Em 2022, as vendas de bens realizadas pela economia moçambicana para o resto do mundo renderam ao país 8.2 mil milhões (ou biliões), valor correspondente a 49.2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), um incremento de 2.6 mil milhões, quando comparado ao ano de 2021. Com efeito, a evolução positiva registada nas receitas de exportação é justificada pelo incremento das vendas dos produtos exportados, tanto pelos Grandes Projectos (GP), como pelo resto da economia, em 2,1 mil milhões de USD e 561.4 milhões de USD, respectivamente.
Os dados constam do relatório anual sobre a Balança de Pagamentos divulgado há dias pelo Banco de Moçambique. O documento detalha que, do lado dos GP, os sectores que mais se evidenciaram foram a indústria extractiva, com um incremento de 1.7 mil milhão (carvão mineral, areias pesadas, gás natural, rubis, safiras e esmeraldas), seguido pela indústria transformadora com acréscimo de 387 milhões de USD (alumínio e cabos de alumínio).
Excluindo os GP, o relatório refere que os produtos agrícolas se destacaram com receitas de 562.3 milhões de USD (162.9 milhões de USD mais face ao período anterior), salientando-se os legumes e hortícolas, tabaco, castanha de caju, banana e algodão.
“No geral, a subida dos preços no mercado internacional e o incremento do volume exportado, para alguns produtos, foram as principais razões que ditaram a evolução positiva das receitas dos principais produtos dos GP, no ano de 2022, com destaque para o carvão mineral que rendeu ao país cerca de USD 2,852.2 milhões (USD 1,386.6 milhões a mais que o ano de 2021), explicado pelo efeito combinado do acréscimo do preço médio internacional em mais de 100 por cento e do volume exportado em 38.1 por cento; e alumínio que arrecadou USD 1,645.7 milhões de receitas, contra os USD 1,258.7 milhões registados no ano 2021, facto que se deveu, essencialmente, à subida do preço médio internacional em 9.5 por cento”, lê-se no relatório.
De acordo com o informe, as receitas provenientes da exportação de gás natural e areias pesadas registaram uma evolução positiva na ordem de 99.5 por cento e 19.5 por cento, respectivamente. O Banco de Moçambique observou que o acréscimo nas receitas do gás natural foi justificado pelo incremento, tanto do volume exportado, como do preço médio no mercado internacional, em 3.5 por cento e em mais de 100 por cento, respectivamente. No caso das areias pesadas, a instituição reporta que contribuiu, essencialmente, o impulso dado pelos preços médios no mercado internacional que aumentaram em cerca de 36 por cento, num contexto de estabilidade nos volumes de produção.
Excluindo os GP, o Banco Central relata que os ganhos com a venda de produtos da economia moçambicana para o exterior cresceram em 36.3% por cento, tendo-se fixado em 2.1 mil milhões de USD, com ênfase para os produtos agrícolas e rubis que aumentaram em 162.9 milhões de USD e 27.8 milhões de USD, respectivamente.
No que toca aos legumes e hortícolas - as vendas deste produto registaram um aumento de 47.9 por cento, tendo-se fixado em 223.9 milhões de USD, explicado, fundamentalmente, pelo relaxamento das limitações de mobilidade de pessoas e bens, no âmbito dos esforços para travar a propagação da Covid-19, principalmente com relação à África do Sul, principal mercado destes bens.
As receitas provenientes do rubi situaram-se em 185.9 milhões de USD, representando um incremento de 17.6 por cento, como resultado do bom desempenho nos leilões no mercado internacional, traduzido pela oferta de rubis de boa qualidade extraídos no período.
As receitas da castanha de caju situaram-se em 51.7 milhões de USD, um acréscimo de 21.6 milhões de USD, justificado pelo aumento do volume exportado em 92.8 por cento, reflexo por um lado da reabertura dos mercados a nível internacional, em resultado do relaxamento das restrições de mobilidade devido à Covid-19 e, por outro, do crescimento da produção, em resposta ao plano de incremento da mesma para cerca de 160 mil toneladas deste produto na campanha agrícola 2021/2022.
Com a exportação do açúcar, o país encaixou 57.1 milhões de USD, representando uma subida de 43.1 por cento face a igual período de 2021. A subida registada nas receitas deveu-se, essencialmente, ao aumento do preço no mercado internacional, num contexto em que o volume exportado reduziu.
As vendas do algodão renderam ao país cerca de 37 milhões de USD, mais 81.1 por cento em relação a 2021. O Banco Central explica no informe que o aumento das receitas deste produto está associado à subida do preço da fibra de algodão no mercado internacional em 28.6 por cento, visto que o volume exportado reduziu, devido à diminuição da produção em 52 por cento na campanha 2021/2022 devido aos ciclones Ana e Gombe, aliado ao início tardio na sementeira desta cultura.
Por fim, as receitas do tabaco situaram-se em 150.6 milhões de USD, mais de 5 por cento, em relação a 2021, explicado, fundamentalmente, pela subida do preço médio internacional em 20.2 por cento, enquanto o volume exportado registou um decréscimo de cerca de 13 por cento, como consequência da queda da produção de tabaco, como resultado das condições climáticas desfavoráveis. (Carta)