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terça-feira, 08 março 2022 13:10

Um regresso a Maqueze!

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Quando não se passa nada! Não se passou literalmente nada um ano depois!

 

Em Maio do ano passado,  juntamente com a minha família e a de um amigo, Sitoe, desloquei-me a Maqueze para participar numa missa de passagem de seis meses da morte de um amigo, Jossias Gabriel Mathe, Deus o guarde devidamente. Uma viagem que tinha tudo para ser muito prazerosa, doce, romântica; mas, como relatei em crônica na altura, acabou estragada somente porque… estávamos desavisados de que não se atravessava no Alto Changane, a via estava (ainda está) interrompida pelas águas. Idos de Maputo, precisamente às 7:45, estávamos na margem sul do rio Changane, do lado da “vila”, prestes a seguir para Maqueze! Estávamos há 20 minutos do destino. Quase focinhávamos as águas… Tivemos que voltar até Chibuto, uma hora e tal de condução… dar a volta, seguir até Mohambe, cerca de 25 quilómetros, depois desviar, mais umas duas horas de estrada de terra batida, escorregadia, esburacada, traiçoeira e algo perigosa.  No lugar de chegar ao destino à hora e em condições desejadas, bem dispostos, acabámos por chegar atrasados, cansados e sem o ânimo necessário para estar presente em cerimônias públicas.

 

Tudo por conta de uma ponteca que tarda uma eternidade em aparecer entre a “vila” de Alto Changane e Maqueze, apesar de, num passado não muito distante, ter havido fundos para tal e algum material de construção ter chegado mesmo a ser descarregado no local. Alguma pedra foi concentrada ali perto da margem, ainda que, hoje por hoje, não tenha uma única pedrinha de amostra.

 

Este ano, há uns dias, com os mesmos acompanhantes, lá me fiz de novo a Maqueze.

 

Encontrei um outro Maqueze. Está a desenvolver-se, a tornar-se vila. Mau grado a desurbanização que graça. Definitivamente, não estamos a conseguir erguer bairros, aldeamentos e mesmo vilas bem urbanizadas, ruas bem organizadas, bem estruturadas. Nada, não conseguimos. Falta alinhamento, ruas e ruelas bem desenhadas, atalhoamento padronizado, conforme e profissional. Nada. Maqueze, como muitos agregados pelo país fora, está a crescer desordenadamente! Mas está a crescer. Muitas construções à vista; palácios até. Água, já há um sistema de abastecimento. Energia, está em curso a construção de uma mini-central fotovoltaica. O futuro parece muito promissor!

 

Desta vez, ia a uma festa de aniversário de um amigo. Não era um aniversário qualquer, aniversário de uma figura emblemática, quase com a idade de pai: Amós Stefane Mahanjane! O embaixador Amós Mahanjane. Esse mesmo. Figura com espaço nobre na História de Moçambique, antigo combatente, representante do país no estrangeiro! Oficialmente, fazia 76 anos de idade; mas, de facto e de verdade, fez 82 primaveras! Uma boa idade, maior para aquilo que a sua compostura física aparenta - ainda com ar jovial. Uma figura muito afável, bondosa, de grande coração, ajudadora do outro, sempre preocupada com os outros.

 

Foram muitas palmas para o mano Amós, tantos eram os convidados presentes, entre familiares, amigos e conhecidos. Palmas, ovações e aplausos muito merecidos. Uma festa muito bonita. Simples, mas bonita! Muitas mensagens apresentadas. Muitas homenagens. Muitas vénias. Muitas ofertas. Muita alegria. Sem muito protocolo ou complicações, todo aquele que entendesse, dava o seu depoimento sobre o aniversariante. Depois, muita confraternização regada de abundante canhû e tanta comida. Só terminou noite adentro, com muita música, de uma banda local e de DJ, concurso de dança e canto improvisados. Foi muito bonito.

 

Depois, o fim. Chegou a vez de pegar a estrada. De novo, o calvário e a volta a dar. De Maqueze a Chibuto, são perto de 80 quilômetros, via Alto Changane. No entanto, via Mohambe, são cerca de 120 quilômetros!... setenta e tal dos quais em terra batida. Uma via escorregadia, esburacada, de terra falsa. Mas houve mundos e fundos para se reabilitar esta via e pô-la em condições melhores. Mas nada se passou. Dinheiro foi para o bolso do empreiteiro, a S. Construções; e nada de sério aconteceu que beneficiasse os utentes da via, os maquezenses, nhlanganinenses, etc., etc.

 

Foram 11.260.951,31 (onze milhões, duzentos e sessenta mil novecentos e cinquenta e um meticais e trinta e um centavos)! Isso mesmo! Onze milhões e duzentos e sessenta mil para um troço de 54 quilômetros! Apenas 54. Houve areiazinha aqui, uma pedrada ali… mais nada!

 

Termino como terminei a outra crônica a que fiz referência, de Maio de 2021. ATÉ QUANDO O SOFRIMENTO DOS COMPATRIOTAS MAQUEZENSES/NHLANGANINENSES? NÃO SÃO ELES MOÇAMBICANOS? NÃO MERECEM UMA PONTECA ALI [NO ALTO CHANGANE, PARA FACILITAR A VIDA DELES?] NÃO MERECEM?

 

Estou curioso em ouvir a música que se vai tocar para conquistar os votos daqueles concidadãos para os próximos pleitos!

 

ME Mabunda

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