Com base em informações que têm sido partilhadas por diferentes membros do Executivo, constata-se que as linhas de financiamento de 1 bilião de Meticais a serem geridos pelo Banco Nacional de Investimento (BNI) e 600 milhões de Meticais do Fundo do Instituto Nacional de Segurança Social (NISS) ainda estão longe de beneficiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) mergulhadas na crise pandémica.
A constatação surge do facto de, em cada aparição pública, os membros do Governo, ao invés de facultar dados actuais, nomeadamente de como e, principalmente, quando as linhas serão disponibilizadas, fazem discursos repetitivos sobre a existência desses fundos, um assunto anunciado (e sobejamente conhecido pelos empresários), há mais de um mês pelo Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
Uma das mais recentes aparições, havida esta quinta-feira (18), é do Director dos Estudos Económicos e Financeiros no Ministério da Economia e Finanças, Vasco Nabinde. Falando no distrito de Marracuene, província de Maputo, durante a Conferência Científica sobre Covid-19 em Moçambique, Nabinde, para além de (re)anunciar a linha de 1 bilião de Meticais (como uma das várias medidas tomadas pelo Governo para apoiar a economia) e explicar que os créditos a serem concedidos nessa verba terão uma taxa de juro entre 7% a 8%, nada mais disse. Omitiu os critérios de acesso e principalmente a data da disponibilização da verba no BNI.
Outra governante que faz discursos repetitivos é a Ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa. Nas primeiras duas semanas de Junho corrente, Talapa visitou respectivamente, a província de Nampula e Cabo Delgado. Durante as suas deslocações, não se esquecia de propalar a existência dos 600 milhões de Meticais do Fundo do INSS para apoiar as PME, a uma taxa de juro de 4%. Todavia, não dizia quando a linha de financiamento será efectivamente disponibilizada aos agentes económicos.
Perante esses factos, constata-se que as linhas ainda estão longe de beneficiar os empresários que, agora, alguns nem impostos ao Estado conseguem pagar, para não falar de salários aos trabalhadores. Outros viram as suas empresas a fecharem definitivamente por efeitos da Covid-19.
Face à preocupação dos empresários, é preciso que o Governo actualize os discursos, pois, aos agentes económicos, importa, 33 dias depois do anúncio das linhas, saber como e quando podem ter acesso aos financiamentos. A classe empresarial exige que o Executivo seja mais célere, pragmático e menos propagandístico no desembolso dessas linhas. (Evaristo Chilingue)