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terça-feira, 23 junho 2020 06:55

Empresário diz que negócio de exportações vai demorar reerguer-se

O carvão mineral, alumínio, tabaco são alguns dos vários produtos que Moçambique comercializa com outros países, principalmente da Ásia e Europa. Devido à falta de mercado por efeitos da crise pandémica, o empresário e Presidente do Pelouro da Política Fiscal, Aduaneira e Comércio Internacional na Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Kekobad Patel, diz que o negócio de exportação daqueles e demais produtos está afectado.

 

Além disso, Patel, que também integra a administração da Mozambique Community Network (MCNet), empresa que gere a Janela Única Electrónica (JUE), prevê que o negócio das exportações demore reerguer-se, após as empresas baixarem significativamente a produção e exportação face às incertezas impostas pela crise provocada pela Covid-19.

 

Em entrevista concedida à “Carta”, o empresário anotou que, estando afectadas as exportações, está também prejudicada a arrecadação de receitas para o Estado, provenientes do fluxo do negócio. Acrescentou que a JUE já mostra evidências desses prejuízos.

 

“O impacto é evidente na JUE. Naturalmente que, se as empresas não estão a funcionar, também não estão a exportar e, quando isso acontece, quer dizer que não há receitas para o Estado. Numa análise dos últimos dois meses, em comparação com igual período do ano passado, a queda na arrecadação de receitas é de menos 35% e idem em relação às importações”, afirmou a fonte, sem precisar números absolutos.

 

Segundo Patel, a redução das exportações irá contribuir para a contínua desvalorização da moeda nacional, o Metical, face às outras moedas com destaque para o Dólar e, por consequência, os preços de mercadorias importadas vão subir, o que agrava, em última análise, o custo de vida.

 

Em relação ao futuro do negócio de exportações, em plena pandemia, o nosso entrevistado mostrou reservas, pelo facto de o processo de levantamento de restrições/reactivação das economias nos países que consomem os nossos produtos, acontecer de forma gradual.

 

Além disso, “suponhamos que por qualquer motivo venha mais uma onda de infecções, esses países vão fechar. A China, por exemplo, está a registar mais infecções, novamente, e ainda não sabe qual vai ser a expansão do vírus. Mas, se for maior e voltar a fechar como vai ser? Portanto, há aqui uma série de questões que precisam de ser analisadas”, afirmou a fonte.

 

Sem mercado externo, Patel diz ser altura para desenvolver o mercado nacional, nomeadamente, assegurar-se a produção e distribuição interna, principalmente de produtos agrícolas para evitarmos a dependência pelas exportações. No entender do nosso interlocutor, para que esse desiderato se materialize, é preciso pôr-se as empresas a funcionarem. E, para que as empresas funcionem, recordou a importância do apoio prático (e não verbal) do Governo.

 

Para que o Governo possa cobrar os impostos, “que as medidas anunciadas, para o apoio às empresas, sejam de facto implementadas e com celeridade”, concluiu Patel. (Evaristo Chilingue)

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