Finalmente, o Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, concebido há 14 anos, já vai sair do papel para o terreno. Para o efeito, o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), através do Gabinete de Implementação do Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa (GMNK) e a Corporação Financeira Internacional (IFC), parte do Grupo Banco Mundial, anunciaram, esta quarta-feira (18), a celebração de um acordo para desenvolver o projecto hidroeléctrico de 1.500 Megawatts e as infra-estruturas associadas de transporte de energia.
Um comunicado enviado à “Carta” explica que a IFC irá trabalhar com o Governo de Moçambique, em colaboração com o GMNK, para estruturar este projecto, incluindo a revisão do desenho técnico, as questões ambientais, estruturação comercial e financeira. De acordo com a nota, o objectivo é ajudar a mobilizar o investimento privado competitivo para colocar o projecto em operação comercial e apoiar a transição energética sustentável do país.
Após a assinatura do acordo, o Director do Gabinete de Implementação do Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, Carlos Yum, afirmou: “Mphanda Nkuwa irá contribuir na concretização da visão do Governo para o acesso universal à energia no país até 2030, estimular a rápida industrialização e impulsionar o crescimento por meio de uma infra-estrutura de transporte fiável e fornecimento de energia competitiva”.
Por sua vez, o Director Sénior da IFC para Moçambique, Carlos Katsuya, disse que a sua instituição vai colocar à disposição a experiência que tem no desenvolvimento e financiamento de grandes projectos hidroeléctricos em África e globalmente, para impulsionar o fornecimento de energia renovável acessível em Moçambique e satisfazer a crescente procura de energia no país, pois “a energia limpa e sustentável é um dos principais impulsionadores do desenvolvimento económico e social”.
A assinatura do acordo para a implementação de Mphanda Nkuwa é o culminar de um concurso público internacional lançado em Dezembro do ano passado e terminado a 18 de Abril de 2022 corrente, em que o GMNK buscava um parceiro (investidor) estratégico para o desenvolvimento do mega-projecto hidroeléctrico, com a Hidroeléctrica de Cahora Bassa e empresa Electricidade de Moçambique.
Uma vez concluído, espera-se que o Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa forneça energia para satisfazer a crescente procura doméstica em Moçambique e transformar o país num pólo energético regional. Espera-se que a restante produção do projecto seja exportada para países vizinhos, incluindo a África do Sul, onde a procura por energia limpa é elevada. O projecto também irá acelerar a transição energética, para a energia limpa na África Austral, para combater as alterações climáticas.
Com um custo estimado de 4,5 biliões de USD, o projecto inclui o desenvolvimento de uma barragem, uma central hidroeléctrica com capacidade de até 1.500 Megawatts e uma linha de transporte de energia eléctrica em alta tensão de 1.300 Km, a partir do local do projecto na província de Tete para Maputo, capital de Moçambique. A conclusão do empreendimento está prevista para 2031.
Refira-se que o Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa foi concebido em 2008. O início de produção fora projectado para 2016, mas, de 2014 a 2017, a ideia foi esquecida. Todavia, em 2018, o projecto foi relançado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi. Nesse âmbito, criou-se o GMNK cujo Director, Carlos Yum, antigo Administrador da EDM, foi empossado em Junho de 2020 para dirigir a instituição. (Evaristo Chilingue)