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quinta-feira, 13 junho 2019 06:33

Cidadão albino raptado em Nampula há mais de 4 anos: Familiares desapontados com falta de investigação

Pedro Francisco César continua à espera de notícias sobre o rapto do seu irmão - FOTO DW África

O mundo celebra, nesta quinta-feira (13), o dia de consciencialização do albinismo. Na província de Nampula, onde a onda da perseguição a pessoas com falta de pigmentação na pele, vulgo albinos, tem vindo a ganhar espaço, desde 2014, uma família continua à procura do seu parente albino, raptado a 17 de Dezembro de 2014. Até hoje, diz não ter pistas e, muito menos, informação das autoridades, em relação ao desaparecimento do seu parente.

 

Trata-se do jovem Auxílio César Augusto, que, este ano, completaria 26 anos de idade, e que viu interrompida a sua juventude por cidadãos até aqui desconhecidos. Segundo apurou a "Carta", de fontes familiares, Auxílio Augusto tinha sido solicitado por desconhecidos, por volta das oito horas da manhã daquele dia, para, alegadamente, ir negociar uma proposta de oferta de emprego na fábrica de cerveja, na terceira maior cidade do país, uma viagem que lhe tirou de casa quase para sempre.

 

Estranhando o seu sumiço, a família tratou de localizá-lo, mas sem sucesso, tendo accionado a Polícia, em concreto o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), na altura Polícia de Investigação Criminal (PIC), para a sua investigação. Esta prometeu, como sempre, trabalhar para esclarecer o caso e responsabilizar criminalmente os seus actores, porém, debalde!

 

Com o tempo, os casos de perseguição, rapto e assassinato dos albinos foram ganhando terreno, na província de Nampula, tendo chegado a fase em que a mais populosa província moçambicana passou a liderar a lista desta situação no país.

 

O conhecido "caso Augusto" chegou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e outras instâncias de investigação, além de merecer condenação veemente por parte das organizações de defesa dos direitos humanos, mas sem sucesso.

 

Em Dezembro deste ano, iremos completar cinco anos sem Augusto César e, muito menos, sem o caso do seu desaparecimento esclarecido. O porta-voz do Comando provincial da PRM, em Nampula, já veio a público dizer que a investigação do caso é da responsabilidade da PGR.

 

Entretanto, Pedro Augusto César (também albino), irmão mais novo do jovem desaparecido, revelou-nos que a família está desapontada com as autoridades que investigam o caso pelo seu silêncio total.

 

"A Polícia não diz nada, a PGR também", disse, visivelmente agastado, antes de atirar: “duvido que este caso seja esclarecido e responsabilizados os autores".

 

Mesmo assim, o nosso entrevistado disse que a família sempre continuará a exigir o esclarecimento do rapto do seu irmão, que não chegou de ver o destino de realização de sonhos que o futuro que desejava dar.

 

Medo dos albinos em Nampula

 

Depois de um aparente abrandamento, a província de Nampula voltou a registar, este ano, pelo menos dois casos de rapto de albinos, cujos contornos e resultados das investigações ainda não foram anunciados pelas autoridades. Os mesmos ocorreram nos distritos de Liupo e Malema, na província mais populosa do país.

 

Pedro Augusto é também membro das Associações Amor à Vida e Sobre de Árvore, organizações, maioritariamente, constituídas por jovens albinos. Ele disse que, face a estas e outras situações, o medo voltou a instalar-se no seio dos albinos naquela província.

 

À “Carta”, a fonte fez saber que as duas organizações vão organizar uma marcha pacífica, seguida de uma palestra, no próximo sábado, em protesto contra este fenómeno. Além da manifestação pacífica, serão distribuídos protectores solares aos albinos. (Carta)

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