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quarta-feira, 18 setembro 2019 05:03

Insurgência em Cabo Delgado: Intensifica “extorsão” a jovens empreendedores

Com o escalar da violência na província de Cabo Delgado, também aumenta o tom das acusações dos alegados abusos cometidos pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). De acordo com as nossas fontes, alguns oficiais das FDS, baseados na cidade de Pemba, principal centro urbano daquela província do norte do país, têm extorquido certos jovens empreendedores, provenientes de alguns distritos daquela província, como forma de não detê-los e acusá-los de estar envolvidos nos ataques armados que se verificam em alguns distritos daquele ponto do país.

 

Segundo contam as fontes, por exemplo, alguns comerciantes do bairro Muxara, arredores da cidade de Pemba, foram levados à esquadra para prestar depoimentos por supostamente cooperarem com o grupo que espelha terror naquela província e, para ser dispensados, alguns tiveram de pagar aos agentes da Polícia da República de Moçambique.

 

Fontes narram estórias de três jovens que tiveram de desembolsar valores avultados para serem restituídos à liberdade sem nunca ter sido acusados por prática de qualquer crime. Um dos casos é de um jovem alegadamente “capturado” pelas autoridades no bairro Muxara e levado, de seguida, para o distrito de Macomia, onde foi exigido uma quantia de 100 mil Mts para a sua soltura. Depois de uma longa negociação, as fontes garantem que o indivíduo desembolsou 25 mil Mts para que voltasse ao convívio familiar.

 

De acordo com as fontes, o mesmo cenário aconteceu com um cidadão tanzaniano, que estava radicado em Moçambique há mais de 20 anos e que se dedicava à pesca. Segundo contam, o indivíduo também terá sido detido ao cair da noite, quando regressava de mais uma actividade pesqueira e, de seguida, transferido também para o distrito de Macomia, onde viria pagar 400 mil Mts para a sua libertação. Afirma-se que, após o episódio, o tanzaniano terá abandonado o país.

 

O silêncio das autoridades em relação ao clima de terror que se vive naquela província continua prevalecente, não havendo informações oficiais em relação aos ataques assim como reacções em torno dos abusos protagonizados pelas FDS, naquele ponto do país. (Omardine Omar e Paula Mawar, em Cabo Delgado)

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