O antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza qualificou, esta quarta-feira, como "terrível" o incêndio no semanário Canal de Moçambique, alegadamente devido a fogo posto, comparando o acto a “um regresso” à falta de liberdade que se viveu no tempo colonial.
"A história [do incêndio] do Canal de Moçambique é terrível, não lutámos pela independência para queimar jornais", afirmou Armando Guebuza.
O antigo chefe de Estado pronunciou-se sobre o caso, em resposta a perguntas de participantes na videoconferência "Vida e Obra de Eduardo Mondlane: O Papel dos jovens na preservação e valorização dos ideais de Eduardo Mondlane".
Enfatizando que "não faz sentido" o ataque a órgãos de comunicação social, o antigo Presidente comparou o incêndio a "um regresso" ao tempo em que o país não era livre. "Nós defendemos a liberdade, um acto daqueles é um regresso a um tempo em que não tínhamos liberdade", sublinhou.
Armando Guebuza foi Presidente de Moçambique entre 2005 e 2015, sendo uma figura história da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, pelo qual ocupou vários cargos no Governo.
Eduardo Mondlane foi o primeiro presidente da Frelimo, desde a fundação da organização em 1962, para a luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português. Eduardo Mondlane foi assassinado num atentado à bomba em 1969, num crime atribuído à PIDE.
As instalações onde funcionam o semanário Canal de Moçambique e o jornal ‘online’ Canal Moz ficaram destruídas no domingo, na sequência de um incêndio que a direcção do semanário atribui a fogo posto. (Lusa)