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quarta-feira, 17 julho 2019 05:49

Tráfico de drogas, caça furtiva e terrorismo levam UNODC a prestar mais atenção a Moçambique

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) defende a necessidade de se empreender mais esforços com vista a combater a crescente ameaça do comércio ilícito na costa oriental de África. Segundo a instituição, Moçambique está a tornar-se cada vez mais um centro de tráfico de drogas e crescentes acções terroristas.

 

Num comunicado, a que “Carta” teve acesso, a organização revela que a heroína, uma das drogas mais consumidas no mundo, tem chegado e transitado pela região, ida da Ásia Ocidental, tal como marfim e a madeira têm sido traficados, através dos portos desta região do continente para os mercados asiáticos. Observa, aliás, que a região oriental de África é um pólo crescente de venda e proliferação de recursos valiosos, retirados dos países, clandestinamente, enfraquecendo ainda mais as economias frágeis.

 

O UNODC entende ainda que os ciclones tropicais, que atingiram o país, entre Março e Abril deste ano, têm permitido que grupos terroristas e do crime organizado se aproveitem da situação precária do país para realizar o comércio ilícito e recrutar moradores desesperados para compensar suas perdas.

 

Segundo César Guedes, o recém-nomeado Representante do UNODC, em Moçambique, na zona norte do país, especialmente, na província de Cabo Delgado, a situação vem se deteriorando em ritmo acelerado. Citada no comunicado, a fonte afirma que os chamados grupos terroristas aumentaram, desde Janeiro último, a intensidade dos ataques, que deixaram mais de uma dúzia de mortos somente no mês de Junho.

 

Face a esta situação, o UNODC diz que vai ajudar o país a responder a ameaças à paz e estabilidade, assim como apoiar no reforço da segurança regional, em particular na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral).

 

Justificando a nomeação de César Guedes, o Director Executivo do UNODC, Yury Fedotov, que recentemente identificou o nosso país como prioritário para beneficiar da rápida implementação do Plano de Acção da instituição, disse que a decisão visa coordenar a oferta abrangente de assistência que reúna perícia entre as áreas de mandato da organização.

 

O UNODC garante ainda já estar a fornecer respostas para alguns dos desafios mais prementes no controlo de fronteiras no mar e pelo ar, dando exemplo do lançamento, em Abril último, do primeiro treino de controlo de contêineres nos portos marítimos e cargas aéreas.

 

“Moçambique é um dos países onde a experiência do UNODC vem fazendo uma diferença real nos esforços da comunidade internacional para combater as tendências globais de tráfico ilícito”, disse Miwa Kato, Director da Divisão de Operações da organização.

 

“O UNODC está lado a lado com o Governo a fornecer apoio para reforçar a capacidade das instituições de aplicação da lei e da justiça criminal, ajudando ao mesmo tempo e protegendo as pessoas mais afectadas pelo abuso de drogas e HIV/SIDA, especialmente mulheres e crianças”, acrescentou.

 

Refira-se que, durante a visita do Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o Presidente da República, Filipe Nyusi, reconheceu e agradeceu, junto deste, a abertura de um escritório do UNODC, no país. (Omardine Omar)

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