Filhos e outros familiares de Kada Sualeh – um influente sheik, natural da aldeia Messano e residente na aldeia Runho, posto administrativo de Mucojo, em Macomia – procuram desesperadamente saber do paradeiro do seu parente, levado para parte incerta, pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), no último sábado, numa viatura de marca Mahindra.
Os familiares não sabem sequer os motivos pelos quais o sheik foi levado, de repente, por policiais da Unidade de Intervenção Rápida, quando se encontrava sentado na varanda de uma residência, na aldeia Runho em Mucojo. “Não sabemos como e onde está o nosso pai”, gritam desesperados os filhos de Kada Sualeh.
O Sheik acabava de sair da mesquita, por volta das 15 horas, quando apareceu a dita viatura policial que o recolheu. Na altura, o Sheik conversava com o secretário da aldeia que, ao tentar obter um esclarecimento sobre o que se estaria a passar, foi simplesmente escorraçado.
O maior medo dos familiares é que o Sheik Sualeh nunca mais regresse à casa, tal como já aconteceu com várias outras pessoas, levadas pelas autoridades em circunstâncias mais ou menos similares.
Alguns cidadãos alegam que o Sheik Kada – que já foi a Meca, em peregrinação, graças ao apoio de um agente económico local – é acusado de ser um dos recrutadores de jovens para insurgência.
Contudo, esta é uma hipótese prontamente refutada por várias fontes contactadas pela “Carta”, que consideram o Sheik Kada, uma pessoa íntegra, que por várias vezes fez orações para muitos dirigentes, em cerimónias de estado, em Mucojo. Logo, para as referidas fontes, não faz qualquer sentido que o religioso tenha algum tipo de ligação com os insurgentes. Aliás, ele foi mesmo uma das pessoas que mais condenou a instalação daqueles grupos criminosos nas aldeias do posto administrativo de Mucojo.
Não é a primeira vez que as Forças de Defesa e Segurança capturam civis nos distritos em conflito, sem qualquer mandado emitido por uma autoridade competente.(Carta)