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sexta-feira, 21 fevereiro 2020 07:02

Moçambique ganha associação de ‘fintechs’ com “voz ativa” na inclusão financeira

Um conjunto de 12 membros fundadores apresentou ontem em Maputo a Fintech.mz - Associação das Fintechs de Moçambique, uma entidade que agrega empresas tecnológicas ligadas ao setor financeiro.A associação pretende ser “uma voz ativa, quer no processo de inclusão financeira, quer no diálogo com reguladores para ajudar a criar novas leis”, entre outras ações conjuntas, anunciou João Gaspar, presidente da direção.

 

A venda de seguros através de plataformas móveis, a criação de sistemas de pagamento eletrónico (‘gateways’) que podem ser usados, por exemplo, por comércio online ou aplicações de transferências de dinheiro internacionais são algumas das áreas que as ‘fintech’ moçambicanas estão a desenvolver.

 

O país conta com 16 empresas que estão a começar a trabalhar na área, quatro numa plataforma de ensaios (denominada no meio pelo termo inglês ‘sandbox’) criada pelo Banco de Moçambique, outras em nichos de mercado ou sob regime piloto, “em busca de escala e impulso”, descreveu João Gaspar.

 

Num país onde só uma percentagem muito baixa de população tem conta bancária (entre 9% a 10% de um total de 28 milhões de habitantes, segundo dados hoje divulgados), estas empresas assumem especial importância, referiu.

 

“Não basta ter mais pessoas com contas bancárias, é preciso fazer com que utilizem os sistemas digitais de pagamento e aí, claramente, entramos na área da tecnologia, em conceitos novos e numa maneira nova de abordar o cliente”, descreveu João Gaspar.

 

As empresas de tecnologia ligadas ao setor financeiro “são o elemento disruptivo, podem trazer valor”, com novos serviços, por exemplo, através de aplicações móveis, acrescentando inovação e facilidade de uso ao que os bancos tradicionais já oferecem.

 

Dada a disseminação das redes móveis em zonas rurais - onde a baixa densidade populacional torna inviável abertura de balcões -, o uso de códigos através de telemóveis para fazer operações financeiras é um dos exemplos de como a tecnologia pode levar serviços a populações remotas, de outra forma excluídas, num país com 2.000 quilómetros de extensão e infraestruturas precárias.

 

A associação FSD Moçambique é uma organização de promoção de inclusão financeira que tem impulsionado a criação de ‘fintechs’ no país e que apoiou a criação da associação ontem lançada. Esta nova associação “faz parte da criação do ecossistema das ‘fintech’ que tem um papel muito importante para a inclusão financeira”, referiu Esselina Macome, diretora-executiva do FSD. 

 

Juntas, como um grupo, “poderão fazer-se ouvir e mostrar melhor a sua relevância”, acrescentou, apontando como exemplo de sucesso deste setor o crescimento das carteiras móveis - contas bancárias baseadas no número de telemóvel.

 

Segundo dados apresentados pelo Banco de Moçambique em 2017, as contas baseadas só em moeda eletrónica, associadas a telemóveis, são as mais populares e já chegam a cerca de 40% da população.

 

“Hoje não é possível fazer inclusão financeira sem a componente digital, tecnológica”, pelo que a criação da associação de ‘fintechs’ moçambicanas é considerada por Esselina Macome como “um passo importante”. O Financial Sector Deepening Moçambique (FSD Moçambique) é um programa financiado pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DFID) do Reino Unido e pela Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional. (Lusa)

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