O consulado-geral de Portugal em Maputo abriu ontem um novo balcão específico para reconhecimento de documentos, visando melhorar a prestação de serviços e reduzir a espera na instituição, que em 2023 fez mais de 17 mil reconhecimentos de assinaturas.
“O objetivo é sempre esse: como é que nós podemos poupar as pessoas da perturbação de estarem tempos intermináveis à espera em filas - como vê, não há filas no exterior do consulado - e como nós podemos melhorar a prestação de serviços”, disse aos jornalistas António Costa Moura, embaixador de Portugal em Moçambique, após visitar o novo balcão no consulado.
Segundo o diplomata, numa primeira fase, está-se a adaptar o espaço interior do consulado e seguir-se-á um processo de reestruturação e melhoria “através também do recurso às novas tecnologias e à digitalização dos processos”, para criar “muito melhores condições de uso para os utentes”.
“É todo um processo de fundo em que toda a equipa do consulado geral está profundamente empenhada e com grande orgulho e alegria por parte do embaixador, de toda a comunidade portuguesa que aqui vive e trabalha e, naturalmente e em primeira linha, para os nossos irmãos moçambicanos que também têm de fazer uso dos serviços consulares”, referiu António Costa Moura.
O embaixador de Portugal em Moçambique anunciou, na segunda-feira, um plano para aumentar em 50% a capacidade de resposta do consulado-geral de Maputo, com o objetivo de garantir “serviços consulares de referência”.
“No âmbito da atividade consular, trabalhamos, também, para fazer mais e melhor. Está em curso, aliás, em Maputo, um plano para aumentar em 50% a resposta do consulado-geral, com uma diminuição significativa dos tempos de espera”, disse o embaixador, durante a cerimónia do Dia Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Maputo.
A abertura do novo balcão específico para reconhecimento de documentos certificados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique insere-se também nas comemorações do Dia de Portugal.
De acordo com uma nota da embaixada portuguesa em Moçambique, os reconhecimentos de assinaturas são o ato mais praticado pelo consulado em Maputo, “tendo sido feitos mais de 17 mil em 2023, cerca de 41% do total de atos praticados”.(Lusa)
Está concluído o processo de entrega de candidaturas ao cargo de Presidente da República, cujas eleições decorrem no próximo dia 09 de Outubro. Onze (11) cidadãos moçambicanos confirmaram junto do Conselho Constitucional a intenção de substituir Filipe Jacinto Nyusi do Palácio da Ponta Vermelha.
Trata-se dos cidadãos Daniel Chapo, Domingos Zucula, Dorinda Eduardo, Feliciano Machava, Lutero Simango, Manuel Pinto Júnior, Mário Albino, Miguel Mabote, Ossufo Momade, Rafael Bata e Venâncio Mondlane, que submeteram as suas candidaturas àquele cargo entre os dias 07 de Maio e 10 de Junho corrente. Dorinda Eduardo é a única mulher que tenta chegar, pela primeira vez, à Ponta Vermelha.
Dos 11 candidatos, dois concorrem àquele cargo pela segunda vez consecutiva: Mário Albino e Ossufo Momade, que saíram derrotados do escrutínio de 2019, ganho por Filipe Nyusi com 73% dos votos. Os restantes concorrem pela primeira vez, sendo que o destaque vai para Daniel Chapo, Venâncio Mondlane e Lutero Simango.
Daniel Chapo, de 47 anos de idade, é o principal candidato à sucessão de Filipe Nyusi. Natural de Inhaminga, distrito de Cheringoma, província de Sofala, Chapo é o candidato presidencial da Frelimo, partido no poder, posição a que chega depois de ter liderado o Governo Provincial de Inhambane, entre 2016 e 2024.
Outra figura de relevo que entra na corrida eleitoral é Venâncio Mondlane, ex-deputado e ex-cabeça-de-lista da Renamo às Eleições Autárquicas de 2023, na Cidade de Maputo. De 50 anos de idade, Mondlane, natural de Lichinga, província do Niassa, concorre ao cargo de Presidente da República pela Coligação Aliança Democrática (CAD), depois de ter abandonado a Renamo por desinteligências com Ossufo Momade, o Líder do maior partido da oposição.
Gozando de baixa popularidade desde que a Renamo perdeu as eleições autárquicas de 2023, Ossufo Momade vai à corrida presidencial de 2024 como um dos principais outsiders, entre os candidatos dos tradicionais partidos do país. As desinteligências com o braço militar do partido e a sua aparente aproximação à Frelimo fazem do candidato da Renamo uma carta “fora do baralho” eleitoral.
De 63 anos de idade, Ossufo Momade, que lidera a Renamo desde 2019 (foi reeleito em Maio último), concorre pela segunda vez consecutiva para o cargo de Chefe de Estado, depois de, em 2019, ter amealhado 21,88% dos votos, atrás de Filipe Nyusi.
Lutero Simango, “herdeiro” do lugar outrora ocupado pelo falecido irmão, é a aposta do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), a terceira maior força política do país. Esta será a primeira corrida eleitoral do MDM às presidenciais sem Daviz Simango, que lutou por três vezes chegar à Ponta Vermelha. Na última tentativa, em 2019, conseguiu 4,38% dos votos.
Refira-se que, neste momento, decorre o processo de verificação dos requisitos exigidos para se candidatar a Presidente da República, em particular as assinaturas que suportam cada uma das 11 candidaturas, sendo que as que apresentarem vícios serão excluídas.
Lembre-se que, para concorrer ao cargo de Chefe de Estado, são necessárias, no mínimo, 10 mil assinaturas reconhecidas pelos serviços notariais. O sorteio das candidaturas aprovadas deverá acontecer no dia 26 de Junho. A campanha eleitoral decorre de 28 de Agosto a 6 de Outubro, sendo que a votação decorre no dia 09 de Outubro. (Carta)
A engenheira florestal Milagre Nuvunga, com passagem em funções de direcção no Ministério da Agricultura, organizações internacionais e actual Directora-Executiva da Fundação MICAIA, é a keynote speaker da 2ª edição da Conferência Mulheres na Economia, organizada pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade – FDC -.
Durante 15 anos, Nuvunga passou pelas funções de Directora de Investigação Florestal e de Silvicultura e Vida Selvagem, tendo a seguir trabalhado dez anos nas Nações Unidas e na Fundação Ford. De regresso a Moçambique, em 2008, participou na criação da família de instituições MICAIA (que compreende uma fundação moçambicana e uma empresa social, bem como uma instituição de caridade sediada no Reino Unido e gerida por um conselho de voluntários), onde actua como Diretora-Executiva da Fundação.
Um dos seus principais interesses profissionais está em garantir que as mulheres tenham a oportunidade de participar de forma lucrativa e poderosa em meios de subsistência baseados na natureza e que, ao fazê-lo, as suas vozes sejam cada vez mais ouvidas e a confiança cresça no desafio às iniquidades da sociedade patriarcal.
Na 2ª edição da Conferência Mulheres na Economia, a ter lugar na próxima segunda-feira (17), ela irá abordar os caminhos e alternativas para autonomia e resiliência económica das mulheres, tema central do evento, seguindo-se uma conversa aberta entre esta e a PCA da FDC e activista social, Graça Machel. As duas mulheres irão reflectir, a partir da sua experiência, sobre as acções para acelerar as transformações políticas, sociais, culturais e económicas necessárias para o estabelecimento de uma sociedade mais justa e igualitária entre homens e mulheres.
A conferência inclui quatro oficinas temáticas, que irão abordar, na óptica de janelas de oportunidades de negócio para as mulheres, a inclusão financeira; inovação, tecnologias e empreendedorismo; indústria extractiva e energia; e mudanças climáticas.
Espera-se que o Ministro da Economia e Finanças, Max Tonela, Ministra da Mulher, Género e Acção Social, Nyeleti Mondlane, mulheres e homens de diferentes extractos sociais, organizações nacionais e internacionais e parceiros de cooperação de cooperação participem da reunião.
A Conferência Mulheres na Economia é uma iniciativa da FDC, lançada em 2023 com objectivo de contribuir para afastar as barreiras que impedem a insercção da mulher nos sectores económicos.
No dia 25 de Maio, a cidade foi surpreendida pela destruição repentina da Casa Macamo, um edifício ligado à memória de várias gerações que guardam emoções fortes sobre aquele edifício. O anúncio público por parte do Conselho Municipal de Maputo da interdição da demolição constituiu um alívio para essas almas. Dois dias depois, uma segunda surpresa: os destruidores continuaram a demolição total sem qualquer obediência à instrução das autoridades municipais. A casa foi-se!
A meu ver, o assunto tem quatro vertentes, nomeadamente: (1) a da memória e da estética urbana, (2) a da preservação do património, (3) a da legalidade e (4) a da credibilidade das instituições. Duma reflexão preliminar sobre o assunto, emergem-me algumas ideias que aqui se são expostas.
Do ponto de vista das memórias, a Casa Macamo, que recebeu essa designação por se situar na rua José Macamo, na zona da Ponta Vermelha, foi construída pela família Pendray, no tempo colonial tendo revertido a favor do Estado na época da independência. A Presidência, nessa altura, usava aquele espaço para receber vários convidados. Depois, a Casa Macamo foi administrada pelo Gabinete da Primeira Dama que, a dada altura, a entregou a uma instituição de caridade, a Associação dos Amigos da Criança - AAC. Pela beleza da sua localização e do seu jardim, tornou-se um local de muitos eventos. Há assim uma geração de pessoas que ali passaram momentos inesquecíveis como aniversários, casamentos, baptizados ou simples festas de família ou amigos. Portanto, é compreensível a comoção por esta destruição. Contudo, não constitui argumento legal ou arquitectónico para impedir a sua destruição.
Do ponto de vista do património histórico, a questão não é linear. A Casa Macamo, à vista de vários entendidos na matéria, não parecia ter características que lhe pudessem conferir a categoria de Património da Cidade. Mas só não parecia porque, na verdade, a Casa Macamo faz parte dos 222 edifícios inventariados num trabalho conjunto de um grupo da Faculdade de Arquitectura da UEM solicitado pelo Conselho Municipal de Maputo e o Ministério da Cultura, no ano de 2010. A selecção dos edifícios foi realizada com base, e cito, “nas percepções de pessoas singulares e colectivas, instituições e especialistas nas áreas do Património, da Arquitectura, da História e da Antropologia Cultural”. Ora, diz a lei que, uma vez inventariado, o edifício não deve ser destruído até à decisão da sua aceitação ou não como património. Sendo assim, a Casa Macamo não deveria ter sido demolida antes dessa decisão que tarda pois os sucessivos governos nunca se pronunciaram sobre tal estudo.
Já no que respeita à legalidade da demolição, não existem quaisquer dúvidas. A demolição de qualquer edifício carece de autorização prévia mediante procedimentos bem estabelecidos. De acordo com as autoridades municipais, não foi emitido qualquer tipo de licença que autorizasse a demolição da CM, e portanto nenhum dos procedimentos obrigatórios por lei foi seguido. Ou seja, a demolição é ilegal e as medidas previstas para a responsabilização pelo crime devem, por força de lei, ser realizadas. Uma delas é a confiscação dos equipamentos usados para o efeito, o que não foi aconteceu pois quem quer que seja que o esteja a fazer não só ficou com os equipamentos como prosseguiu com a demolição. Assim, a demolição foi feita no completo e redobrado desrespeito pela lei do país. Pior porque, não obstante o aviso, os prevaricadores agravaram os crimes.
Fica difícil impor a lei e ordem aos cidadãos quando ela não é aplicada de forma consistente pelas próprias autoridades. O Conselho Municipal de Maputo veio a público anunciar a interdição e prometer o seu esclarecimento. Espera-se agora que venham a público cumprir o prometido.
O BCI está a efectuar, desde a semana finda, a oferta de livros a escolas secundárias do país, no âmbito da sua política de responsabilidade social. Até ao momento, quantidades consideráveis de livros foram recebidas em diversos estabelecimentos de ensino das províncias de Maputo e Gaza. O objectivo é apetrechar as bibliotecas escolares, como forma de incentivar a leitura e o desenvolvimento de habilidades da escrita.
O Presidente da Comissão Executiva do BCI, Francisco Costa, reconheceu, neste âmbito, que o livro, como instrumento de formação, constitui um veículo essencial de transmissão de valores, e uma ferramenta para aprender, analisar, transformar e, entre outros, crescer intelectual e culturalmente. “Temos consciência dos desafios lançados às escolas, que são extraordinariamente complexos, exigindo, por isso, uma mobilização conjugada de esforços, por parte dos principais actores da sociedade moçambicana, daí a nossa contribuição e o nosso envolvimento”, disse.
Já foram beneficiários desta acção, promovida em parceria com Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, as escolas secundárias da Manhiça, Magude e Moamba, na província de Maputo, assim como as escolas secundária de Xai-Xai, em Gaza, e Estrela Vermelha, na capital do país.
Os representantes das escolas abrangidas enalteceram as acções solidárias do BCI, e agradeceram a oferta, considerando que o acesso ao livro terá um impacto significativo no dia-a-dia dos estudantes e professores. Prometeram ainda conservar e fazer o bom uso das obras.
O Millennium bim reforça o seu compromisso com a inovação e a excelência no serviço ao cliente, ao reabrir ontem o seu quinto balcão de nova geração na cidade de Quelimane, na Província da Zambézia. Este novo espaço, totalmente renovado, foi projectado para oferecer uma experiência bancária única, combinando tecnologia de ponta com um atendimento personalizado. Os clientes encontrarão um ambiente moderno e acolhedor, equipado com sistemas de auto atendimento que permitem realizar transações bancárias de forma segura e conveniente a qualquer hora do dia, bem como áreas de atendimento pessoal optimizadas e com serviço melhorado.
Entre as inovações que os clientes poderão usufruir no novo balcão, destacam-se os sistemas automáticos de gestão de filas, que aumentam consideravelmente a eficiência no atendimento, permitindo aos clientes gerir melhor o seu tempo. O novo preçário digital facilita a consulta actualizada dos produtos e serviços bancários e contribui para a sustentabilidade ao reduzir o consumo de papel. Além disso, a área de Self Banking/Banca automática, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, oferece comodidade e segurança para realizar transações bancárias de forma autónoma.
O evento contou com a presença da Secretária de Estado da Província da Zambézia, Cristina de Jesus Xavier Mafumo, para além de inúmeras outras entidades locais e clientes. Presente no acto oficial de reabertura, Moisés Jorge, presidente do Conselho de Administração do Millennium bim, destacou: "a abertura deste novo balcão em Quelimane é mais um passo significativo na nossa missão de transformar a banca em Moçambique. Estamos aqui para servir cada cidadão, cada empresário e cada família, com um serviço que é tanto moderno quanto pessoal. Este balcão não é apenas uma infraestrutura, é um compromisso com o futuro e com o desenvolvimento económico da região.”
Moisés Jorge destacou igualmente, que o Millennium bim mantém inalterado o seu compromisso em contribuir para o desenvolvimento da Zambézia e de todas as regiões de Moçambique, sendo o novo conceito de balcão mais um passo na jornada do banco para impulsionar o crescimento económico e a melhorar a qualidade de vida das comunidades.
Actualmente, o Millennium bim opera cerca de 200 balcões em todo o país. Este alcance é amplificado por uma robusta plataforma digital, responsável por mais de 200 milhões de transacções anuais, o que representa um crescimento impressionante. Com cerca de 60% de clientes activos nas soluções digitais, o Banco reafirma ainda o seu compromisso com a inovação e a excelência no atendimento ao cliente.
A produção de ouro em Moçambique cresceu 33% no primeiro trimestre, em termos homólogos, para mais de mais de 460 quilos, acima do projetado, indicam dados do Governo a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com um relatório do Ministério da Economia e Finanças que detalha a produção e extração mineira, Moçambique produziu em três meses 461,09 quilos de ouro, registo que compara com os 346,30 quilos do mesmo período de 2023, correspondendo a 29% da meta para todo o ano de 2024, que é 1.583,59 quilos.
Cada quilograma de ouro vale atualmente cerca de 68 mil euros no mercado internacional, pelo que a produção total moçambicana do primeiro trimestre representa praticamente 31,5 milhões de euros.
Moçambique já tinha batido em 2023 o recorde de produção de ouro, com mais de 1,6 toneladas, acima do projetado para o ano passado e para 2024, indicam dados da execução orçamental noticiados anteriormente pela Lusa.
De acordo com um relatório do Ministério da Economia e Finanças com a execução orçamental de janeiro a dezembro, o país produziu 1.666,4 quilos de ouro, um aumento de 32% face aos 1.263,8 quilos de 2022, já um recorde.
Tratou-se também de uma realização de 124% face ao inicialmente planeado pelo Governo moçambicano, mas também acima das projeções para este ano, que apontam para a produção de 1.583 quilos de ouro.
“O plano de produção do ouro indica um crescimento de 3% comparativamente às projeções para o ano 2023”, lê-se nos documentos de suporte da proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) para 2024.
O documento acrescenta que esse crescimento esperado resulta “do maior controlo da mineração artesanal”, mas também face ao “desempenho positivo das empresas produtoras” do país.
“Com maior enfoque para a empresa Explorator, Lda., pelo facto de, numa das frentes de exploração, a empresa contar com a Mutapa Mining Processing, Lda. Por outro lado, temos a retoma das atividades da empresa KD Prospero”, lê-se ainda no documento.(Lusa)
O embaixador de Portugal em Moçambique, António Costa Moura, anunciou hoje um plano para aumentar em 50% a capacidade de reposta do consulado-geral de Maputo, com o objetivo de garantir “serviços consulares de referência”.
“No âmbito da atividade consular, trabalhamos, também, para fazer mais e melhor. Está em curso, aliás, em Maputo, um plano para aumentar em 50% a resposta do consulado-geral, com uma diminuição significativa dos tempos de espera”, disse o embaixador, durante a cerimónia do dia Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Maputo.
“Nos vistos, este plano arrancou a 20 de maio com resultados já muito encorajadores. Temos já mais vagas, mais emissões e muito mais celeridade nos processos. O objetivo é mesmo claro: é dispormos em Moçambique de serviços consulares de referência”, acrescentou.
No seu discurso, o embaixador sublinhou a cooperação bilateral em áreas como educação ou saúde, mas também na cooperação militar, através da missão de treino da União Europeia, que Portugal lidera, entre outras.
“Fazemos, aliás, muita questão em garantir que o nosso apoio não se resuma, nem reduza, a contribuição financeira, sendo que, para além das contínuas ações de formação e assistência técnica em praticamente todos os setores, ocorrem diariamente contactos entre organismos e instituições públicas de ambos os países, nos mais diversos domínios. Das Forças Armadas e das polícias aos tribunais, das escolas e das universidades aos hospitais, do Estado de direito e boa governação à resposta às catástrofes naturais, das entidades ambientais às do setor da energia”, disse.
Acrescentou, como exemplo desta cooperação, o programa de bolsas, internas e externas, financiando pelo instituto Camões, que aumentou em 30% o número de estudantes moçambicanos em portuguesas em 2023, sendo que atualmente, nas diferentes modalidades de acesso, frequentam as universidades em Portugal “mais de 2.300 alunos” de Moçambique.
Ainda na educação, o diplomata recordou a abertura, em dezembro passado, do polo da Beira, província de Sofala, da Escola Portuguesa de Moçambique, alargando a atividade da escola em Maputo.
“A nossa ambição é, aliás, ao abrigo do acordo bilateral existente, prosseguir com essa descentralização da oferta educativa de qualidade a outras províncias deste país”, afirmou.
Com a presença na cerimónia do ministro da Saúde, Armindo Tiago, em representação do Governo moçambicano, António Costa Moura recordou o crescimento económico de Moçambique em 2023, de mais de 5%, “um dos mais altos registados em África”: “Para tal crescimento contribuíram, não tenho a mínima dúvida, as mais de 400 empresas ou de capital português, presentes em Moçambique”, disse.
Na sua intervenção, o ministro da Saúde destacou a importância e o nível das relações bilaterais, agradecendo o “apoio de Portugal no combate ao terrorismo em alguns distritos de Cabo Delgado”, no norte do país.
“No âmbito do grande significado político e diplomático que os nossos países atribuíram ao diálogo de alto nível, reinam expectativas para a realização da sexta cimeira bilateral entre Moçambique e Portugal, em Lisboa. A nossa agenda prioriza, entre outros, a questão da segurança da regional e internacional, a ajuda ao desenvolvimento sustentável, às questões multilaterais ligadas à e proteção e preservação do ambiente, o reforço da cooperação económica e as trocas comercias”, apontou o governante.
“A distância que geograficamente separa Moçambique e Portugal nunca constituiu barreira para o fortalecimento das nossas históricas relações de amizade, solidariedade e cooperação. Pelo contrário, serve para uma maior união entre os dois povos e países”, concluiu Armindo Tiago.(Lusa)
Membros activos do partido FRELIMO estão a apoiar clandestinamente a Coligação Aliança Democrática (CAD), na província de Nampula. Os “camaradas” não querem ser identificados, mas dão o seu corpo e alma a favor da Coligação encabeçada por Venâncio Mondlane.
Nos últimos tempos, um pouco por todo o país, membros e figuras sonantes da FRELIMO denunciam graves irregularidades no seio do Partido. Os casos mais recentes ocorreram nas eleições internas, para a escolha de cabeças-de-lista a governador, membros das Assembleias Provinciais e deputados da Assembleia da República.
Em Nampula, grande parte dos que apoiam moralmente e com pequenas contribuições financeiras a CAD são antigos deputados que não garantiram a sua renovação, ou que viram as suas candidaturas a vários níveis chumbados, bem como os que endossa(va)m o apoio a Manuel Rodrigues, figura excluída prematuramente nas eleições internas a cabeça-de-lista a governador provincial.
Manuel Rodrigues, lembre-se, é um dos considerados “indisciplinados”, por ter renunciado à posição de cabeça-de-lista do partido FRELIMO, nas eleições autárquicas do ano passado.
A pedido dos “dissidentes” da Frelimo, uma vez que se encontram ainda em militância activa, “Carta” prefere omitir os seus nomes. Entretanto, Castro Niquina, coordenador provincial da CAD em Nampula, confirmou o apoio que a coligação tem vindo a receber de membros da FRELIMO.
“Temos pessoas do partido FRELIMO que apoiaram as nossas candidaturas. Recebemos muitos membros da FRELIMO que traziam as suas assinaturas e até foram ao terreno recolher as mesmas. Essas pessoas pediram-nos para proteger os seus nomes”, disse.
Niquina, que também já foi quadro sénior da RENAMO na província de Nampula, disse que além de apoio moral também deram, aquando da recolha das assinaturas, algumas contribuições financeiras para organização dos documentos.
“Pese embora sejam membros da FRELIMO, estes indivíduos estão a passar mal. Veja que os mesmos também sentem na pele o elevado custo de vida, falta de medicamentos nos hospitais, por isso ao verem a aparição do engenheiro Venâncio Mondlane acreditam na mudança e desenvolvimento rápido do país”, disse Niquina. (Carta)
A ministra da Justiça, Helena Kida, manifestou a sua preocupação com os relatos de violações dos direitos humanos e ataques contra jornalistas, na sequência da violência policial contra jornalistas que cobriam uma manifestação há uma semana de 300 ex-membros do agora extinto serviço secreto, SNASP, à porta dos escritórios das Nações Unidas em Maputo, exigindo dinheiro que alegam lhes ser devido nos últimos 20 anos.
Segundo Kida, que falava esta segunda-feira, num Simpósio Internacional sobre Género no Poder Judiciário, evento de três dias que decorre em Maputo, “no geral, estamos preocupados com a situação das violações dos direitos humanos. Mas temos que olhar cada caso, individualmente. Em geral, é claro, não somos a favor. Precisamos de mais informações para comentar o assunto”, afirmou.
A ministra acredita que deve ter havido excesso de zelo “porque inicialmente parecia que uma jornalista tinha sido raptada pela polícia. Isso é impossível. A polícia não sequestra. Ela pode ter excedido os seus poderes para manter a ordem.”
Na verdade, não há dúvida de que a jornalista em questão, Sheila Wilson, foi raptada. Pois se ela fosse apenas detida, ela teria enfrentado acusações. Mas, embora a polícia a tenha chamado de agitadora, não a acusou de nenhum crime. Ela foi mantida incomunicável numa esquadra por quatro horas, antes que a polícia a libertasse sem acusação.
Wilson, que trabalha para a organização de direitos humanos Centro para o Desenvolvimento e Democracia (CDD), estava a filmar, no seu telemóvel, o ataque policial contra a manifestação dos antigos agentes do SNASP.
Quando a libertaram, a polícia não devolveu o seu telefone. A corporação o manteve aparentemente na crença de que imagens de violência policial não apareceriam nas telas de televisão. Mas Wilson estava transmitindo as cenas no complexo da ONU ao vivo para a sede do CDD e, portanto, as imagens dela já haviam sido distribuídas.
Durante o simpósio, a ministra apelou aos profissionais da justiça para uniformizar a forma como olham para a situação de género, ao fazerem julgamentos e ao lidarem com questões relativas às mulheres.
“A formação e capacitação do poder judicial, com uma perspectiva de género, são cruciais para garantir a igualdade de acesso à justiça e a imparcialidade nas decisões judiciais”, afirmou.
“Muitas vezes temos visto casos em que as mulheres se consideram injustiçadas. Isso nos faz perceber que ainda não alcançamos a igualdade. O que queremos é eliminar as desigualdades de tratamento e de acesso aos serviços jurídicos”, acrescentou.
De acordo com Kida, ao receberem formação específica sobre género, agentes da polícia, advogados, magistrados e funcionários de assistência jurídica estarão melhor preparados para compreender as complexidades das relações de poder e da discriminação de género que podem influenciar os processos judiciais.
“Temos situações em que um mesmo caso julgado por um juiz e uma juíza pode não ter o mesmo desfecho. A sensibilidade de uma juíza, ao julgar um caso de estupro, às vezes parece muito mais profunda do que quando um homem está julgando”, disse ela.
Kida acredita que o Simpósio é o momento em que os operadores de justiça “irão reflectir sobre como alcançar uma justiça mais justa, olhando também para a componente feminina. Isso favorece que todos tomem decisões mais justas e equitativas em qualquer etapa do processo.” (AIM)