Tudo começou na semana passada quando recebi uma chamada de um número estranho. Eram por aí 6 horas da manhã.
- Alô!
- Alô! Bom dia doutor Juma! (Estranhei! Ninguém me trata com essas mordomias académicas. Era uma voz femininamente lírica, com sotaque afinado, timbre de single malt 'Glenfiddich' seco. Animava ouvir).
- Bom dia! Olha, minha senhora, esse 'doutor' não é necessário. Na verdade, nunca me tratam assim. Não estou acostumado. Fico impotente. Não sei como reagir. (Fui afável. Falava e sorria para exibir boa educação).
- (Sorriu...) Desculpa o incómodo, doutor! Eu sou 'Fulana'. Vivo em Pemba. Quem me deu o seu número foi a 'Beltrana', amiga de 'Sicrano'. Então, vi umas vagas de emprego na empresa 'Xis' (uma empresa do ramo do gás), então, perguntei se alguém conhecia alguém lá e a minha amiga 'Beltrana' ligou ao 'Sicrano' que lhe enviou o seu e ela me passou e disse que o podia contactar por este número.
- Okey! Agora já entendo o 'doutor'. Faz sentido. A senhora falhou no número. A senhora queria ligar para o doutor Juma M****e (aprendi com Eme-Pesa) da empresa 'Xis'. Eu conheço essa pessoa, mas não sou eu. Quem me dera! O 'Sicrano' que deu o número a sua amiga se enganou. Acho que tem os dois Jumas no celular e se enganou ao dar o número a sua amiga. Infelizmente, não sou eu! Queria poder ajudá-la.
- Opahhh! Desculpa!
- Sem stress!
- Desculpa mesmo! Obrigada!
Fim de conversa.
Fim de conversa e início do meu martírio. Já lá vai uma semana que recebo em média 3 chamas por dia confundindo-me com o doutor Juma. Todos os dias. Todos mesmo. Maior parte, mulheres. No princípio, eu até me divertia. Sei-lá... fazia charme. Acho que elas também se encantavam com o meu sotaque chuabo-macua misturado com 'Impala' de milho e cannabis revoada. Ficávamos numa cavaqueirazinha por uns minutinhos. Mas, hoje, ando exausto com essas chamadas. O meu número está em transmissão comunitária num autêntico efeito dominó. Ontem foram diagnosticadas 4 chamadas positivas só a tarde. Um homem de Maputo e três mulheres, de Lichinga, de Pemba, e uma que desconheço a origem (essa então não lhe dei 'taime', lhe despachei logo).
Estou a sofrer há uma semana. Já tenho medo de atender números desconhecidos. Agora, já não sou mais educado com elas, nem afino mais o português. Falo como 'manharinga' mesmo... de Bajone. A partir de amanhã vou começar a insultar. Não aguento mais! Rezo para que esse recrutamento termine logo.
Mas, em todo o caso, só queria partilhar um pouco convosco a relação entre o gonazololo, o 'Gillette' e as vagas de emprego. Se eu que sou o falso doutor Juma me ligam todos os dias, imagina o verdadeiro então! Se o doutor Juma sozinho recebe tantas chamadas, imagina os outros doutores da tal empresa! Vou-te contar! O jogo está muito agressivo, pessoal. Nos meus tempos de juventude, quando víamos vagas, corríamos para internet-café actualizar o 'Cê-Vê' e enviar, enquanto os responsáveis do 'Ere-Aga' iam preparando as perguntas para os candidatos na entrevista, e a seleção acontecia numa mesa. Hoje, tudo mudou: os candidatos correm a farmácia para comprar raspadores de virilha, enquanto os do 'Ere-Aga' vão ingerindo doses do elixir libidinoso, e o recrutamento é peito-a-peito. Esta é a verdade nua e crua: vender gonazololo em Cabo Delgado para entrevistas de emprego. Definitivamente, uma verdade mais nua do que crua.
De resto, tirando a calamidade da insurgência, Cabo Delgado pode vir a ser o maior mercado de viagras e "Gillettes" do mundo. Nuno Rogeiro tem aqui uma soberba oportunidade de escrever 'O Cabo do Gonazololo'. Para um bom empreendedor, meia palavra basta! O mercado é promissor.
- Co'licença!
O retorno às aulas revela, quanto a mim, que, afinal de contas, essa cena de "crianças são flores que nunca murcham" era coisa de papá Samora só. Para esses titios de hoje em dia, enquanto estiver em jogo uma bolada, as crianças são crianças que murcham - sim! Aliás, para eles, nem são crianças. Também nunca foram flores, nem como figura de estilo, talvez como uma figura apenas sem estilo algum.
Romantismos à parte, a retoma do ano lectivo também revela uma falta de objectivos, metas e indicadores na educação. É que normalmente, a educação e a saúde são os pilares do Estado, mas o sector de educação é aquele que não deve ser exageradamente abalado por adversidades naturais ou humanas porque é um sector que deve ser edificado com objectivos, metas e indicadores muito bem definidos e claros. Esta nossa educação, hoje mais do que nunca, está a revelar-se um autêntico negócio da China. Uma 'granda' pirataria. Não tem rumo. Não sabe onde vai. Só está a andar... para atrás. Não creio que em 3 - 4 meses iremos atingir os objectivos que tinham sido traçados para 10 meses. Não creio que iremos atingir as metas definidas em apenas 3 - 4 meses. Não estou a ver uma criança da 1ª classe a assimilar a matéria do ano todo em apenas 3 meses.
Isso é também viver de aparência. Mandar as crianças à escola mecanicamente para todas passarem de classe automaticamente para mostrarmos que também estamos a forjar o homem novo aparentemente. Se em 4 meses já é impossível assimilar a matéria, imagina, então, os do curso nocturno que irão estudar somente aos fins-de-semana durante 3 meses, ou seja, 12 semanas! Se em 10 meses de aulas escrevem "exkenci", "massaroca", imagina em 3! Se sem corona os professores não entram na sala, imagina com corona.
O Ministério da Educação diz que as aulas serão interrompidas caso se registe um caso positivo de Covid-19 numa determinada escola e todos os alunos e professores dessa escola ficarão em quarentena. O mesmo vai acontecer àquelas escolas que se encontrarem numa comunidade/bairro/povoação onde se registarem casos positivos. Sério! Me belisque! Estou a sonhar! Fez-me rir quando vi comunicado da Direcção Provincial de Educação convocando os professores de Mocimboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Nangade, para uma reunião para esta semana com agenda única - retorno às aulas. Até parece uma armadilha. Parece um comunicado dos próprios insurgentes.
Está provado que este 2020 é ponte. É feriado. É fim-de-semana longo. Então, minha opinião seria "eskencermos" o ano lectivo para nos organizarmos melhor para o próximo ano. Mas, também quando penso nisso, fico com um pé atrás: se não nos organizamos em 540 meses de independência, vamo-nos organizar em 3!
- Co'licença!
Desponta o interesse pelo início das funções de governação (ministerial e afins) a propósito das actuais romarias mediáticas de auscultação, ditas de conhecimento do terreno, por parte de alguns dos governantes. Não são os primeiros que assim procedem, mas espero que sejam os últimos, pois tal procedimento só aumenta o coro das lamentações e o tamanho das promessas, abrindo espaço para uma, e na certa, avaliação negativa do desempenho face aos resultados e metas, ora empolados por declarações típicas de uma campanha eleitoral.
O fundamental: urge uma outra forma e profícua para o início de funções governativas. Mas antes, talvez a mudança comece pelos critérios de indicação de governantes. Por exemplo, para o actual elenco ter-se-á perguntado se cada governante reunia as qualidades requeridas para os desafios do sector em pauta? A base da pergunta e a resposta pressupõem existir um conhecimento prévio do sector, o que aniquila – para ser mais claro – com a necessidade de visitas de auscultação em início de mandato. Uma vez definido o perfil do cargo, segue a consulta aos potenciais candidatos, recaindo a escolha no que tiver dado mais garantias, tomando este, já empossado, o seu tempo e talento a analisar a papelada do sector. Depois, e do que lhe cabe fazer, enquanto instituição, vê o que existe e falta, e se existe, como reforçar, e se falta, que alternativas existem, articulando, obviamente, com outros e afins sectores do executivo. O exercício culmina com um relatório onde o governante descreve como pensa executar, e com sucesso, as suas funções durante o mandato.
Em seguida, e numa audiência solicitada ao Presidente da República (PR), apresenta e defende as suas ideias, obtendo deste a concordância e a promessa de que terá o seu total apoio. E caso assim não seja, a visita pode ser aproveitada para rogar-lhe que indique uma outra pessoa. Em caso de continuidade, e já com total conhecimento da profundidade do mar versus o calado requerido, efectua as visitas ao sector para partilhar como pensa levar o navio à bom porto. Em cada visita, dependendo da instituição, é importante que o governante se faça acompanhado do respectivo dossiê e de quadros com a devida sensibilidade, alargando o leque a outras pessoas de valia técnica e estratégica quer no activo ou na reforma quer públicos ou privados. fazer frente
No final das visitas, o governante elabora um plano/relatório definitivo de seguimento, incorporando as respectivas adaptações e apesenta-o em reunião do Conselho Coordenador (CC) que conte, fora o próprio sector, com outras instituições relevantes, entre públicas e privada. Depois do CC é que o governante começa de facto (e sem gravata) a sua função, assegurando assim alguma legitimidade, confiança e a mobilização dos que fazem parte e que também interagem no sector. Não sei o tempo para este exercício, mas acredito, e seria óptimo, que fosse em menos de seis meses e de intenso trabalho. Depois e na primeira visita do PR às províncias, este participaria em alguns eventos que testemunhassem avanços, como por exemplo, a assinatura de alguns acordos para a viabilização de determinados projectos, poupando ao PR, em tempos de início de governação, de uma segunda campanha eleitoral.
Dito o essencial, termino com o Secretario de Estado do Desporto (SED): se o que o SED tem feito - visitas de auscultação e anúncio de intenções – o faça por obrigação protocolar de início de governação não me resta mais nada que o perdoar e pedir que faça um trabalho de lobby e advocacia intragovernamental para que assim não seja no futuro. E se for por iniciativa própria, perdoo-o na mesma e peço que o SED pergunte ao timoneiro do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural como ele consegue fazer diferente. O recurso ao SED foi apenas para mediatizar a mensagem do texto, atendendo ao facto do SED, Gilberto Mendes, ser a mais antiga e popular figura pública de toda a máquina executiva e ao leme de um sector que se lida com multidões e emoções da pátria. Duvido que perca o lugar de SED por conta disso.
Conheci-o em Boane nos princípios de 1975, vindo das matas após a assinatura dos Acordos de Lusaka. Era jovem, provavelmente na casa dos trinta, e uma das características que lhe notei logo a partida é que ele era frio. Estava talhado para as batalhas mais ferozes, por isso tinha dificuldades em separar as matas da guerra que ajudou a vencer, e os treinos militares para mancebos que vinham da cidade. Foi-lhe confiado o 1º batalhão de instruendos, e em pouco tempo os jovens já falavam de Madebe, um homem temido não só pela rigorosidade de comando, mas sobretudo porque era uma pessoa inesperada. De certa forma rude.
Lembro-me que nos treinos de preparação político-militar, Maurício Madebe usava balas reais para a fase de progressão sobre o fogo do inimigo. Disparava rasante e gritava, avança! E os instruendos avançavam, ou vergados com armas sem munições, ou rastejavam como guerrilheiros. E Madebe divertia-se com a saga, libertando freneticamente a música dos projécteis. Ele era o instrutor mais obstinado, e por conseguinte, formou o melhor batalhão do centro que tinha na cúpula da chefia uma dupla de orcas constituída por Dinis Moyane e Manuel Mandjichi.
Embora eu não pretencesse ao 1º Batalhão, era próximo de Madebe. Havia entre nós uma espécie de empatia. Aos fins-de-semana saía comigo e andávamos por aí num Land-Rover conduzido por um motorista que se tornou cúmplice de nós. Mas há uma coisa que jamais me sai da memória, Maurío Madebe nunca aceitava que eu lhe apertasse a mão. Não apertava a mão de ninguém, mesmo depois dos copos. Fumava cigarros da marca “Havana”, e como ele dizia, era em homenagem a Cuba e a Fidel Castro.
Na semana passada fui ao bairro militar para uma visita de surpresa. A primeira sensasação que tive ao penetrar no dito reduto dos macondes, é de que havia ali um rastilho aceso, e o elemento crucial da dinamite será Maurício Madebe, um búfalo que o ex-presidente Armando Guebuza quis ferir, sem contudo o fazer porque o próprio Madebe avisou que se o fizesse, as consquências seriam por demais fatídicas. E Guebuza acatou o aviso. Temeroso.
Não há guarda na casa de Madebe, nem cão, o que significa que o cão pode ser ele. Um cão que nem é cão, é um búfalo. Transpus livremente o portão do muro de vedação, na esperança de ouvir algum movimento dentro de casa. Na verdade ouvia-se música e reconheci o Casimiro Nyusi cantando “Ximbombo” a um volume moderado. Toquei a campaínha a primeira vez.....nada! A segunda.... também nada! E a terceira foi quando uma voz aparentemente resignada responde, entra!. Era o próprio Madebe, reconheci-o pelo timbre da voz, e pelo sotaque ximanconde.
Antes dse nos saudarmos perguntou-me se “vai um café”. E eu como não desdenho esse estimulante, aceitei de pronto. Perguntou-me ainda se “vai com um cheirinho”, e o “cheirinho” havia de me ajudar a espantar o frio. Caí na fita.
Maurício Madebe treme nas bases. Dentro da sua casa não se ouve nenhum outro som que não seja o “Ximbombo”. As janelas estão todas fechadas e cheira a bafio. Mas o que ainda dá graça a vida do comandante de Boane, é esta mulher que me serve o café. Uma senhora de beleza ilimitada e o meu anfitrião disse-me que era sangue do sangue dele. Nem parece! Madebe ainda vive a guerra, tem uma pistola negligenciada no sofá, e eu perguntei, é para quê isso, comandante? E ele não respondeu.
No fundo a minha pergunta pode fazer sentido. O homem parece movido mais pelas lembranças do que pelo futuro. E a uma pessoa nestas condições, o melhor é não fazer perguntas. De resto ele parece frustrado.
Estranho! Eu podia jurar de pés juntos que, quando o Chefe de Estado e Comandante em Chefe das Forças Armadas diz que o povo deve estar vigilante e deve apoiar o Estado no combate ao terrorismo, está a se referir em relação a todo tipo de apoio. Eu pensava que estar vigilante era fofocar para malta militares e polícias sobre quem tem comportamento suspeito na zona. Pensava que ser vigilante era estar atento às peripécias do inimigo. Pensava que apoiar na luta contra o terrorismo era dar abrigo, comida, água, suruma, aconchego, etecetera, aos militares e polícias para ficarem mais fortes e espertos.
Eu então estava todo convencido que dar informações sobre quem pretende prejudicar os nossos irmãos das Forças de Defesa e Segurança era um acto heróico e condecorado. Juro!!! E, para mim, estar vigilante incluía revelar quem são os traidores dentro da corporação. Do tipo, encontrar uns bradas fardados num Mahindra lá para as bandas de Quissanga e dizer: hei, bradas, vocês sabiam que a Anadarko [Total] manda um dinheiro para vocês e o vosso chefe come sozinho?... e depois sair a correr. Eu pensava que aí então eu já podia concorrer para o Prémio Nobel da vigilância.
Por isso, quando o Canal de Moçambique revelou que havia um contrato entre as multinacionais e o Estado moçambicano sobre um subsídio para os putos militares e polícias e que alguém andava a comer com seus amigos, eu então fiquei radiante. Até já estava a pensar em falar com o Matias Guente para começar a fazer "laives" no Zoom sobre "coaching" de vigilância ou, então, criarmos um instituto superior de vigilância civil com preços bonificados. Quando o Armando Nename depositou 50 meticais na referida conta para apoiar os militares no combate aos insurgentes, vi nele um candidato a professor da disciplina de Vigilância Prática. Afinal, estava enganado!
Hehehehehe... O que eu pensava que era vigilância é, afinal de contas, conspiração. O que eu pensava que era todo heróico é crime de simulação. O que eu pensava que era apoio é segredo do Estado. Estranho isso!!! Um segredo do Estado guardado no sector privado. Um segredo do Estado moçambicano confiado a um gerente de um banco comercial privado com origens portuguesas. Um segredo do Estado com nome de um indivíduo guardado no computador de um outro indivíduo. O que devia ser segredo do M'tumuke passou a ser do Estado. Vai entender!!!
- Co'licença!
É comum ouvir de que Moçambique herdou um Estado atrasado e que a culpa fora o azar de o seu colonizador (Portugal) também sê-lo e assim ter obstruído o desenvolvimento. Nesta visão subjaz a ideia de alguma pena em não se ter explorado ainda mais o país e por mais tempo, porventura desde a chegada de Vasco da Gama, em 1498, e não apenas com a ocupação efectiva nos últimos 72 anos da colonização. Para esta visão, a alternativa que traria desenvolvimento é a de um colonizador rico/desenvolvido (Inglaterra). Assim não foi e ao que parece paira alguma mágoa em não ser a língua inglesa, a oficial de Moçambique.
Em 1975, o facto de Moçambique ter herdado um território com o seu potencial ainda por explorar é visto como fatalidade e não como a oportunidade que o país teve para afirmar, e de raiz, um rumo autóctone do seu desenvolvimento. Aliás, no discurso presidencial do passado dia 25 de Junho, a data da independência, os ganhos reivindicados soam trabalho porque o ponto de partida estava bem próximo de zero e o ponto menos próximo de zero não teve a devida continuidade, mesmo que em moldes diferentes, fora devastado. Ademais, a trabalheira de “Escangalhar o Aparelho do Estado Colonial”, caso este fosse o de um país desenvolvido, eventualmente, e nos tempos que correm, ainda seria uma árdua e soberana tarefa.
Do exposto, transcorridos 45 anos da independência nacional, depreende-se que a inferência de que o actual atraso de Moçambique é por culpa do atraso de Portugal é equivalente a de que o país seria uma forte e pujante economia caso Portugal, à época da colonização, tivesse o poderio da Inglaterra, ou este o colonizador, ficando a dúvida se a sorte de Moçambique seria bem diferente e melhor que a do grosso das independentes colónias inglesas, em particular as de África. Todavia, acredito que seja um lapso a leitura de que a colonização é boa desde que sob a égide de um colonizador rico/desenvolvido e de que na sua retirada, deixe desenvolvimento e não o atraso do colonizado. E também acredito, que já é tempo do atraso de Moçambique assumir uma outra paternidade.
PS: Em uma das suas visitas à Moçambique e antes de ocupar a presidência portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, falando da passagem afectuosa do seu pai por Moçambique, na qualidade de Governador-geral, fez um comentário que mereceu, na altura, um raspanete, salvo erro do “Bula-Bula” (a última página do Jornal Domingo). “O meu pai foi um colonialista bom”, cito o comentário de memória. “Como se o colonialismo fosse algo bom”, cito, e também de memória, o dito raspanete.