Uma pesquisa, levada a cabo pelo Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), revela que o Investimento Directo Estrangeiro (IDE) tende a diminuir nos últimos seis anos.
Intitulada “Investimento Directo Estrangeiro e o Desenvolvimento Sócio-económico de Moçambique: Dinâmicas, Tensões e Desafios”, a pesquisa faz uma análise do IDE atraído pelo país, desde 2009 a 2019.
Numa perspectiva comparativa, a análise mostra que se, em 2005, o IDE atraído foi quase igual a zero, em 2009, começou a crescer para cerca de um bilião de USD. Nos anos seguintes, a análise encabeçada pelo pesquisador Michael Sambo revela que o IDE, principalmente destinado ao sector extractivo, foi crescendo exponencialmente, tendo, em 2013, atingido o nível mais alto, ao apresentar um montante de cerca de 6.5 biliões de USD investidos em Moçambique.
Entretanto, de 2013 a 2019, a pesquisa, que se baseia em dados do Banco de Moçambique, avança que o IDE tendeu a cair drasticamente. Se, em 2013, aproximava-se aos 7 biliões de USD, em 2017, a análise mostra que o IDE caiu para cerca de metade, ou seja, 3.5 biliões de USD. Em 2018, porém, o IDE em Moçambique recuperou para cerca 4 biliões de USD, mas no ano seguinte, 2019, voltou a cair para níveis abaixo de 3.5 biliões de USD.
Porém, durante a sua apresentação, no seminário virtual que teve lugar na última terça-feira, o pesquisador não deu a conhecer os motivos da tendência decrescente do IDE. Aliás, o seu foco era discutir o impacto do IDE, em Moçambique, um capital que, conforme conclui a pesquisa, não está a contribuir para o desejável desenvolvimento do país, senão criar conflitos entre as empresas exploradoras e comunidades afectadas pelos projectos.
Todavia, pode depreender-se que o clima de insegurança, causado pelos ataques armados na província de Cabo Delgado e no centro do país, esteja a influenciar, em grande medida, a retracção de investimentos para o país. A crise pandémica e a onda de raptos que assola o país há quase 10 anos também influenciam negativamente os investidores estrangeiros a injectar seu capital no país.
Sublinhar que o caso mais recente é o adiamento da Decisão Final de Investimento dos parceiros da Mozambique Rovuma Venture, no projecto Rovuma LNG, em instalação na Bacia do Rovuma, liderado pela multinacional norte-americana, Exxon Mobil.
Com o adiamento desse investimento para uma data ainda incerta, refira-se, Moçambique perde 2 biliões de USD, que poderiam ser absorvidos pelas empresas locais com o fornecimento de bens e serviços ao projecto. (Evaristo Chilingue)