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sexta-feira, 03 abril 2020 07:41

Covid-19: Malawi, país encravado dentro de Moçambique, já está infectado

Malawi junta-se, assim, aos seus vizinhos Moçambique, Zâmbia e Tanzânia que já sofrem os efeitos nefastos da Covid-19. Numa breve comunicação à Nação, na noite desta quinta-feira, o presidente Peter Mutharika declarou que foram diagnosticados no país três casos de coronavírus.

 

Explicou que se trata de uma família de origem asiática que, recentemente, viajou para Índia. Dos três pacientes inclui-se uma mulher de 63 anos. 

 

Informou que a família está em quarentena para tratamento e, em paralelo, estão a ser rastreadas as pessoas que estiveram em contacto com os três infectados. O líder malawiano pediu calma e prometeu tomar medidas adicionais para evitar a propagação do coronavírus.

 

Na sua comunicação de menos de dois minutos, Mutharika não avançou muito sobre este assunto, mas tudo indica que Malawi pode vir a declarar o bloqueio total (lockdown) à semelhança de outros Estados-membros da SADC.

 

Como primeira intervenção, Malawi declarou o estado de desastre nacional por tempo indeterminado com o encerramento de escolas e universidades e a proibição de reuniões com mais de cem pessoas. Em ocasiões anteriores, o ministro da Segurança Interna, Nicolas Dausi, garantiu que Malawi só iria reforçar as medidas de prevenção se a situação piorar. Vivem e trabalham no Malawi cerca de cinquenta mil moçambicanos. Trata-se de uma comunidade vulnerável à pandemia tal como os próprios malawianos. Basta recordar que, segundo as estatísticas, apenas onze por cento dos dezoito milhões de malawianos lavam as mãos com água e sabão.

 

Com a eclosão da pandemia, a nova eleição presidencial remarcada para dois de Julho poderá ser adiada. A nova eleição presidencial foi sancionada pelo Tribunal Constitucional a três de Fevereiro, depois de anular a anterior realizada a 19 de Maio do ano passado por diversas irregularidades. Os juízes do tribunal decidiram por unanimidade que a nova eleição deveria ter lugar dentro de cento e cinquenta dias contados a partir do dia três de Fevereiro.

 

Diferentemente de outros estados-membros da SADC, Zâmbia e Zimbabwe dão sinais de cumprimento de missão e de solidariedade interna.  No Zimbabwe, as universidades públicas e as empresas locais aumentaram a produção de medicamentos e materiais necessários no combate à Covid-19, à medida que o governo intensifica os esforços para conter a propagação do coronavírus.

 

As Forças de Defesa do Zimbabwe (ZDF) aderiram à produção de máscaras faciais. A ministra dos Serviços de Informação, Publicidade e Radiodifusão, Monica Mutsvangwa, disse que as instituições terciárias continuam sendo a luz brilhante no momento em que o país precisa de todas as mãos para combater a propagação do coronavírus.

 

“A Universidade do Zimbabwe iniciou a produção de equipamentos de protecção individual. O aumento da oferta de etanol fará com que a Universidade aumente a sua produção diária para 4.000 litros de desinfectantes de mãos para 5.000 por dia. A Great Zimbabwe University também embarcou e produzirá desinfectantes para as mãos”, disse a ministra.

 

Espera-se que as Forças de Defesa do Zimbabwe produzam 40.000 máscaras até ao final desta semana. As máscaras serão usadas pelas Forças de Segurança no desempenho de suas actividades durante o bloqueio total. 

 

As forças de Defesa também vão produzir 40.000 litros de desinfectantes para as mãos até ao fim-da-semana.

 

A Polícia da República do Zimbabwe também confirmou a sua capacidade e disponibilidade para produzir máscaras faciais e espera-se que comece a produzir em breve. Zimbabwe impôs o bloqueio total por 21 dias desde a passada segunda-feira. Enquanto isso, na Zâmbia 14 médicos oferecem consultas gratuitas. São médicos de várias especialidades que num gesto humanitário decidiram juntar-se à luta contra a pandemia, disponibilizando os seus serviços gratuitamente para os idosos e outros necessitados.

 

Por seu turno, o presidente Edgar Lungu ordenou o recrutamento de 400 médicos e 3.000 paramédicos. O presidente também ordenou que aqueles que estão na linha de frente da luta contra a pandemia recebam incentivos extras para motivá-los. (Faustino Igreja)

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