Os indivíduos que atacam alvos civis e militares na província de Cabo Delgado, região norte, não param de fazer das suas. Um vídeo amador do grupo circula nas redes sociais desde a semana passada. Nas imagens, os insurgentes aparecem a exibir o seu poderio de fogo e uma viatura “nova” de marca Mahindra, que se acredita pertencer às Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Tal como documenta o vídeo, o grupo (numeroso), maioritariamente trajado com fardamento do exército moçambicano, deixa-se filmar no interior, e ao redor, da carrinha Mahindra, de cor branca, com a chapa da inscrição AIG 985 MC.
Nas imagens, a viatura aparece com perfurações no para-brisas, no “capot” e nas laterais (portas), denunciando à partida ter sido produto de uma confrontação armada. O grupo aparece empunhando armas de fogo (AK47 e RPG “Bazuca”) e apinhado na larga bagageira daquela viatura.
O vídeo começou a circular quase dois meses depois das primeiras imagens do grupo terem vindo ao público. Na verdade, não há muita diferença entre o vídeo e as outras imagens postas a circular. Ou seja, analisadas as imagens, os indivíduos que aparecem no vídeo parecem ser os mesmíssimos que aparecem nas primeiras fotografias, que deixaram meio mundo escandalizado.
As vestimentas (fardamento das FDS), as armas, a bandeira preta com dizeres em árabe, o ambiente da mata, e a viatura da marca Mahindra por sinal de cor branca coincidem com as das primeiras imagens.
No vídeo, o grupo, ao que tudo indica inspirando no radicalismo islâmico, aparece a pronunciar a expressão “Allah Akbar” (Deus é grande – na tradução para a língua portuguesa), içando as numerosas Ak-47. Apesar de estar num local que se assemelha a uma mata é possível vislumbrar algumas residências.
Na sequência da circulação das imagens, o Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, veio a público confirmar que os insurgentes se haviam apoderado de viaturas das FDS. No entanto, Rafael não precisou as circunstâncias em que as viaturas foram parar às mãos daquele grupo, cujo “rosto” e motivações, até ao momento, são desconhecidos.
Desde que os ataques armados em Cabo Delgado iniciaram em Outubro de 2017 estima-se que cerca de 350 pessoas, entre civis e militares, perderam a vida. (Carta)