas que nos desviam dos problemas reais. Inventamos assuntos para distraírmos os menos atentos. Terceiro, assumimos que somos os mais sábios e inteligentes do que todos os restantes jovens que estão na periferia do poder. Quarto, queremos comer o poder. Ou seja, sermos os primeiros beneficiários do poder. Dinheiro e mordomia. Quinto, prepararmos a nossa própria reintegração. Achamos que já servimos o país o suficiente que já não podemos fazer mais nada. Damo-nos o direito à reforma precoce.

 

Falta de foco. O Janfar diz que a nossa Ele-A-Eme, a aviação de bandeira, está muito bem, que está a fazer muito dinheiro e que está a concorrer para "miss universo" de aviões. O Gilberto é esse que já arranjou fantasma dele: o problema do nosso futebol é o nome da seleção. Se for Rinoceronte, iremos ao Mundial. Petersburgo é aquele que consegue criar 400 empregos por dia, em plena pandemia de Covid-19, com aquele seu teorema que acordou Einstein e Pitágoras. A mana Eldevina é essa da cultura e turismo, a qual se gratifica com um disco de Eme-Ci-Rodja e um pacote turístico ao Bazaruto a quem conseguir achá-la mais gorda ou magra. Os jovens que estão no parlamento são aqueles que só estão a contar os dias para se auto-reintegrarem. 

 

Estou a imaginar, se estivéssemos na década de 1960, em Tanganhika, imbuídos do sonho nacionalista de libertar o pais. O que seria de nós? Estaríamos a dizer que o país está muito bem, a desenvolver e o povo a gozar de muita liberdade e paz. Estaríamos a dizer que a escravatura e o xibalo é uma forma mais criativa e avançada de ginástica acrobática para o bem da saúde física e mental. Estaríamos a dizer que o problema do país é o nome Moçambique... porque dizer "Môôô" é uma forma tradicional de assustar crianças. Estaríamos a dizer que o nome Moçambique é muito ingénuo porque começa com "MOÇA" e moça é adolescente... só se for RAPAZmbique. Estaríamos a procurar um nome em extinção, protegido e que vende. Os que venceram na frente de Tete já estariam a se reintegrar e não aceitariam passar à frente de Niassa. 

 

Foco é tudo. Não teríamos malta Josina, Marina, e companhia, porque muitas guerrilheiras estariam a fazer selfies na casa de banho do quartel ou, então, a procurarem xixi de macaco. Não teríamos Samoras, Manyangas, Mondlanes, Guebuza (não, este teríamos) porque muitos guerrilheiros teriam se perdido no mato a procura de gonazololo. Sem contar com aqueles historiadores, físicos nucleares, advogados, e quejandos que se teriam especializado em escovar as botas de Eduardo Mondlane. Nada de sacrifícios, só mordomias. Na hora de atravessar o rio Rovuma, íamos querer sentar na classe executiva da canoa. 

 

Estamos sem foco e os nossos reais problemas desapareceram. Somos uma geração sem problemas. 

 

- Co'licença!

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