Os ataques protagonizados pelos insurgentes que atacam alguns distritos de Cabo Delgado estão a alastrar-se um pouco por toda a região.
Ontem sabíamos que os ataques afectavam os distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Nangade, Macomia e Muidumbe, mas, hoje, quem assim pensa engana-se. Os ataques já atingiram o distrito de Mueda, terra natal do Chefe do Estado, Filipe Nyusi, do Comandante Geral da Polícia e do cessante Ministro da Defesa.
Fontes da “Carta” contaram que, na semana passada, foi atacada uma viatura Land Cruiser muito próximo da aldeia Chapa, no troço Mueda a Montepuez, na estrada que passa pela zona de Nairoto.
Segundo as fontes, o ataque, que não causou mortos e nem feridos, foi protagonizado por indivíduos vestidos com farda da Polícia de Trânsito e de Protecção, que se acredita fazerem parte dos insurgentes, que há dias atacaram a aldeia Magaia, no distrito de Muidumbe.
Numa outra revelação, as fontes afirmaram que o primeiro ataque no território do distrito de Mueda aconteceu nas baixas da aldeia Nastengi, posto administrativo de Namatil, em Novembro do ano passado.
O grupo que atacou um centro de produção frequentado por residentes de Nastengi teria, na mesma semana, atacado uma outra aldeia nas baixas de Nangade e mais tarde a sede da localidade de Litingina.
Três agentes das Forças de Defesa e Segurança afectos no posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, estão a contas com a polícia naquela região acusados de roubo de bens (no domingo passado) em alguns estabelecimentos comerciais na sede do mesmo posto.
Os três agentes que, até terça-feira, deviam ser levados à sede do distrito de Macomia, são acusados de vandalizar três barracas. Numa delas, ao tentarem arrombar o portão, acabaram sendo flagrados, devido ao som provocado pelos ferros do mesmo.
Nas tais barracas, os três agentes das FDS surripiaram um rádio, latas de atum, uma embalagem de bebidas alcoólicas e valores monetários.
Antes desta acção, os militares que aparentemente estavam sob efeito de álcool, primeiro, dispararam para uma casa (no bairro Muituro, arredores de Mucojo), onde havia pessoas a assistirem a um jogo de futebol da pela TV.
Já que, até às 19 horas, maior parte das pessoas recolhe devido à situação de insegurança que se vive na região, os três agentes aproveitaram o silêncio para protagonizar o roubo, mas, graças a um guarda de uma das barracas, foram descobertos.
Na segunda-feira, um dos lesados foi fazer queixa do ocorrido no posto policial e os meliantes foram localizados, conduzidos à polícia e obrigados a devolver os bens.
Naquela região, não é a primeira vez que elementos das Forças de Defesa e Segurança se envolvem em actos de extorsão às comunidades.
Segundo fontes, por várias vezes, logo a seguir aos ataques de insurgentes, elementos das FDS que acorrem ao local, ao invés de ajudar as populações, primeiro saqueiam os seus bens.
Em 2018, graças à denúncia popular, militares acampados na aldeia Ilala, foram obrigados, (por intervenção da administradora Joaquina Nordine), a devolver muitos painéis solares da população de Namaneco, em Quiterajo.
Naquelas zonas, os militares também exercem a função de polícias de trânsito: mandam parar carros, motorizadas e até cobram dinheiro. No ano passado, eram conhecidos por “Não tem 20 aí?”, pois sempre que interpelavam cidadãos pediam 20 meticais. (Carta)