Apontando o transporte aéreo moçambicano como um dos mais afectados em África, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, sigla em inglês) renovou, recentemente, o seu pedido de medidas de ajuda governamental e de instituições financeiras internacionais à medida que os impactos da crise provocada pela Covid-19 se aprofundam no continente africano.
A IATA diz que a indústria da aviação, em África, está muito afectada pelos efeitos da Covid-19. Analisando as severas restrições de viagens aéreas, o organismo concluiu que as companhias de aviação da região podem perder 6 biliões de USD em receita de passageiros em comparação a 2019.
Em termos de empregos, a Associação calcula que a perda cresça para 3,1 milhões, metade dos 6,2 milhões de empregos relacionados à aviação da região. A fonte perspectiva ainda que o tráfego aéreo de 2020 despenque 51% em comparação com 2019 e o Produto Interno Bruto (PIB), apoiado pela aviação na região, caia de 56 biliões de USD para 28 biliões de USD.
Num relatório publicado há dias, a IATA revela que, dos 54 países africanos, pelo menos 10 estão severamente afectados. Desses 10, o organismo avança que Moçambique é dos mais afectados. Relata que no país o impacto na procura da aviação deverá ser de 0,7 milhões a menos de passageiros, resultando numa perda de receita de 0,13 bilião de USD, arriscando 126.400 empregos e 0,2 bilião de USD em contribuição para a economia do país.
Dos 10 países, consta ainda a África do Sul, Nigéria, Etiópia e Cabo Verde em que os prejuízos atingem os 4.64 biliões de USD em receita das companhias. Internamente, importa salientar que, no início de Abril passado, a empresa Aeroportos de Moçambique disse registar perdas de 2 milhões de USD em receitas por mês, com o cancelamento de perto de dezena de voos internacionais, grande parte realizada por companhias estrangeiras e, por consequência, diminuição drástica da demanda do transporte aéreo, tendo em finais de Março último a procura caído de 172 mil para 88 mil passageiros.
A companhia de bandeira, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), veio a público também, há dias, reportar que o impacto da Covid-19 terá levado ao cancelamento de pouco mais de 200 voos mensais, facto que está a deixar cada vez mais vermelhas as contas da empresa.
Para minimizar o impacto nos empregos e na economia africana em geral, a Associação diz ser vital que os governos intensifiquem seus esforços para ajudar a indústria de aviação. “A IATA está pedindo uma mistura de apoio financeiro directo, empréstimos, garantias de empréstimos e suporte ao mercado de títulos corporativos e isenção fiscal. A IATA também apela aos bancos de desenvolvimento e outras fontes de financiamento para apoiar os sectores de transporte aéreo da África que estão agora à beira do colapso”, lê-se num artigo publicado no site da Associação. (Evaristo Chilingue)