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terça-feira, 26 janeiro 2021 13:52

O resultado de eleições

Por alto acompanhei as eleições presidenciais em Portugal, sobretudo os resultados e as reacções à volta. Delas, e não é só destas eleições, retenho, e como um exemplo entre vários,  que ganhar não significa apenas ficar em primeiro lugar e de que ser votado por larga franja da sociedade pode não ser uma boa coisa. Abaixo, e tomando o resultado das eleições portuguesas do passado Domingo, sobretudo o do candidato apoiado pelo partido Chega, recentemente criado, seguem algumas notas.  

 

Ganhar não significa apenas ficar em primeiro lugar. O candidato apoiado pelo partido Chega, dito da extrema-direita, o ainda líder do partido (ainda porque demitiu-se por ter falhado a meta) ficou em terceiro lugar e a meta era a de ficar em segundo lugar, deixando para trás a candidata do partido PS que acabou ficando em segundo lugar. E mesmo assim, o líder do Chega cantarolou vitória por ter amealhado meio milhão de votos e por ter ainda mais votos que o conjunto dos  ditos partidos da esquerda radical (Bloco de Esquerda e o PCP). Ademais e se estas fossem eleições legislativas, o Chega teria conseguido mais de uma dúzia de deputados contra um (que  por coincidência é o próprio líder)  da actual legislatura.  

 

Ser votado por larga franja da sociedade pode não ser uma boa coisa.  Isto porque o extraordinário resultado conseguido pelo candidato do partido Chega, e que posiciona este partido como a terceira força política portuguesa (e em ano e meio de existência), está a gerar uma onda de preocupação no status quo  da sociedade portuguesa, sobretudo da  classe política. As razões da preocupação prendem-se com o facto do partido Chega (e do seu líder em particular) ser considerado, entre outros epítetos, de fascista, racista e xenófobo.  Não sei se isto significa que dos portugueses que foram às urnas meio milhão sejam fascistas, racistas e xenófobos.  Pelo grosso da reacção crítica não o são, apenas estão zangados ou contra o curso actual do sistema/regime.  

 

Dito isto e cá para os meus botões: tendo em mente  que comparo com a Pérola do Índico,  os meus botões não me ajudaram a chegar a nenhum resultado. Aliás, o resultado foi a conclusão de que este tipo de debate continua refém do próprio resultado das eleições, nomeadamente se foram livres, justas e transparentes.  

Não é para gerar polémica! Vivemos um período muito conturbado causado pelo triunfo momentâneo de um vírus mutante, que conseguiu juntar 3 em 1: a agressividade (virulência) do HIV, a transmissibilidade do vírus da gripe comum e  o factor novidade, que implica que ninguém tenha ainda desenvolvido imunidade natural ao mesmo. Um cocktail mortífero para uma doença transmitida por um organismo tão pandémico como o SarsCoV-2.

 

Se nós ajuntarmos o quarto factor, o da comunicação prolífica devida à omnipresença das redes sociais, como fruto de um milagroso desenvolvimento em exponencial das TIC´s, teremos a componente social importante para poder gerar a catástrofe. De facto, a existência de uma miríade de plataformas digitais, a internet rápida e o fabrico em série de smartphones faz com que qualquer pessoa, em qualquer momento e lugar, possa se tornar num “jornalista”, num fazedor de opinião. Aqui surge o primeiro grande desafio: todos dispomos de meios potentes de jornalismo, mas não das ferramentas éticas para exercer essa nobre profissão.

 

Assistimos muito recentemente, ao abuso ad nauseam da plataforma Twitter, para destituir ministros e conselheiros, emanar ordens presidenciais e discursos profanos e incitar ao assalto a símbolos democráticos, numa importante e próspera nação ocidental, o que prova que o risco de abuso das redes sociais pode até vir de pessoas que, à partida, deveriam ter o tal kit ético.

 

A influência e abrangência deste meio de comunicação rápida são muito grandes. Quando comecei a me interessar com política a sério, na década 70 do século passado, entendi que sempre que houvesse golpes de estado na África e América Latina, as prioridades eram a ocupação do palácio presidencial, do edifício da rádio e do estado maior general do exército. Aqui, via-se claramente que o “quarto poder”, era mais forte que o segundo e o terceiro (legislativo e judicial). A rádio aparecia como a melhor forma de chegar às pessoas, de lançar o discurso, influenciar o pensamento. Nos tempos da Internet 5G (nós em Moçambique ainda nos contentamos com 3G ou 3,5G por enquanto), é muito natural que os governos em tempos de crise, desliguem a Intenet para dificultar a comunicação entre as pessoas. Vimos isso em África, mas também na Europa e na Ásia.

 

O segundo desafio vem de outro tipo de abusadores das redes: pessoas que de forma deliberada, sentam-se e inventam os famosos “memes”. Estes, são pequeníssimos textos (chamemos-lhe textículos), alguns deles com um conteúdo humorístico muito apurado, mas infelizmente, quase sempre todos estão direccionados para expressar aquela repulsa social que existe ente grupos (ou para com grupos) e que de alguma maneira acabam reflectindo os problemas sociais em ebulição. São memes homofóbicos, contra as marhandzas, contra os Xingondos, os Makuas, os manhembanas, os machanganas e por aí, trazendo ao de cima aquilo que talvez devesse merecer lugar de prioridade nos nossos programas sociais.

 

O problema da comunicação rápida do tipo mensagem de WhatsApp é o efeito psicológico de “não pensar muito, não se bater a cabeça” que ela gera. Na verdade, a mensagem curta, com resposta rápida e muitas vezes lacónica do estilo “gosto”, actua no nosso cérebro com injecções abundantes de dopamina, própria para as acções de motivação/recompensa, igual ao cão que deve ser dado um biscoito cada vez que acerta no gesto num treino.

 

E isto, para além de estimular o prazer, vicia.

 

Assim, podem estar viciados de postar memes os que diariamente abusam das redes sociais, aproveitam-se da situação de calamidade pública em que nos encontramos no país e passam o tempo todo a enviar mensagens de perigos diversos, de incertezas científicas justificadas sobre a pandemia, de problemas técnicos com a(s) vacina(s) a serem desenvolvidas em diversos laboratórios no mundo  e de supostas mortes de personalidades públicas.

 

De repente, em pouco menos de um ano, habituais analfabetos técnicos e desléxicos titubeantes, têm um amplo domínio da microbiologia, da virologia, da saúde pública, do sequenciamento genético dos vírus e mutações, da farmacologia dos testes de vacinas e da estatística demográfica e multivariada. Este é o grande desafio das redes sociais neste momento da pandemia. Diariamente somos fustigados com GigaBytes de informação digitalizada, circulando de um grupo para o outro das redes e misturando a notícia, o alarmismo, o sensacionalismo e a morte.

 

Tenho dúvidas que esta mistura ajude-nos a combater o vírus. Mantenhamo-nos vigilantes contra esta doença da CoviD-19 que está sendo transformada, também, em doença do pânico.

 

Rogério José Uthui, 25 de Janeiro de 2021.

segunda-feira, 25 janeiro 2021 06:26

Uma questão de “mindset”

Corre na televisão um vídeo promocional da Fundação Chipande, dando seu ombro de caridade aos refugiados da chamada insurgência.


Boa parte da filmagem foi feita em Metuge, com Chipande se gabando da sua alma caridosa. Antes é feita uma revelação que convocaria à psicanálise. Um membro do clã Chipande diz que eles só despertaram para a realidade cruel do terrorismo quando o fenómeno atingiu a família em Mueda. Foi aí que, finalmente, se aperceberam duma tragédia que andava em cena desde há cerca de 3 anos, com relatos nos “media”, apesar da censura do Governo. É uma questão de “mindset”. Um tipo de mentalidade egocêntrica, fixa. A crença imutável de que o mundo gira à sua volta. E só despertamos para um problema quando ele nos bate à porta. É assim como o Governo está a reagir. Agora que a Covid 19 penetrou nos lares dos camaradas (depois das suas festanças esbanjadoras do fim do ano) e o sistema de saúde mais o sector privado mostraram sua falibilidade é que o Governo já está a mandar vir camas com ventiladores e Nyusi foi bater uma cavaqueira com os médicos. Não fosse isso, estaria tudo na mesma, os pobres morrendo no seu anonimato e a mola dos doadores (a nossa também, aquela do orçamento rectificativo) sendo compartilhada nas trevas da corrupção. Se os terroristas não tivessem atacado Mueda, Chipande não teria sentido a dor. No caso do Governo, falta estudar a razão porque optou por não investir, guardando o dinheiro na gaveta e uns ratos roendo tudo. E os médicos morrendo sem proteção. This is Mozambique!

quinta-feira, 21 janeiro 2021 09:04

O dilema de Mariano Nhongo*

Está com medo como nunca. Ele já atingiu a última linha para o abismo onde lhe esperam as verrumas de aço, onde seu corpo será espetado como carne a ser servida aos convivas do inferno. Mariano Nhongo é um pêndulo sem confiança, como sempre foi depois da morte de Afonso Dlakama, nunca teve certeza de nada. Agora caminha completamente no escuro com o tacto a fugir-lhe, está atordoado. Se fosse um ndawu puro seria este o momento para optar pelo suicídio, mas não é ndawu, mesmo assim é a única alternativa que lhe sobra. Entre dar o derradeiro salto rumo ao vazio da noite onde reinam as hienas com as suas sinistras gargalhadas, e levantar os braços da rendição sem a certeza de que será recebido com amor, o general acha melhor entregar sua carne aos abutres.

 

Nos últimos dias anda em estado permanente de embriaguês mas sem perder a lucidez. Quanto mais ébrio, mais esclarecido. Perdeu o apetite e a vontade de continuar uma luta que lhe levou a verter sangue dos seus próprios irmãos. É esse sangue que agora jorra em catadupa sobre a sua cabeça, cobrindo-lhe os olhos que já não vêem nada. Não dorme, nem de dia nem de noite, o álcool e a cannabis que fuma sem parar, não produzem mais o efeito desejado, Nhongo pretendia com esses estimulantes ganhar coragem e manter o seu estatuto de general, mas tudo isso esfumou-se, ficou um esqueleto em fim de carreira.

 

Os subalternos deixaram de cumprir as ordens do ora temido homem tido como cicerone de Dlakama, aliás Nhongo esvaiu-se, não dá mais ordens, mesmo que as desse ninguém as cumpriria porque todos os seus sequazes andam bêbados também, como ele. Outros fugiram e entregaram-se, porém há muitos outros que manifestam no fundo essa vontade, mas têm medo de voltar, como o próprio comandante, que deixou de ir ao rio tomar banho, anda desmazelado.

 

Quando o general ainda acreditava na sua paranóia, ia ao rio livremente e os crodilos fugiam, assim como capitulavam os militares das FADM ao saber da presença desse tigre perigoso num determinado teatro das operações. Mariano Nhongo tinha nos amuletos dos curandeiros mais afoitos de Machanga, a sua fortaleza inabalável, chegou de facto a estremecer os fundamentos da Frelimo. Nhongo era a fúria da cordilheira de Gorongosa, mas hoje todo aquele baluarte está em derrocada, o homem do momento está a despedaçar-se. Em fiapos.

 

Em toda a sua vida da guerra mais cruel do século passado na África, Mariano Nhongo nunca tinha encarado uma hiena, animal abominável, porém muito feroz quando se junta aos outros bichos da mesma estirpe e partem em matilha para o ataque. Hoje são esses bichos desdenháveis que guarnecem a cubata sombria do general que não pára de beber e fumar cannabis em vão. As hienas riem-se de Nhongo e nas noites mordem-lhes as costelas nos pesadelos de não acabar.

 

O troar dos canhões que se ouvia ao longe, agora ribomba perto, anunciando a última hora de um relógio que funciona com sangue. Estes são os últimos dias, na verdade, de um grande lagarto que deixou de se mover ou que se move em direcção ao cadalfalso. Mariano Nhongo vive as últimas alucinações.

 

*Texto imaginário

quarta-feira, 20 janeiro 2021 08:33

“Bang 4 Life”

Não sei como é que criaste esta assinatura, mas talvez Deus sabia que em todas as produções da Bang Entretenimento que acompanhei, desde muito cedo, essa voz desafiadora em cada videoclipe do Marcell, era a tua imagem de marca.

 

Lembro-me de ti desde como parte do meu debute profissional, em Moçambique. Eu era novinha em Maputo. Com o meu sotaque “tuga”, e toda a minha bagagem e as experiências europeias inerentes à minha narrativa. Tu e a tua “Gang” eram um produto engraçado de trabalhar para uma miúda que ainda não tinha chegado aos 30.

 

Lembro-me perfeitamente como tudo começou e a Bang Entertainment entrou na minha vida. Depois de uma passagem pelo grupo Soico, fui copy da agência GOLO e como tinha muitas ideias o Thiago Fonseca criou um departamento de marketing relacional para criarmos os conceitos do bellow the line para o Verão Amarelo da Mcel a tua maior patrocinadora antes da vermelhinha.

 

Na altura lembro-me de estar na sala dele, com o Tito e a Sandra a apresentar, sozinha, o projeto que tinha para esse início de Verão “sem qualquer responsabilidade” da GOLO. A cena Bateu! E a ideia foi aprovada.

 

É bom! Como dizemos aí. E o meu atrevimento valeu-me o melhor Verão Amarelo de sempre durante o tempo que trabalhei na GOLO. Enquanto isso, entre os concursos da miss Coconuts era preciso show e é aí que me lembro da voz rouca do Denny OG, uns tempos mais tarde do “Teresinha Você”, e de um grupo de miúdos que era constituído pelo molwene mais desejado da cidade – o nosso Ziqo Ziquinho – a estudante de Direito, Dama do Bling, a voz suave da Lizha que muitas vezes te vi ir buscar à Josina Machel no teu carapau branco, os Mozdance  e as Dejá Vu, dançarinos de apoio dos músicos da Bang e toda uma estrutura que passou de “Gang” a produtora de sucesso nos meados dos anos 2000.

 

Se estivesse a partilhar isto contigo agora íamos rachar. Porque ninguém começa de cima, a não ser os que já sabemos, e tu não começaste. Tinhas entre 23 e 25 anos quando decidiste ser o produtor “grande”. Eu, que nem sou do tempo do Alex Barbosa, só consegui aferir duas pessoas até hoje – durante os dez anos que vivi em Maputo -  que conseguiram fazer “shit´s” no entretenimento em Moçambique. Tu e o Tio Julinho, com os shows dele. Que também não nos podemos esquecer. Mas você tinha label.

 

Tinhas aquele ar bruto e arrogante, que muita gente descreve, mas já se colocaram no teu lugar, Bang? Um puto que provavelmente naquela altura vivia na Malhangalene a encher o Coconuts com músicos nacionais, fechar parcerias com operadoras móveis para grandes concertos e conseguir colocar no mercado sem “rochar” cerca de cinco a seis músicos em permanência durante anos? Até o Big Nelo rendeu no dia que tu partiste e também tive orgulho da minha costela angolana ao ouvi-lo falar de ti.

 

Por isso demorei a escrever, porque intenções há muitas, mas é preciso fazer homenagens com base no teu percurso e não em especulações e ausência de empatia que ando a assistir um pouco por todo o lado. Mas não te preocupes. Personalidades como o Luís Moreira, Beto Sarmento – que te abriram a porta do Coconuts – sabem a dimensão do teu esforço.

 

Como dizia ontem o Big Nelo tu conseguiste trazer a soberania da música moçambicana que nunca tinha sido conquistada até à data. Sempre vivemos de cooperação e não de produção. Por trás de um concerto havia sempre uma instituição e não um produtor sozinho e eu, também como produtora cultural, nunca te cobrei “cultura”. Tu eras puro entretenimento. O que o povo precisava para se empoderar. Eu empoderei-me com a primeira música da Dama do Bling. “Quem é que tem mais style?” E vinha da Europa onde já tinha assistido Prince, U2, Jamiroquai e outras bandas icónicas, mas nunca tinha assistido a nascimento de projetos de raíz.

 

Até hoje rendo com “Essa Mulher é Minha”! E o mais recente “Tá Nice”, onde envolveste sangue novo com os Big Five ficou muito bom. Via-se estratégia em tudo. Até naquela camisete “Moluene”.

 

Nós que tínhamos acesso às traseiras do “Mini-Golf”, quando subíamos aquelas escadas, depois dos shows acabarem, assistíamos a um grupo de putos felizes por fazerem o que gostam e fazerem a “bomba rebentar” – esta é para ti Denny OG.

 

Foi aí que foste crescendo e a fasquia aumentou. Anselmo Ralph, Nelson Freitas, Pérola, Matias, Alcione e tantas outras internacionalizações fizeram a Bang crescer.

 

Mas antes vou voltar atrás. Lembras-te da rota da Mao Tse Tung? Onde toda a malta se encontrava e se preparavam para os shows? Era no Nephitys que tu entravas para partilhar ideias, dar bronca nos atrasados, falar alto com o DJ Marcell a combinar próximo clip e foste fazendo a tua life.

 

Querido por uns e odiado por outros. Ninguém pode agradar toda a gente e não é porque partiste que te estou a endeusar. Estou apenas a partilhar uma história que existe, não tem outra versao que não esta, e que o André, o Ardilles, o Deejay Júnior, Valdemiro, Cátya, Lizha, Ivânea, Doppaz não me vão deixar mentir.

 

Bang não perdeu tempo, não deixou nada por fazer. E fez bem, com os recursos à medida dos seus sonhos. Vais fazer falta puto, mesmo assim com todos os molhos.

 

Profissionalmente só te posso descrever até ao último Team de Sonho que organizaste com os angolanos, a minha outra costela, em 2012, e aquela viagem que fizeste a Luanda em 2014 onde fizemos uma produção para a Lizha e a entrevistei para a revista Lux Angola. Sei que sempre confiaste em mim e que não te atrapalhavas com as minhas verdades. Mas sempre que regressava a Maputo rachávamos.

 

A última vez foi no ginásio, lembras? Estávamos no Power do Baía Mall a tentar perder as nossas barrigas, em 2018. Mês de Março. Quando mais uma vez fui fazer o meu festival “Jardins em Festa” e como sempre nos tivemos respeito mútuo rimos e perguntaste se estava feliz na Tuga. Disse que sim. Tu continuaste lá a fazer metade do treino, porque o telefone era o teu melhor amigo e o teu Personal Trainer sofria contigo!  Acho que para 1h de tempo levavas 3h (risos)

 

Bang. A última vez que falámos foi em julho. Entraste num direto meu e mandaste um DM (mensagem) para falarmos.

 

Tenho a certeza que tinha a ver com o teu projeto televisivo e o que eu puder fazer para esse sonho continuar conta comigo.

 

Bang 4 Life, Nigga!

quarta-feira, 20 janeiro 2021 08:24

Fecharam o “Takidir”. E a Lixeira do Hulene?

Quando recebi a notícia de que fecharam o “Takidir” lembrei-me do  Bill Gates e de monumentos. De Bill Gates porque este uma vez disse que se não tivesse abraçado o mundo dos computadores teria optado por vender frangos e de que o resultado teria sido o mesmo: a riqueza.  De monumentos  porque considero o “Takidir” um património histórico da cidade e quiçá do país. Infelizmente o Bill Gates não disse se com a alternativa ele  teria  enriquecido fora dos EUA, especificamente em  Moçambique.

 

De toda maneira, existem empresários  em Moçambique, incluindo os do “Takidir”,  que se dedicam ao negócio do frango. Serão ricos? Não sei, pelo menos, salvo melhor informação,  nunca o disseram, nem em privado (para os que conheço) e nem em público (também para os que conheço e não só). Aliás, “O segredo é a alma do negócio” já diz o ditado. Porventura, e avaliando as razões do fecho do “Takidir”,  alguém conhece as condições higiénicas em que são produzidos os computadores do Bill Gates? Por outro lado, e salvaguardando a ideia  de que o “Takidir”  é um  património histórico da cidade,  entendo de que o seu encerramento carecia de um  outro tipo de protocolo. E como? No mínimo que fosse  feita uma consulta pública aos munícipes  consumidores do seu frango. Na verdade, e diante das últimas medidas de combate à Covid-19, o “Takidir” já se encontrava  “fora do jogo” por conta do seu  horário de ponta (das 8 da noite às 6/7 da manhã) que casa com o do fecho da restauração. E isto -   atirar sobre um estatelado -  não é justo  e nem é  ético.

 

Contudo e para concluir: o Bill Gates ficou por explicar  em detalhe o processo  de enriquecimento com a venda de frangos e a um preço concorrencial. E o INAE, a entidade competente e que exarou o fecho do “Takidir”,   terá que explicar se a imundície (e os negócios)  na Lixeira do Hulene - um outro monumento da cidade – não justificaria também uma visita  e ao seu imediato e irreversível  encerramento.