Custa acreditar que a reparação e manutenção daquela viatura Ford-Ranger do Í-Cê-Esse de Nampula cujo orçamento era de dois milhões e meio de meticais, na semana passada, passou para quase trezentos mil meticais esta semana. Quer dizer, a mesma viatura, a mesma avaria, a mesma reparação e na mesma oficina, mas mesmo assim o preço baixou em quase noventa por cento. Ou seja, o orçamento da semana passada dava para fazer assistência a dez viaturas com quase mesma avaria.
Isto parece bolada de vendedores ambulantes da baixa, onde se anuncia mil meticais para um relógio Rolex chinês e acabas levando a oitenta meticais. Como se explica que um mesmo serviço e na mesma agência baixe cerca de noventa por cento? É que dois milhões e quinhentos mil meticais é o preço do mesmo carro zero-quilómetro na mesma agência. Que reparação seria feita, então? Dá a impressão - como dizia um amigo desta plataforma - que iam trocar o chassi, o volante, as portas, a cabine, os vidros, as rodas, a buzina, as cadeiras, as luzes, as piscas, e até, se calhar, iam colocar um motorista novinho-em-folha. Até parece que a única coisa que funcionava bem era a chapa-de-matrícula.
Infelizmente, estes são os circuitos de adjudicação no nosso país. Isto está repleto de EMATUMs em miniatura. Cada concurso público lançado tem os seus Nhangumeles, Ndambis, Inêses, Changs, Renatos, Antónios, etecetera. Só não tem Elivera Dreyers, Sagra Subroyens e Interpols do mesmo tamanho. É tudo EMATUM, mas sem África do Sul nem Estados Unidos.
E quem pensa que os dois milhões e duzentos mil meticais remanescentes da Ford-Ranger foram salvos está muito bem enganado. Enquanto estamos aqui em júbilo pela vitória, o mesmo dinheiro está a sair dos cofres do Estado por outras portas.
Esta guerra é séria. Se o dinheiro não saiu via Ford-Ranger, vai sair via apetrechamento de casa ou via fornecimento de material de escritório ou via fornecimento de badgias e gulabos no workshop ou via construção de hospital ou via reabilitação de fossas de qualquer coisa.
Temos de estar atentos. Este país é nosso. Temos de amá-lo. Como dizia Samora Machel, "aqui trava-se um combate... é duro, mas temos de vencer". E estamos quase a vencer... Muito quase mesmo.
- Co'licença!
À memória de Matateu, que morreu sem nada nas mãos
Em 1983, quando Moçambique derrotou a selecção dos Camarões no Estádio da Machava, o mundo inteiro perguntou se aquilo era mesmo verdade. Os camaroneses eram os maiores da África, uma espécie de astros elegidos para reverberarem no tempo. Perante eles, todos sentiam-se como os israelitas diante de Golias na guerra dos filisteus. Tremiam e escondiam-se nas baixas e nas tocas e nas grutas. Agora quem são esses que ousam enfrentar um monstro, e ainda por cima decepá-lo com a sua própria espada!?
"Eu não conheço o [Teófilo] Nhangumele". Dizem que foi esta a reacção do camarada Armando Guebuza, antigo Presidente desta república, quando perguntado como foi possível ele [o Guebuza] ser enganado por um indivíduo como o Teófilo Nhangumele para assinar um calote que fez o país se ajoelhar desta maneira. Dizem que o camarada Guebuza não gostou nem tampouco da brincadeira, e com razão.
Por Domingos M. do Rosário*
“Como se pode ver a partir das constatações das equipas de monitoria presentes nos 161 distritos do país, existem ainda inúmeros problemas de inoperacionalidade dos materiais de registo eleitoral, que resultaram não só na lentidão no registo de eleitores, mas também no fecho de muitas brigadas de recenseamento eleitoral..”
A Justiça moçambicana decidiu extraditar Tanveer Ahmed para os Estados Unidos da América. Tanveer Ahmed é um cidadão paquistanês preso em Moçambique por posse de droga e procurado pelos americanos por tráfico de drogas pesadas. Quando os gringos pediram o seu bandido, nós entregámo-lo sem cerimónias.
É mesmo isto que vai acontecer. Com o aproximar dos 90 anos do nosso Lilinho Micaia, o poeta de “Mãe negra...embala seu filho”, ou seja, para os não conhecem sua versão literária, os 90 anos de Marcelino dos Santos, figura que se confunde com a génese da Frelimo e do Estado-nação que hoje somos, combatente nacionalista de primeira hora, na véspera do seu nonagenário, a Frelimo e o Estado vão sai à rua para exultá-lo, reerguê-lo ao pedestal mais alto do heroísmo nacional. Vai sair toda uma nata de ”frelimos” exaltando Marcelino. Contando suas façanhas e sua abnegação à luta. É normal que assim seja. Mas, mas não devia ser!