Cerca de 300 famílias evacuadas em Março passado de zonas de risco no baixo Licungo, no distrito de Maganja da Costa, em consequência da passagem do ciclone Idai e reassentadas na região de Nomiua, viram-se forçadas a regressar à zona de origem, por falta de disponibilidade de terra. Até finais de Agosto último, eles viviam em condições de extremas dificuldades, carecendo de apoio humanitário urgente.
O povoado de Nomiua localiza-se no posto administrativo de Nante e foi escolhido pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (ING) para albergar um total de 754 famílias evacuadas de zonas de risco nas regiões de inundação daquele distrito, considerado celeiro da província da Zambézia.
O Banco Mundial aprovou ontem (01) uma doação de 110 milhões de USD da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA), como Financiamento Adicional (FA), para apoiar os esforços de reconstrução do Governo de Moçambique após os ciclones Idai e Kenneth.
Em comunicado recebido na nossa redacção, consta que o FA abordará as necessidades de recuperação pós-desastre de Moçambique no subsector de estradas, aumentando o alcance original do Projecto de Desenvolvimento Integrado de Estradas Rurais, aprovado em 2018 através da reconstrução e reabilitação de estradas e pontes rurais nas quatro províncias adicionais, nomeadamente, Sofala, Manica, Tete e Cabo Delgado.
Citado pela nota, o Director do Banco Mundial para Moçambique justifica o FA pelo facto de os ciclones Idai e Kenneth terem destruído grande parte da rede de estradas nas seis províncias, o que resultou num enorme sofrimento humano nas comunidades rurais. Por isso, “este projecto ajudará a restaurar o acesso a oportunidades médicas, educacionais e económicas para as comunidades afectadas”, afirma Lundell citado pelo comunicado.
De acordo com a nossa fonte, o FA justifica-se ainda pelo facto de um sistema de estradas em ruínas ter grandes implicações na recuperação e reconstrução de emergência em todos os outros sectores da economia. Daí que “queremos reconstruir melhor,” observou, citado pela nota, Rakesh Tripathi, Especialista Sénior em Transportes no Banco Mundial e líder da equipa do projecto.
Destacando o impacto do FA, Tripathi acrescenta na nota que o projecto restabelecerá a conexão rodoviária nos distritos seleccionados dessas seis províncias, construindo estradas e pontes rurais resilientes e, desse modo, contribuindo para restaurar os meios de subsistência, apoiar a produtividade agrícola, restabelecer o acesso aos serviços de saúde e educação.
De acordo com o comunicado, o projecto beneficiará igualmente várias instituições do Governo, incluindo o Instituto Nacional de Transporte Terrestres (INATTER) e a Polícia de Trânsito, mas também o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), uma vez que aborda a emergência na segurança rodoviária e mudanças climáticas. (Carta)
Foram inaugurados, na manhã desta terça-feira, 64 apartamentos, de um lote de 160 erguidos no âmbito do projecto Zintava 1, no distrito de Marracuene, província de Maputo. Os apartamentos, que vêm sendo erguidos desde Janeiro de 2016, foram inaugurados pelo Ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), João Machatine.
Os 64 apartamentos, alguns do Tipo 2 e outros do Tipo 3, foram construídos pelo Fundo para o Fomento de Habitação (FFH), num projecto que está a ser desenvolvido em fases, não se sabendo, entretanto, quando o mesmo será concluído.
Após o Banco de Exportações e Importações (EXIM) dos Estados Unidos da América (E.U.A.) aprovar, a 26 de Setembro passado, a concessão de um empréstimo de cinco biliões de USD para apoiar a exportação de bens e serviços nacionais para as diversas fases de construção e desenvolvimento do projecto integrado de Gás Natural Liquefeito (GNL) na Área 1 da Bacia do Rovuma, a Embaixada daquele país em Moçambique enaltece o impacto do gesto para a economia nacional.
Em comunicado, a Embaixada dos E.U.A. em Moçambique afirma que o investimento irá impulsionar o crescimento económico, criar empregos e aumentar as receitas fiscais em Moçambique, ao mesmo tempo que apoiará milhares de empregos nos Estados Unidos.
“É também um passo importante no cumprimento do compromisso da Iniciativa Prosper Africa dos E.U.A. de duplicar o investimento dos E.U.A., impulsionar o crescimento e aprofundar as nossas parcerias em África, conforme discutido em Junho durante a Cimeira Empresarial E.U.A.-África do Corporate Council on Africa, realizada em Maputo”, acrescenta a nota.
Em relação aos ganhos da concessão para os E.U.A, o EXIM avança, cita pelo “Macauhab”, que o empréstimo representará uma receita para o Tesouro dos Estados Unidos de 600 milhões de USD, entre taxas e juros cobrados ao tomador, a Mozambique LNG1 Financing Company Ltd.
Aquela agência federal independente, que se dedica à promoção e apoio a postos de trabalho americanos, diz igualmente que com a concessão estima-se que sejam criados 16 400 empregos, num período de cinco anos de construção das duas centrais de processamento de gás natural e instalações adicionais a fornecedores nos Estados de Texas, Nova Iorque, Pensilvânia, Geórgia, Tennessee, Florida e Distrito de Colúmbia.
O Projecto Mozambique LNG é agora liderado pela petroquímica francesa Total, após esta concluir, há dias, a aquisição à norte-americana Occidental, da participação de 26,5 por cento detida pela Anadarko por um preço de compra de 3,9 biliões de USD. (Evaristo Chilingue)
Entre as 03 a 05 horas desta terça-feira (01 de Outubro), a aldeia Nantodola, no distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, registou o rapto de cerca de 20 pessoas, entre mulheres e crianças.
Os detalhes da operação são escassos, mas fontes contam que durante o ataque os insurgentes queimaram 10 casas, porém, não se observou o pior, graças à intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Fontes locais relatam um cenário de horror e medo, com várias casas desabitadas num raio de 30 km, porque alegadamente os insurgentes, nas suas novas incursões, ameaçam atacar os postos de votação no dia 15 de Outubro, caso se insista em realizar o escrutínio nos referidos locais.
Esta situação comprovou-se ao longo de toda a segunda-feira (30 de Setembro), quando os insurgentes deslocaram-se às aldeias de Rua-rua, Nguri e Natibo, onde incendiaram várias casas e, na tarde desta terça-feira (01 de Outubro), foram à aldeia Mungue, onde fizeram o mesmo acto. A estratégia passa por incendiarem casas nas aldeias abandonadas para desencorajar o regresso das populações.
O outro distrito que voltou a ser atacado quando eram 05 horas da passada segunda-feira (30 de Setembro) foi o distrito de Muidumbe, concretamente, os povoados de Namatil e Samala, no Posto Administrativo de Chitunda, na localidade de Meangueleua. Na ocasião, os insurgentes queimaram várias casas, apoderaram-se de produtos alimentares, levando a população a abandonar os locais.
De salientar que o Estado Islâmico voltou a emitir, nesta terça-feira (01 de Outubro), a 11ª reivindicação dos ataques e fontes da secreta falam da existência de sete células do grupo de insurgentes actuando ao longo dos distritos a nordeste de Cabo Delgado. (Omardine Omar e Paula Mawar)
A província de Gaza, o chamado “frelimistão”, continua por excelência um terreno hostil aos partidos da oposição. A prova disso foi o clima vivido por Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e candidato à Presidência da República, e sua comitiva nos dois dias em que, por aquelas terras, dedicou-se à caça ao voto. Tiros e pauladas foram a tónica dominante nos dias em que Simango trabalhou naquela província umbilicalmente ligada ao partido Frelimo.
Membros e simpatizantes do partido Frelimo (trajados com as cores do partido) baseados naquela circunscrição territorial, assumidamente anti-oposição, inviabilizaram o trabalho daquele candidato da terceira maior força política do xadrez político nacional.
Aliás, importa fazer menção que, nas Eleições Gerais de 2014, “ganhas” pelo candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, Daviz Simango e sua comitiva foram, igualmente, violentados por membros e simpatizantes do partido no poder, tendo, na sequência, sido registados casos de óbitos.
A actuação da Polícia da República de Moçambique (PRM), tanto nos dois dias em que o candidato do MDM esteve a pedir votos naquela província, bem como nas Gerais de 2014, foi motivo de sucessivos questionamentos por parte da esmagadora maioria da sociedade moçambicana.
Os partidos da oposição, nomeadamente, a Renamo e o MDM, têm apontado, para além dos órgãos eleitorais (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral e Comissão Nacional de Eleições), a PRM como cultora da violência, muito pela forma parcial como tem actuado. Alegam que as forças policiais têm sempre agido em benefício do partido Frelimo e em prejuízo dos outros seguimentos da sociedade.
O candidato da Frelimo, Filipe Nyusi, que concorre à sua própria sucessão, trabalhou, esta terça-feira, na província de Gaza, tendo a porta de entrada sido o distrito de Xai-Xai. Nyusi trabalhou nos distritos de Mandlakazi e Chibuto, tendo neste último orientado um comício popular.
Salta à vista o facto de a sua comitiva não ter sido impedida de fazer campanha e muito menos ter havido situação de confrontação entre os membros e simpatizantes do partido Frelimo e de outras formações políticas.
Aliás, salientar que o candidato presidencial da Renamo, Ossufo Momade, encontra-se, igualmente, desde ontem a trabalhar na província de Gaza.
Esta terça-feira, decorrente dos episódios do último domingo e da passada segunda-feira, “Carta” chegou à fala com o porta-voz do partido Frelimo, Caifadine Manasse. Manasse escudou-se no velho e caduco discurso de que o partido Frelimo é de “paz” para tentar minimizar a situação incomum que se assistiu naquela província.
De seguida, Caifadine Manasse atirou, de forma repetitiva, que a Frelimo condena e repudia toda e qualquer tentativa de violência e que aquela não era atitude dos membros e simpatizantes do partido Frelimo.
“Nós não olhamos isso como atitude dos membros do partido Frelimo. Nós nos distanciamos de qualquer atitude de violência e o presidente Nyusi é claro sobre isso. Portanto, nós repudiamos qualquer acto de violência. Nós, como partido Frelimo, somos contra a violência”, respondeu Caifadine Manasse. (Carta)
A plataforma de observação eleitoral Monitor, que agrega organizações da sociedade civil moçambicana, alertou hoje para a utilização de jovens em grupos violentos que impedem partidos de realizar acções de campanha.
"A plataforma está preocupadíssima com a utilização da juventude, muito em particular na província de Gaza, em grupos de choque" para impedir algumas iniciativas públicas, disse hoje Adriano Nuvunga, diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), em conferência de imprensa.
Nuvunga apontou como exemplo da ação desses grupos, as agressões de que foi alvo o candidato presidencial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, na sexta-feira e os bloqueios subsequentes a acções de campanha na mesma região.
"Não houve até agora situações […] de violência entre caravanas da oposição", mas sempre "entre pessoas vestidas [com adereços] do partido da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), ora em relação à Renamo, ora ao MDM", acrescentou.
"Não estou a acusar ninguém", frisou, perante uma sala ocupada por jornalistas e membros de organizações da sociedade civil, realçando estar a descrever aquilo que "todas as televisões mostraram: que o denominador comum desta violência" são "pessoas vestidas a vermelho e com o logótipo do partido Frelimo".
Adriano Nuvunga apelou à "contenção de ânimos", tendo em conta que a violência "esteve em alta" nas primeiras duas semanas de campanha e "tende a crescer" novamente na reta final, à medida que se aproxima a data das eleições gerais, 15 de Outubro.
A conferência de imprensa serviu para divulgar outros casos de violência eleitoral, como seja, contra as mulheres, de acordo com as cores da sua roupa e do partido político a que estão associadas.
Os observadores denunciaram ainda a obrigação de professores e enfermeiros participarem em acções de campanha eleitoral, mesmo durante o horário de trabalho, o que prejudica tanto alunos como pacientes.
A recolha de cartões de eleitor, destruição de material de campanha e bloqueio de observadores "devidamente credenciados" são outros problemas relatados pela plataforma.
Fazem parte da plataforma Monitor o Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), o Comité Ecuménico para o Desenvolvimento Social (CEDES), Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC), Associação Nacional para o Desenvolvimento Auto-Sustentável (ANDA) e Pressão Nacional dos Direitos Humanos (PNDH).
Em 15 de outubro, 12,9 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher o Presidente da República, dez assembleias provinciais e respectivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República. (Lusa)
No passado dia 15 de Agosto, o antigo PCA do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Francisco Mazoio, foi detido em Maputo. Ele acabara de chegar de uma capital provincial e foi recolhido imediatamente aos calabouços. E, como se esperava, poucos dias depois, também foi detido Baptista Machaieie, antigo director-geral da mesma instituição.
Aquando das detenções, a suspeita na opinião pública apontava para um caso: o famigerado negócio do financiamento danoso à CAR Aviation, do falecido empresário Rogério Manuel, para a compra de aviões. Mas, poucos dias depois, o Ministério Público acabou libertando sua narrativa. Mazoio e Machaieie estão “indiciados de terem assinado um contrato suspeito para sacar dos cofres do INSS mais de 371 milhões de Meticais”.
O montante tinha a ver com um projecto imobiliário no distrito de Nacala-a-Velha, em Nampula. À luz desse contrato, de 2014, alega o GCCC, o INSS fez pagamentos no valor de 371.124.000 Meticais, dinheiro que foi alegadamente para bolsos privados.
O negócio envolveu o INSS e a Índico Dourado, uma empresa de consultoria e investimentos, a que estão ligados o Engenheiro ítalo-moçambicano Emiliano Finochi e o advogado Henriques Macuácuà, que é um dos defensores de Helena Taipo no caso de corrupção que levou à detenção da antiga Ministra. Finochi e Macuácuà, também são arguidos no processo sobre Nacala-à-Velha, mas estão em parte incerta, o que levou o Ministério Público a emitir contra os dois, há duas semanas, mandados internacionais de prisão.
Uma fonte ligada à Indico Dourado disse à “Carta” que o negócio entre a empresa e o INSS foi completamente limpo e tudo o que está acontecer não passa de mera “perseguição”. De acordo com a fonte, em 2014, o INSS publicou um estudo produzido e oferecido por um país nórdico, onde era sugerido que o instituto devia inverter o “ratio” entre depósitos e investimento a longo prazo, pois os bancos não pagavam juros decentes e estava a perder dinheiro. Até então, o INSS tinha investidos apenas 20% dos seus fundos e 80% estavam em depósitos, que geravam juros em dimensão limitada.
Na sequência desse estudo, diz a fonte, o INSS decidiu levar a cabo investimentos imobiliários em cada uma das províncias de Moçambique. E lançou convites, através da imprensa. A fonte diz que a Índico Dourado respondeu com um projecto em Nacala-à-Velha, na zona franca, e uma estância turística na praia. Tratava-se de um complexo de escritórios de cerca 10.000 m2 e uma estância de luxo, com 48 quartos.
“A Índico fez um estudo de viabilidade económica financeira, adquiriu os Duats necessários, e desenvolveu todo o projecto de engenharia, criando um pacote pronto para ser executado, dividido em 2 fases: i) aquisição de todos os estudos de engenharia, arquitectura, viabilidade económica, incluindo os Duats; ii) Implementação do projecto. Ou seja, a construção física”.
De acordo com a fonte, “as fases eram separadas e independentes. Se o INSS quisesse construir com outros parceiros, estava livre de o fazer. Mas tinha tudo para começar. Tratava-se de um ‘project finance'”. A fonte alega que a negociação entre a Índico Dourado e o INSS “seguiu todos os termos legais, inclusive foi aprovado pelo Tribunal Administrativo, que comprovou a sua legalidade. E passou por 5 departamentos do INSS”.
A fonte não explicou porque é que o INSS não implementou o que tinha sido projectado. Mas lamentou que processos claros e transparentes venham a ser usados para "perseguições políticas". E queixou-se de que “investir em Moçambique é perigoso” e este caso prova por que é que empresários não querem pôr dinheiro no país”.
Do V concurso para a concessão de blocos de petróleo...
A menção à “perseguição política” parece não ser em vão. Emiliano Finochi e Henriques Macuácuà têm um historial recente de confrontação com o Governo em dois grandes processos estruturantes da economia. A Índico Dourado é parte de um consórcio que alega ter ganho os direitos para a exploração do bloco PT5-B, no norte de Inhambane, no âmbito do recentemente terminado V concurso, mas com quem o Governo acabou não rubricando qualquer contrato, mesmo depois de a antiga Ministra dos Recursos Minerais e Energia, Lectícia Klemens, ter assinado um despacho de concessão.
O consórcio decidiu então processar o INP junto do Tribunal Judicial de Maputo por “ignorar as instruções da Ministra e falsificar documentos relevantes". Com a acção criminal, o consórcio pretende forçar o INP a abrir negociações para um contrato de exploração do bloco.
O consórcio, liderado pela ShoreCan (uma joint venture entre a Canadian Overseas Petroleum Limited, COPL, e a Shoreline Energy International, da Nigéria), afirma que foi injustamente desqualificada do processo, encerrado em 2015. O advogado Henriques Macuácuà era quem estava a frente deste expediente, numa confrontação aberta com o MIREME (Max Tonela) e com o INP.
...à Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa
Outro caso recente de braço de ferro entre a Índico Dourado e o Governo envolve a Hidroeléctrica de Mpanda Kuwa. Em Agosto do ano passado, o PR Filipe Nyusi decidiu "adjudicar" o desenvolvimento do projecto de Mphanda Nkuwa (HMNK) a um futuro consórcio entre a EDM e a HCB. Numa quarta-feira (22 de Agosto), Nyusi, discursando na inauguração da nova Central Termoeléctrica de Maputo, bateu com a mão na mesa: chega de obstruções e intermediários.
E decidiu: os únicos mandatários de agora em diante seriam a EDM e a HCB. A posição presidencial causou calafrios nalgumas "boardrooms" do investimento estrangeiro em Maputo. E no Dubai o Sheik Maktoum Hasher Maktoum Al Maktoun aparava o “igal” de cor preta que fixava a “guthra” branca no topo da sua cabeça.
O quê?, perguntava Al Maktoum para seus botões. É que ele é o dono da Manannam Hydro Limited, que em Março de 2017 assinou um contrato com o Governo para a tomada da HMNK e colocando na mesa uma oferta de investimento de 4.6 bilhões de USD, sem garantias soberanas, para a construção da barragem e da linha de transmissão CESUL (centro/sul).
A Índico Dourado é a representante da Manannam em Moçambique e deixou claro que o afastamento abrupto do Sheik podia empurrar o caso para uma arbitragem internacional, colocando o Governo em tribunal. Não sabemos se essa ameaça foi concretizada, mas o certo é que a Índico Dourado passou a ser vista, em certos sectores do Governo, como um inimigo a abater.
E, enquanto o Governo lançava, em Março deste ano, um concurso para encontrar um consultor para realizar a estruturação legal e financeira do Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, dando seguimento à "adjudicação" de Filipe Nyusi, Emiliano Finochi era constituído arguido no caso do Aeroport0 de Nacala, alegadamente por ter recebido subornos por parte da construtora brasileira Odebrecht.
Foi detido mas liberto a seguir sob uma caução milionária (20 milhões de Meticais). Seguiu-se, agora em Agosto, a detenção de Mazoio e Machaieie, com a indicação de que a Índico Dourado tinha também prevaricado e a constituição em arguidos de Finochi e Macuácuà, num caso ainda não cabalmente investigado pelo Ministério Público, que deixou a impressão de que estava a prender para depois investigar.
E foi, curiosamente, a seguir à revelação do caso de Nacala-à-Velha, já com o nome da Índico Dourado nas ruas da amargura, que o Governo anunciou finalmente o consórcio seleccionado, a Synergy Consulting (Worley Parsons mais Baker Mckenzie e HRA Advogados) para realizar os estudos técnicos e para a selecção do parceiro estratégico que deverá se juntar às empresas públicas Electricidade de Moçambique (EDM) e a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) no desenvolvimento de Mphanda Nkuwa.
O enredo ainda promete. Finochi e Macuácuà estão em parte incerta, mas nada indica que o Sheik vai abdicar dos direitos adquiridos sobre a Mphanda Nkuwa nem se o consórcio que reivindica o bloco de petróleo no norte de Inhambane está disposto a desistir. Será mesmo perseguição política? (Marcelo Mosse)
O Grupo Standard Bank assinou, recentemente, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, o acordo de Princípios de Iniciativa Financeira para Responsabilidade Bancária (UNEP FI), projectado para ajudar os bancos comerciais a alinhar as suas estratégias de negócio com os objectivos da sociedade.
Com efeito, o Standard Bank, que desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da estrutura nos últimos dois anos, tornou-se signatário fundador dos princípios das Nações Unidas para um banco responsável, visando impulsionar o desenvolvimento económico sustentável e garantir a prosperidade das gerações actuais e futuras.
Trata-se de princípios que compreendem sete áreas de impacto social, económico e ambiental, nomeadamente a criação de emprego e desenvolvimento de empresas, educação, inclusão financeira, saúde, meio ambiente e mudanças climáticas, desenvolvimento de infraestrutura, comércio e investimento africano.
Mais de 100 executivos bancários de cinco continentes, juntaram-se, recentemente, com o secretário-geral da ONU, António Guterres e a UNEP FI, para lançar os Princípios de Iniciativa Financeira para Responsabilidade Bancária na Assembleia Geral anual da ONU, em Nova Iorque.
A propósito, Sola David-Borha, administradora executiva para a região africana do Grupo Standard Bank, referiu que os princípios estão alinhados com o objectivo do Standard Bank que consiste em impulsionar o crescimento do continente africano e desenvolver as comunidades, estabelecendo parcerias de forma íntegra.
“Eles também apoiam o esforço do grupo para maximizar o nosso impacto social, económico e ambiental", disse.
O Standard Bank, conforme indicou Sola David-Borha, vê neste acordo uma oportunidade de assegurar um impacto significativo em todo o continente, uma vez que possui maior representatividade de todos os bancos participantes. O Standard Bank, que abrange a marca Stanbic, opera em 20 mercados africanos.
Os princípios foram projectados para ajudar os bancos a alinhar as suas estratégias de negócio com os objectivos da sociedade - conforme expresso nos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e no Acordo Climático de Paris - estabelecendo deste modo uma plataforma para um sistema bancário sustentável.
Os bancos signatários do acordo de Princípios de Iniciativa Financeira para Responsabilidade Bancária devem incorporar considerações sociais, económicas e ambientais nos seus processos, práticas e decisões, bem como realizar análises de impacto para identificar as suas maiores contribuições positivas e negativas para as sociedades, economias e ambientes em que operam.
Entretanto, o Standard Bank já registou progressos significativos nestas áreas, tendo, em Julho do corrente ano, lançado o projecto de “Plantio de Árvores”, que permitiu o plantio de um total de 850 mudas em dez instituições de ensino primário, secundário e superior, na província e cidade de Maputo, contribuindo, deste modo, para o aumento das áreas verdes.
Na vertente da criação de emprego e desenvolvimento de empresas, o banco inaugurou, em Agosto de 2017, a sua Incubadora de Negócios, em Maputo, que desenvolve iniciativas, visando ajudar os jovens a estruturar ideias de negócio, assim como instigá-los a criar empreendimentos que tenham impacto na comunidade, ajudando a resolver os problemas do dia-a-dia de forma simples e criativa, para além de gerar postos de trabalho para outras pessoas.(Fds)
As cooperativas que receberam os autocarros adquiridos pelo Governo devem melhorar a sua gestão, por forma a assegurar maior disponibilidade destes meios para o público utente, disse o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, no final da visita efectuada, recentemente, às Cooperativas dos Transportadores de Boane (COOTRAB), sediada na Matola, Cooperativa dos Transportadores do Corredor da N1 (COOTRAC1), Cooperativa dos Transportadores de Albazine (COTRALBA) e a Cooperativa dos Transportadores de Marracuene (COTRAMAR), sediadas na Cidade de Maputo.
Para Mesquita, os operadores precisam de honrar com os termos contratuais acordados com o Governo, particularmente na componente de gestão e manutenção dos autocarros alocados, como forma de atingirmos os índices de disponibilidade de transporte projectados a quando do investimento realizado.
“O Governo adquiriu estes autocarros para resolver o problema de transporte da população, sendo que todos os intervenientes, deste as cooperativas, operadores, oficinas de manutenção e reparação, seguradoras e outros, devem ter como foco principal a solução do problema de transporte da população, sendo deploráveis algumas atitudes que levam a que os autocarros fiquem paralisados, por meros problemas de gestão”, disse Mesquita.
A visita às cooperativas e à oficina de manutenção de autocarros fornecidos pela Sir Motors tinha como objectivo aferir o nível de utilização e o impacto dos autocarros na mobilidade ao nível da área metropolitana de Maputo, que absorveu maior parte dos meios alocados a todas as capitais provinciais e alguns distritos do País.
Durante a visita, Carlos Mesquita interagiu com os gestores e técnicos das cooperativas, gestores da oficina de manutenção de autocarros da Sir Motors e, no fim, considerou satisfatórios os índices de controlo e de operacionalidade dos autocarros, porém reconheceu que um trabalho mais coordenado entre as cooperativas, oficinas, seguradoras e outros intervenientes nesta cadeia poderia permitir índices de disponibilidade de autocarros ainda maiores.
“Estes índices de disponibilidade de autocarros que acabam de nos apresentar, condicionados por avarias, manutenções e acidentes, correspondem às nossas projecções, porém queremos que sejam superados. Aliás é nesta cooperativa (COOTRAC1) que implementamos o projecto piloto com 50 autocarros, entregues em Fevereiro de 2016, volvidos cerca de quatro anos, os 50 autocarros continuam operacionais e em bom estado, tendo atingido mais 600 mil quilómetros de marcha. Essa é nossa expectativa com os meios alocados a esta e outras cooperativas”, disse Mesquita, durante a visita à COOTRAC1, a primeira cooperativa criada em 2016 que hoje opera com 72 autocarros alocados pelo Governo.
Na hora do balanço da visita, Mesquita disse a jornalistas que apesar de, em média os índices de disponibilidade de autocarros serem satisfatórios, “encontramos algumas cooperativas que apresentam dificuldades ligadas à organização e gestão, o que resulta na paralisação de autocarros devido a questões que podiam ser previstas e atendidas com a necessária antecedência” disse Mesquita acrescentando que orientou a Agência Metropolitana dos Transportes de Maputo (AMT) para trabalhar com todas as cooperativas que receberam autocarros do Governo, para rapidamente ultrapassarem essas questões.
Na ocasião, o ministro dos Transportes e Comunicações garantiu que o Governo vai continuar a investir no melhoramento da mobilidade, através da introdução de mais autocarros, reforço do transporte ferroviário de passageiros, melhoria de gestão, entre outras medidas com vista a responder à crescente procura que caracteriza a área metropolitana de Maputo.(Fds)