“São muitos moçambicanos que, conscientes ou não, fazem o papel ridículo de apoiar tudo que é de fora, sobretudo, no que diz respeito a denigrir as nossas conquistas como país independente. Nesta reflexão, não pretendo, de forma alguma, dizer que somos um país de santos, mas que não sejam os outros a dizer e nós, pura e simplesmente, segui-los. Moçambique possui hoje gente formada a diferentes níveis e por diferentes escolas do saber. Temos uma massa crítica que, usando o seu intelecto para dentro, pode derrubar o Estado, sem armas e através de denúncias do que é simplesmente mau e indesejável para o nosso desenvolvimento. Não aceitemos ser divididos. Lutemos por Moçambique!”
AB
“O FMI é o exército americano com dólar em vez de porta-aviões. Querem transformar os países africanos em escravos económicos, eles pressionam para desvaliações, para que tudo possa ser comprado barato, pelas multinacionais, esta é a nova colonização económica. Moçambique não é o único exemplo africano que prova isso”, lê-se na página 63 de La Traquenard que quer dizer “A Armadilha”.
Jean Boustani disse a Guebuza que Teófilo Nhangumele, com quem vinham trabalhando há muito tempo, pediu 50 milhões de dólares, referindo que tal valor era para a Presidência. Guebuza respondeu: “Senhor Boustani, estamos a falar de um grande projecto estratégico. A minha resposta é simples: ninguém, nem eu, nem qualquer outro funcionário moçambicano, está autorizado a receber um cêntimo para avançar como deveria. Se alguém te pedir dinheiro, recuse e vem falar comigo”.
In Semanário Canal de Moçambique, edição nº 771 de 05 de Junho de 2024, citando o Livro “A Armadilha” de Jean Boustani.
Diz-se na gíria popular que “os anjos da casa não fazem milagres”. É verdade, muito do que diz o Senhor Jean Boustani, no seu Livro La Traquenard, citado pelo Canal de Moçambique, ouvimos no julgamento das dívidas ocultas, nos depoimentos de António do Rosário, então Director da Inteligência para a área económica do SISE. Mas muitos de nós, porque estavam em causa avultadas somas de dinheiro, não quisemos ouvir, ainda que ouvíssemos, quem éramos nós. O Ministério Público e o Juiz da causa é que tinham que ouvir, mais nada!
Muito recentemente, esteve em solo pátrio uma Missão do FMI – Fundo Monetário Internacional, para avaliar o desempenho de Moçambique e produziu as polémicas constatações de que a Autoridade Tributária, do valor que arrecada, 80% serve para o pagamento de salários e nós, como “bons” cidadãos que somos, saímos à rua a dizer que os beneficiários dos 80% da colecta dos impostos são uns improdutivos e que deveriam ser “demitidos” em massa. Estamos a falar de professores, de pessoal de saúde, do exército e da PRM, ente outros.
Mais uma vez, parece-me que o FMI – Fundo Monetário Internacional prepara-nos para medidas drásticas, como aquelas que foram aplicadas a Moçambique, desde o ano de 2016, salvo erro, em que o Orçamento do Estado passou a não beneficiar de qualquer apoio dos parceiros internacionais, com a alegação da “descoberta” das dívidas ocultas que, para Jean Boustani, foi uma espécie de “Golpe de Estado” apoiado por moçambicanos devidamente posicionados no sistema de governação.
Nesse mesmo contexto, ouviu-se a hostilização do antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, a ser acusado de “ladrão” por algo que, em consciência, jamais faria. Hoje, o Livro de Jean Boustani, com o título “La Traquenard”, escrito pelo jornalista Francês Erwan Sezneen e citado pelo Canal de Moçambique, na edição de 05 de Junho de 2024 traz outros dados. Mas o mal está feito, Cabo Delgado e as províncias circunvizinhas estão em “chamas” devido à insurgência que pode ter como origem a desestabilização referida, para a desvalorização do metical e facilitar a pilhagem dos nossos recursos naturais.
A questão que se coloca é: até quando, nós moçambicanos, continuaremos a colaborar com o estrangeiro na desvalorização das nossas próprias conquistas como Nação? É verdade que os nossos dirigentes, em alguns casos, ávidos de enriquecimento fácil e rápido, facilmente aderem a esse tipo de atitudes, mas teremos de ser nós próprios moçambicanos a denunciar e a exigir que se “purifique” o sistema e não repetir tudo que vem de fora, com simples propósito de nos empobrecer, na famosa nova vaga de “colonização de África” de que somos certamente vítimas.
No Livro, Jean Boustan cita a ameaça estratégica da China e da Rússia, nos seguintes termos: “entre 2000 e 2014, a China investiu mais de dois mil milhões de dólares em Moçambique em obras de infra-estruturas e empréstimos (sem juros) à agricultura e isso faz parte de uma política africana mais ampla, porque a China investe em muitos países. Mas Moçambique tem um papel especial: O País é muito rico em recursos naturais e é a saída marítima para muitos países sem litoral, como Zimbabwe, Zâmbia, Malawi e até África do Sul. Maputo é Porto de Johannesburg, estando a apenas 545 Km de distância”, diz Jean Boustani, citado pelo Canal de Moçambique.
Mas adiante, o mesmo Boustani é citado a dizer: “é difícil ter a certeza sobre este assunto, mas o ano de 2015 é talvez o ano em que os Estados Unidos começaram a dizer que era hora de recuperar uma posição em Moçambique, para contrariar os objectivos dos seus rivais Chineses e Russos” fim da citação.
Apesar de abundantes informações sobre os interesses do Ocidente em Moçambique, claramente, que contam com a colaboração interna, muitas pessoas informadas preferem ignorar e dar voz àqueles que pretendem realizar a chamada “nova forma de colonização económica “que o faz através das suas multinacionais, o FMI – Fundo Monetário Internacional, que esteve recentemente em Moçambique, não fala sobre a não contribuição dos mega-projectos através dos impostos no Orçamento do Estado. Contudo, faz questão de enfatizar a necessidade de se criar o famoso Fundo Soberano, nada contra!
Ora, você tem alguma receita, resultante de exploração dos recursos naturais, que te obrigam a não gastar, alegadamente, porque os recursos irão se esgotar e as gerações vindouras não irão beneficiar, caso não se crie o fundo, mas não querem fazer um balanceamento entre a sustentabilidade da dívida a ser contratada, com dinheiro dos recursos estagnado como Fundo Soberano. Será que não temos seres pensantes em Moçambique? Por favor, acordem!
Adelino Buque